Momento de fé e recordação: dia de Finados em BH tem missa de Dom Walmor
Arcebispo de Belo Horizonte presidiu celebração no cemitério Parque da Colina, na Região Oeste da capital
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É tempo de reverenciar quem já se foi. O Dia de Finados na capital tem programação em cemitérios, santuários e paróquias da Arquidiocese de Belo Horizonte. O arcebispo Dom Walmor Oliveira de Azevedo presidiu a Celebração Eucarística no cemitério Parque da Colina, no Bairro Nova Cintra, na Região Oeste de Belo Horizonte, na manhã deste domingo, 02/11.
Entre esse sábado (1/11) e o fim deste domingo (2/11), o cemitério deve receber 10 mil pessoas, conforme a administração. Além da homilia de Dom Walmor, outra missa aconteceu às 8h e a próxima é marcada para 14h. Na tenda montada para as celebrações, o espaço de 250 lugares não foi suficiente para acomodar as pessoas que foram se lembrar dos entes queridos.
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"A dor da morte é sempre muito pesada e desafiadora. Podemos fortalecer-nos e vencer essa dor na fé em Cristo ressuscitado. Morreremos todos, mas não permaneceremos na morte. Por Ele e com Ele venceremos. Essa é a nossa esperança e a nossa consolação", disse o arcebispo.
Para Dom Walmor, a mensagem do momento é que a morte é certa para todos, assim somos chamados a respeitar e promover a justiça, defendendo a dignidade de toda pessoa humana. "Esse é o nosso caminho e nossa fé. Para nós que ficamos, o grande compromisso é viver a vida com dignidade, com amor e respeito. Esse é a grande mensagem", completou.
Para o CEO do Grupo Zelo que administra o Parque Colina, e outros cemitérios em Minas Gerais no Brasil, Lucas Provenza, essa é uma data que exige programação com alguns meses de antecedência. Segundo ele, a preparação envolve a análise e o aprendizado de anos anteriores, visando aprimorar os serviços, especialmente em pontos sensíveis para os visitantes.
“São pequenos detalhes e aspectos que procuramos melhorar a cada ano." Um dos focos, conforme Lucas, é de melhoria quanto à localização dos jazigos. "Este ano, buscamos fazer um trabalho em conjunto com as prefeituras para auxiliar nessa parte de localização", destacou. O esforço resultou na implementação de bases de dados e tecnologia para simplificar a experiência dos visitantes em um dia de alta afluência, em um sentido de acolhimento.
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“É uma data importante para recordarmos das pessoas queridas que conviveram conosco e estiveram ao nosso lado. E nós, que trabalhamos nesse setor, queremos transformar essas lembranças em algo especial, com o máximo conforto para as famílias que visitam seus entes queridos”, explica.
Saudade
A contadora Silvânia Fortunato Marra, de 48 anos, visitava o túmulo de seu pai, Tarcísio, falecido em 1992, em decorrência de um infarto, aos 47 anos. Ela estava acompanhada da mãe, Luzia, do marido, Jeverton, e das três filhas, Mariana, de 5, Catarina, de 9, e Letícia, de 10.
Católica, Silvânia fala sobre o significado do Dia de Finados para ela e sua família. "Falo pela minha fé. Acredito na vida eterna, e que aqui na Terra a gente vive uma passagem". Ela ressalta a importância de levar uma vida virtuosa, em busca de um propósito maior. "Temos que fazer coisas boas." Silvânia visita o túmulo do pai todo ano, e o sentimento não é de tristeza, mas de esperança. "Foi triste quando eu vim aqui sepultar o meu pai, só que com o tempo tornou-se esperança na vida eterna."
Casados há 36 anos, a aposentada Maria Teresa de Cabanillas D'Ávila, de 64 anos, e o representante José Lopes de Medeiros Filho, de 61, compartilhavam um instante de recordação. Eles visitavam o jazigo onde repousa a família. “Aqui está minha família. Meu pai, minha mãe, minhas tias e um tio. Todos vindos da Espanha", explicou Maria Teresa.
