SAUDADE

Momento de fé e recordação: dia de Finados em BH tem missa de Dom Walmor

Arcebispo de Belo Horizonte presidiu celebração no cemitério Parque da Colina, na Região Oeste da capital

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É tempo de reverenciar quem já se foi. O Dia de Finados na capital tem programação em cemitérios, santuários e paróquias da Arquidiocese de Belo Horizonte. O arcebispo Dom Walmor Oliveira de Azevedo presidiu a Celebração Eucarística no cemitério Parque da Colina, no Bairro Nova Cintra, na Região Oeste de Belo Horizonte, na manhã deste domingo, 02/11.

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Entre esse sábado (1/11) e o fim deste domingo (2/11), o cemitério deve receber 10 mil pessoas, conforme a administração. Além da homilia de Dom Walmor, outra missa aconteceu às 8h e a próxima é marcada para 14h. Na tenda montada para as celebrações, o espaço de 250 lugares não foi suficiente para acomodar as pessoas que foram se lembrar dos entes queridos.

"A dor da morte é sempre muito pesada e desafiadora. Podemos fortalecer-nos e vencer essa dor na fé em Cristo ressuscitado. Morreremos todos, mas não permaneceremos na morte. Por Ele e com Ele venceremos. Essa é a nossa esperança e a nossa consolação", disse o arcebispo.

Para Dom Walmor, a mensagem do momento é que a morte é certa para todos, assim chamados a respeitar e promover a justiça, defendendo a dignidade de toda pessoa humana
Para Dom Walmor, a mensagem do momento é que a morte é certa para todos, assim chamados a respeitar e promover a justiça, defendendo a dignidade de toda pessoa humana Alexandre GUzanshe/EM/DA Press

Para Dom Walmor, a mensagem do momento é que a morte é certa para todos, assim somos chamados a respeitar e promover a justiça, defendendo a dignidade de toda pessoa humana. "Esse é o nosso caminho e nossa fé. Para nós que ficamos, o grande compromisso é viver a vida com dignidade, com amor e respeito. Esse é a grande mensagem", completou.

Para o CEO do Grupo Zelo que administra o Parque Colina, e outros cemitérios em Minas Gerais no Brasil, Lucas Provenza, essa é uma data que exige programação com alguns meses de antecedência. Segundo ele, a preparação envolve a análise e o aprendizado de anos anteriores, visando aprimorar os serviços, especialmente em pontos sensíveis para os visitantes.

“São pequenos detalhes e aspectos que procuramos melhorar a cada ano." Um dos focos, conforme Lucas, é de melhoria quanto à localização dos jazigos. "Este ano, buscamos fazer um trabalho em conjunto com as prefeituras para auxiliar nessa parte de localização", destacou. O esforço resultou na implementação de bases de dados e tecnologia para simplificar a experiência dos visitantes em um dia de alta afluência, em um sentido de acolhimento.

“É uma data importante para recordarmos das pessoas queridas que conviveram conosco e estiveram ao nosso lado. E nós, que trabalhamos nesse setor, queremos transformar essas lembranças em algo especial, com o máximo conforto para as famílias que visitam seus entes queridos”, explica.

Saudade

A contadora Silvânia Fortunato Marra, de 48 anos, visitava o túmulo de seu pai, Tarcísio, falecido em 1992, em decorrência de um infarto, aos 47 anos. Ela estava acompanhada da mãe, Luzia, do marido, Jeverton, e das três filhas, Mariana, de 5, Catarina, de 9, e Letícia, de 10.

Católica, Silvânia fala sobre o significado do Dia de Finados para ela e sua família. "Falo pela minha fé. Acredito na vida eterna, e que aqui na Terra a gente vive uma passagem". Ela ressalta a importância de levar uma vida virtuosa, em busca de um propósito maior. "Temos que fazer coisas boas." Silvânia visita o túmulo do pai todo ano, e o sentimento não é de tristeza, mas de esperança. "Foi triste quando eu vim aqui sepultar o meu pai, só que com o tempo tornou-se esperança na vida eterna."

'Acredito na vida eterna, e que aqui na Terra a gente vive uma passagem' - Silvânia Fortunato Marra, ao lado da mãe e das três filhas
"Acredito na vida eterna, e que aqui na Terra a gente vive uma passagem" - Silvânia Fortunato Marra, ao lado da mãe e das três filhas Alexandre Guzanshe/EM/DA Press

Casados há 36 anos, a aposentada Maria Teresa de Cabanillas D'Ávila, de 64 anos, e o representante José Lopes de Medeiros Filho, de 61, compartilhavam um instante de recordação. Eles visitavam o jazigo onde repousa a família. “Aqui está minha família. Meu pai, minha mãe, minhas tias e um tio. Todos vindos da Espanha", explicou Maria Teresa.

