POLÍCIA CIVIL

Investigação aponta extravio de armas, drogas e dinheiro de delegacia em BH

Servidora pública foi presa e deu entrada em presídio de Ribeirão das Neves na manhã desta segunda-feira (10/11)

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As investigações que baseiam o inquérito policial acerca de Vanessa de Lima Figueiredo, servidora pública presa no domingo (9/11) por suspeita de extravio de mais de 200 armas da 1ª Delegacia de Polícia Civil do Barreiro, no bairro Jardinópolis, indicam que drogas e dinheiro também sumiram da unidade policial. A mulher deu entrada presa na Penitenciária José Abranches Gonçalves, em Ribeirão das Neves (MG), na Grande BH, na manhã desta segunda-feira (10).

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É o que afirma o presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindipol-MG), Wemerson Oliveira. Segundo ele, consta no inquérito policial, que está sob sigilo, a apuração do “sumiço” de armamentos, drogas e dinheiro que deveriam estar sob custódia na delegacia.

“Não tenha dúvida que esse material voltou para as mãos de grupos criminosos, principalmente naquela região do Cabana, comandada pelo Terceiro Comando Puro (TCP)”, comentou. A delegacia está localizada na Rua Solimões, na divisa entre os bairros Jardinópolis e Cabana. “Você chegar e tirar mais de 200 armas de dentro de uma delegacia, não vai passar para cidadão de bem”.

Sucateamento

Em dezembro de 2019, foi aprovada a Lei 13.964, conhecida como Pacote Anticrime, que regulamenta a coleta de vestígios em casos de crime. Com ela, ficou determinado que os estados deveriam criar Centrais de Custódia de Provas e Armamentos, locais seguros e controlados para o armazenamento de armas, drogas e demais materiais apreendidos. Para o presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindipol-MG), Wemerson Oliveira, a situação é fruto de um sucateamento da instituição no estado.

Segundo ele, os objetos recolhidos pelas autoridades policiais deveriam ser armazenados em materiais lacrados, periciados e, assim que liberados, guardados em um novo material lacrado e levados para uma Central de Custódia, onde um servidor ou perito ficaria sob responsabilidade. 

Sem essa central, pessoas que não são policiais civis têm acesso a esses objetos e os materiais podem voltar para as ruas. “Ela não é policial, como um material desse estava sob cautela dela? Há risco para policiais, servidores administrativos e população. Grande parte desses armamentos voltou para a mão de organizações criminosas. Se você pega 200 armas, não vai vender para o cidadão de bem”, comentou o presidente.

“Passados mais de cinco anos, o governo de Minas Gerais ainda não implementou a central de custódia, expondo as delegacias a sérios riscos e criando brechas para irregularidades e crimes. Em várias unidades, armas, drogas, dinheiro e outros objetos permanecem armazenados em espaços improvisados, sem controle eletrônico, sem vigilância adequada e muitas vezes sob responsabilidade de servidores sobrecarregados e mal remunerados”, afirma trecho de material divulgado pela Sindipol-MG.

Investigações

As investigações começaram depois que uma arma que deveria estar sob custódia na delegacia foi apreendida em uma operação policial. No final de semana, a Polícia Civil afirmou que a apuração está em estágio avançado e não há informações sobre o envolvimento de organização criminosa nos fatos. A defesa da servidora também afirma que o extravio não tem relação com facções. 

Segundo o delegado-geral da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), Rômulo Guimarães Dias, as armas desaparecidas são de “baixo calibre” ou “obsoletas”, não sendo mais utilizadas no serviço ativo ou cujas munições não são mais produzidas comercialmente.

A servidora concursada, que atua desde 2014 na Polícia Civil (PC), é investigada pela Corregedoria-Geral da PC por possível crime de peculato em razão de extravio de objetos da sala de acautelamento de materiais da 1ª Delegacia de Polícia Civil do Barreiro. Investigações apontam que a mulher, que não é policial, era a única pessoa que tinha acesso ao armamento.

No mesmo dia em que foi presa, dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos, na casa onde morava e na casa dos pais. Além do caso de extravio, ela também é alvo de um procedimento de correição administrativa para a apuração de todas as irregularidades constatadas, de acordo com o delegado Aloísio Daniel Fagundes, chefe de Comunicação da PCMG.

Prisão arbitrária

Em conversa com o Estado de Minas, o advogado de defesa de Vanessa, Lucas Furtado, afirmou que a prisão dela foi arbitrária e premeditada. “A defesa não se opõe à busca e apreensão para investigação e informa que nenhum material ilícito foi encontrado na casa de Vanessa e na dos pais”, afirmou.

Parte do que foi utilizado para justificar a prisão da servidora foram imagens de câmeras de segurança que supostamente mostram a mulher segurando uma bolsa com o armamento. Para a defesa dela, porém, as imagens são inconclusivas e não têm capacidade de vincular a cliente no caso de extravio.

“Em todas as imagens, que são de frente à delegacia, ela porta uma bolsa clara que é a de uso dela. Ela entra e sai em horários normais com a mesma bolsa. Foi veiculado que dava pra ver as armas e nada disso apareceu nos autos, nem para a defesa ou para a acusação”, afirmou Furtado.

Questionada sobre os novos objetos, a Polícia Civil afirmou que novas informações só serão divulgadas com a conclusão do inquérito.

Procedimento estético

Um dos pontos da investigação é a apuração de que Vanessa tenha usado um dinheiro recebido pela revenda desse material para a realização de procedimentos estéticos. “Ela fez um procedimento estético, de fato, mas completamente compatível com a renda dela”, afirmou Furtado. Segundo ele, a servidora tinha o salário de aproximadamente R$ 8 mil e tinha uma “vida comum”.

“Ela não tinha nem nome para financiar carro. Ela tem um Onix, que está financiado no nome do pai. O apartamento que ela mora também é financiado. Ela não tem um padrão de vida compatível com alguém que de fato tenha extraviado 200 armas de fogo”, afirmou a defesa.

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A defesa irá atuar na audiência de custódia, amanhã. Segundo o advogado, a reclusão em penitenciária é desproporcional ao crime de peculato e às provas do inquérito policial que, no seu ponto de vista, está em fase incipiente. “Ela [Vanessa] pode colaborar com a Justiça com medidas cautelares, com restrição de horário e afastamento dos locais dos fatos. Ela tem trabalho lícito, não tem passagem criminal, nenhum desvio de conduta. Na audiência de custódia vamos tratar questões processuais em defesa da liberdade de Vanessa”, disse.

A Secretaria de Planejamento do Estado de Minas Gerais foi procurada para um posicionamento sobre o caso e a reportagem aguarda retorno.

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