O jazigo da família D'Ávila abriga parentes mortos em diferentes épocas. O falecimento mais antigo aconteceu em 1973, com a partida do tio de Maria Teresa, Francisco. Mais recentemente, ela perdeu a mãe, Domnina, em 2014, e uma tia, Clara, em 2021. O pai, Antônio, falecido em 1999, e outra tia Ofélia, que morreu em 1995, também são lembrados.
O casal, de Belo Horizonte, tem o hábito de visitar o cemitério anualmente, especificamente no Dia de Finados. Para Maria Teresa, o tempo é de saudade eterna. "A gente vem aqui para conversar e orar por eles. Apesar de fazermos isso diariamente, hoje é um dia especial, é o dia deles. Então, a gente vem para matar a saudade.” Para José, a morte não é o fim de nada, mas o começo de tudo. "A hora é de prestar uma homenagem àqueles que se foram antes de nós, para que possamos reencontrá-los também.”
A assistente social Lúcia Aparecida do Nascimento, de 53 anos, visitava o túmulo de sua mãe, Judit Maria do Nascimento, falecida há cinco anos. Moradora da capital mineira, ela é uma dos três filhos de Judit, e faz questão de ir ao cemitério anualmente nesta data para prestar sua homenagem.
"Ela faleceu com 81 anos. Teve diabetes, que evoluiu para uma doença de pele grave e levou à amputação." O período de doença foi longo e exigiu dedicação familiar. "Ficamos mais ou menos cinco anos cuidando dela", conta.
Apesar do tempo, a visita ao túmulo ainda carrega um peso emocional. "Ainda é sofrido. Minha mãe sofreu muito com a doença, e eu acho que a marca que a doença deixou é muito forte. Meu irmão também está com diabetes, então, ainda é difícil", diz a assistente social.
No entanto, a dor da perda caminha junto da fé. Lúcia manifesta sua crença na ressurreição. "Eu acredito que a morte não pode vencer essa vida. Acredito que ela vai ter uma nova chance, que ela vai voltar para nós, que ela vai nascer conosco novamente."
Cássia Soares dos Santos, de 85 anos, antiga profissional de enfermagem, é natural de Goiás, mas vive em Belo Horizonte há muito tempo. Sua visita ao cemitério se estende a "vários parentes e inclusive amigos", disse, e a peregrinação, no entanto, transcende a simples lembrança.
"Para mim, é um momento de graça. Hoje é o dia de relembrar os nossos antepassados, os finados, rezar por eles para que Deus lhes conceda o descanso eterno na casa do Pai". Moradora do Calafate e frequentadora da paróquia no bairro, Cássia diz que a oração é a motivação principal para estar na Colina.
Em meio à movimentação do Dia de Finados, os cemitérios se tornam palco de homenagens e reflexões. No Parque da Colina, a Barca da Saudade, montada ao lado da tenda destinada às missas, celebra a memória de cinco famílias com histórias ligadas ao cemitério.
Uma delas é a família de Odete Cândida de Freitas, mãe de nove filhos, que partiu há dois anos. A servidora pública Lucileide de Freitas, de 52 anos, as irmãs Maria Conceição e Lucimar, esperavam os outros filhos de Tuquinha, como era carinhosamente chamada, para lembrar a senhora. A relação da família com o cemitério é intensa. A visita, geralmente a cada mês ou a cada dois meses, é especialmente dedicada à memória da mãe, que foi a primeira pessoa entre os familiares a ser sepultada no local.
Odete faleceu aos 97 anos, e Lucileide descreve a morte como um momento de paz. "Ela morreu de forma muito serena, na cozinha de nossa casa, logo após tomar café. Foi um momento de muita tranquilidade", afirmou a filha.
Para Lucileide, o dia é marcado pela saudade, mas não pela dor. "A saudade está no nosso coração todos os dias. Com dor, jamais. Ela sempre nos ensinou sobre a fé, que a vida não acaba aqui, que continua lá em cima, ao lado de Deus, de Nossa Senhora, da Virgem Maria e dos Santos Anjos."
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Na Catedral Cristo Rei, no Bairro Juliana, a celebração de Finados começou às 8h e a última missa deste domingo será às 15h30. As missas também ocorrem nos cemitérios da Paz, Saudade, Consolação, Bonfim e Glória.