“Ele fazia o que amava. Ele foi assassinado fazendo o que amava”, disse, emocionada, Liliane França da Silva, viúva do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos. Vestindo o uniforme do trabalhador, ela está no sepultamento do marido na tarde desta terça-feira (12/8), no Cemitério Bom Jesus, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Laudemir foi morto a tiro enquanto trabalhava no Bairro Vista Alegre, Região Oeste da capital mineira, nessa segunda-feira (11/8).
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“O Lau é trabalhador, levantava duas e meia da manhã, podia ser com sol ou com chuva, ele estava lá, vestindo essa roupa para fazer o serviço dele com muito gosto, nunca reclamou de nada. Passou várias humilhações, já machucou, mas isso nunca impediu ele de levantar de manhã para ir trabalhar e chegar em casa todo feliz. Esse era o Laudemir”, contou Liliane, emocionada.
Em entrevista ao Estado de Minas, a viúva disse que o marido era apaziguador e por isso não imaginava que ele poderia ser morto no trabalho. Liliane afirmou ainda que vai lutar por justiça. O velório e o sepultamento de Laudemir de Souza Fernandes, ambos nesta terça-feira (12/8), também foram marcados por revolta e clamor para que o suspeito do crime responda pelo que fez.
Suspeito
O suspeito de cometer o crime é Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, que era vice-presidente de vendas em uma empresa no ramo alimentício e marido da delegada da Polícia Civil de Minas Gerais Ana Paula Balbino Nogueira. Em seu perfil do Instagram, que foi desativado poucas horas após a prisão, ele se descrevia, em inglês, como "cristão, esposo, pai e patriota."
Renê foi preso pela Polícia Militar e encaminhado para o Ceresp Gameleira depois de ter prestado depoimento no Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), durante a noite de segunda e madrugada desta terça-feira. O suspeito foi localizado entrando no estacionamento de uma academia na Avenida Raja Gabáglia na tarde dessa segunda, onde foi abordado.
Delegada investigada
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) instaurou um inquérito para investigar a delegada Ana Paula Balbino Nogueira, esposa de Renê da Silva Nogueira Júnior. O calibre da arma utilizada no crime, apreendida pela Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) nessa segunda-feira, é o mesmo de uma arma da servidora.
De acordo com informações do boletim de ocorrência, ao ser abordado adentrando o estacionamento da academia, o suspeito disse à polícia que "não participou do episódio e que sua esposa é delegada da Polícia Civil de Minas Gerais, que o veículo abordado estaria em nome da servidora". Ainda segundo o registro policial, ele teria dito ainda que "a policial teria uma arma de fogo do mesmo calibre da que foi utilizada no homicídio".
O crime
Laudemir foi atingido por um disparo de arma de fogo no abdômen na manhã de segunda-feira. O crime foi registrado na Rua Modestina de Souza, por volta das 8h. Testemunhas relataram que a vítima e seus colegas recolhiam o lixo quando a motorista do caminhão, Eledias Aparecida Rodrigues, de 42 anos, parou e encostou o veículo para que um carro, modelo BYD, pudesse passar.
Nesse momento, o homem teria abaixado a janela e gritado para a motorista que, se alguém encostasse em seu veículo, ele iria matar. Depois das ameaças, os garis, incluindo Laudemir, pediram que o suspeito tivesse calma e o orientaram a seguir o caminho. Mesmo assim, o homem, conforme as testemunhas, desceu do carro alterado e atirou contra eles, atingindo Laudemir.
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A vítima chegou a ser socorrida por populares. Ele foi encaminhado ao Hospital Santa Rita, no Bairro Jardim Industrial, em Contagem, na Região Metropolitana de BH, mas não resistiu.
*Com informações de Edésio Ferreira, Alexandre Carneiro, Ivan Drummond e Nash Castro, da TV Alterosa