Jazigo da família D'Ávila está no cemitério desde a década de 1970. Maria Teresa de Cabanillas D'Ávila e o marido José Lopes de Medeiros Filho, compartilhavam um instante de recordação
Jazigo da família D'Ávila está no cemitério desde a década de 1970. Maria Teresa de Cabanillas D'Ávila e o marido José Lopes de Medeiros Filho, compartilhavam um instante de recordação Alexandre Guzanshe/EM/DA Press

O jazigo da família D'Ávila abriga parentes mortos em diferentes épocas. O falecimento mais antigo aconteceu em 1973, com a partida do tio de Maria Teresa, Francisco. Mais recentemente, ela perdeu a mãe, Domnina, em 2014, e uma tia, Clara, em 2021. O pai, Antônio, falecido em 1999, e outra tia Ofélia, que morreu em 1995, também são lembrados.

O casal, de Belo Horizonte, tem o hábito de visitar o cemitério anualmente, especificamente no Dia de Finados. Para Maria Teresa, o tempo é de saudade eterna. "A gente vem aqui para conversar e orar por eles. Apesar de fazermos isso diariamente, hoje é um dia especial, é o dia deles. Então, a gente vem para matar a saudade.” Para José, a morte não é o fim de nada, mas o começo de tudo. "A hora é de prestar uma homenagem àqueles que se foram antes de nós, para que possamos reencontrá-los também.”

A assistente social Lúcia Aparecida do Nascimento, de 53 anos, visitava o túmulo de sua mãe, Judit Maria do Nascimento, falecida há cinco anos. Moradora da capital mineira, ela é uma dos três filhos de Judit, e faz questão de ir ao cemitério anualmente nesta data para prestar sua homenagem.

"Ela faleceu com 81 anos. Teve diabetes, que evoluiu para uma doença de pele grave e levou à amputação." O período de doença foi longo e exigiu dedicação familiar. "Ficamos mais ou menos cinco anos cuidando dela", conta.

Apesar do tempo, a visita ao túmulo ainda carrega um peso emocional. "Ainda é sofrido. Minha mãe sofreu muito com a doença, e eu acho que a marca que a doença deixou é muito forte. Meu irmão também está com diabetes, então, ainda é difícil", diz a assistente social.

No entanto, a dor da perda caminha junto da fé. Lúcia manifesta sua crença na ressurreição. "Eu acredito que a morte não pode vencer essa vida. Acredito que ela vai ter uma nova chance, que ela vai voltar para nós, que ela vai nascer conosco novamente."

A mãe da assistente social Lúcia Aparecida do Nascimento morrei devido a complicações da diabetes
A mãe da assistente social Lúcia Aparecida do Nascimento morrei devido a complicações da diabetes Alexandre GUzanshe/EM/DA Press

Cássia Soares dos Santos, de 85 anos, antiga profissional de enfermagem, é natural de Goiás, mas vive em Belo Horizonte há muito tempo. Sua visita ao cemitério se estende a "vários parentes e inclusive amigos", disse, e a peregrinação, no entanto, transcende a simples lembrança.

Cássia Soares dos Santos visitava o cemitério onde estão vários parentes e amigos
Cássia Soares dos Santos visitava o cemitério onde estão vários parentes e amigos Alexandre Guzanshe/EM/DA Press

"Para mim, é um momento de graça. Hoje é o dia de relembrar os nossos antepassados, os finados, rezar por eles para que Deus lhes conceda o descanso eterno na casa do Pai". Moradora do Calafate e frequentadora da paróquia no bairro, Cássia diz que a oração é a motivação principal para estar na Colina.

Em meio à movimentação do Dia de Finados, os cemitérios se tornam palco de homenagens e reflexões. No Parque da Colina, a Barca da Saudade, montada ao lado da tenda destinada às missas, celebra a memória de cinco famílias com histórias ligadas ao cemitério.

Uma delas é a família de Odete Cândida de Freitas, mãe de nove filhos, que partiu há dois anos. A servidora pública Lucileide de Freitas, de 52 anos, as irmãs Maria Conceição e Lucimar, esperavam os outros filhos de Tuquinha, como era carinhosamente chamada, para lembrar a senhora. A relação da família com o cemitério é intensa. A visita, geralmente a cada mês ou a cada dois meses, é especialmente dedicada à memória da mãe, que foi a primeira pessoa entre os familiares a ser sepultada no local.

Odete faleceu aos 97 anos, e Lucileide descreve a morte como um momento de paz. "Ela morreu de forma muito serena, na cozinha de nossa casa, logo após tomar café. Foi um momento de muita tranquilidade", afirmou a filha.

As irmãs Maria Conceição, Lucileide e Lucimar foram ao cemitério homenagear a mãe
As irmãs Maria Conceição, Lucileide e Lucimar foram ao cemitério homenagear a mãe Alexandre GUzanshe/EM/DA Press

Para Lucileide, o dia é marcado pela saudade, mas não pela dor. "A saudade está no nosso coração todos os dias. Com dor, jamais. Ela sempre nos ensinou sobre a fé, que a vida não acaba aqui, que continua lá em cima, ao lado de Deus, de Nossa Senhora, da Virgem Maria e dos Santos Anjos."

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Na Catedral Cristo Rei, no Bairro Juliana, a celebração de Finados começou às 8h e a última missa deste domingo será às 15h30. As missas também ocorrem nos cemitérios da Paz, Saudade, Consolação, Bonfim e Glória.

Momento é de fé
Momento é de fé Alexandre Guzanshe/EM/DA Press

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