
Lista de cidades em emergência triplica em um mês no estado
Setenta e cinco municípios recorrem a decretos para enfrentar danos provocados pelas chuvas. Hoje, 836 estão em alerta, mas a instabilidade tende a perder força
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Siga noEm um mês, o número de municípios em situação de emergência ou calamidade em decorrência das chuvas mais que triplicou em Minas Gerais. De 23 cidades listadas inicialmente em 16 de dezembro, o estado contabilizou ontem 75 municípios em situação de anormalidade, segundo boletim divulgado pela Defesa Civil estadual. Belo Horizonte e outras 836 cidades do estado estão em alerta para chuvas intensas. A previsão é de enfraquecimento das áreas de instabilidade e a redução dos volumes de chuva nos próximos dias, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Entre as razões para o decreto de situação de emergência ou estado de calamidade pública estão tempestades locais, deslizamento de solo e/ou rocha, além de alagamentos. Vinte seis pessoas morreram em Minas Gerais durante este período chuvoso, que teve início em 27 de setembro. A maioriado óbitos foram em razão de afogamentos ou deslizamentos de terra. O estado registra ainda 378 pessoas desabrigadas e 3.416 desalojadas.
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Segundo dados da Defesa Civil, 10 pessoas morreram em Ipatinga, três perderam a vida em Ipanema e outras duas em Raul Soares, enquanto os municípios de Uberlândia, Maripá de Minas, Coronel Pacheco, Nepomuceno, Capinópolis, Alterosa, Carangola, Tombos, Santana do Paraíso, Glaucilândia e Serro tiveram uma vítima cada.
Ontem, choveu extremamente em Belo Horizonte. Algumas avenidas da capital precisaram ser bloqueadas por risco de alagamento. Foram elas: Vilarinho, em Venda Nova, Heráclito Mourão de Miranda, na Pampulha, por risco de transbordamento do Córrego Ressaca; Francisco Sá, na Região Oeste, por risco do Córrego dos Pintos e a Teresa Cristina, no Barreiro, por risco no Córrego Ferrugem/Arrudas. Um grupo de pessoas que passava pela estação de ônibus do Move, na Avenida Vilarinho, na altura do Bairro Minas Caixa, em Venda Nova, ficou ilhado durante o temporal. Como reflexo, houve engarrafamentos em outras avenidas, como a Antônio Carlos e a Pedro I.
Das 18h às 20h, cinco regionais registraram volumes de chuva superior a 50mm. Na Pampulha, o acumulado chegou a 58mm, que representam 17,5% da média esperada para o mês, de 330,9mm. Também houve chuvas fortes nas regiões Noroeste, 55,4mm (16,7%), na Centro-Sul, com 54,2mm (16,4%), Oeste, 51,6mm (15,6%), Venda Nova, com 51,6mm (15,6%), e Barreiro, com 49,4mm (14,9%).
Na quarta-feira (15/1), fortes chuvas causaram alagamentos e danos em estradas rurais, interdições de vias, queda de energia elétrica e abastecimento de água, em Claro das Poções, no Norte de Minas. O temporal deixou 27 pessoas desalojadas, além de outras três desabrigadas, levando o município a decretar situação de emergência.
Já em Cachoeira de Pajeú, no Vale do Jequitinhonha, as fortes chuvas provocaram o desabamento de uma igreja, o rompimento de barragens e a danificação de várias estradas. Por risco de inundações em razão do grande volume de chuvas, a Defesa Civil retirou preventivamente 15 pessoas de suas casas.
Belo Horizonte e outras 836 cidades de Minas Gerais estão sob alerta de chuva intensa. De acordo com o Inmet, os municípios podem registrar até 50 milímetros (mm) de precipitação, com ventos de até 60km/h. O aviso é válido até as 10h de hoje. O alerta amarelo, de perigo potencial, indica baixo risco de corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores e de alagamentos.
Resgate
Uma idosa, de 72 anos, precisou ser resgatada por um helicóptero da Polícia Militar na Fazenda Braúna Grande, zona rural de Belo Oriente, no Vale do Aço. O local estava ilhado, devido às fortes chuvas que atingem a região.
A mulher tem a saúde frágil e não tinha como ser resgatada pela família, já que as estradas de acesso à fazenda estavam alagadas. Os familiares, então, pediram ajuda da PM. Ela foi levada para Belo Oriente, onde foi acolhida por membros da família.
A barragem do Rio Juramento, que integra o Sistema Rio Verde Grande e é responsável por 50% do abastecimento de água da população de Montes Claros, no Norte de Minas, atingiu 100% de sua capacidade e transbordou na noite de quarta-feira, devido às chuvas intensas nos últimos dias.
De acordo com a Copasa, entre os dias 1º e 15 deste mês, a estação pluviométrica da barragem registrou 168,1 milímetros de chuva na bacia de contribuição da represa, 40% a mais do que o volume do mesmo período do ano passado (119,7 milímetros).
Na noite de terça-feira, por conta dos temporais, o Rio Juramento verteu e inundou grande parte da cidade homônima. O município decretou estado de calamidade pública. O reservatório tinha atingido o volume máximo em 24 de fevereiro do ano passado. Antes disso, a represa transbordou em dezembro de 2013.
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A barragem do Rio Juramento, construída na década de 1980, tem capacidade instalada de 45 milhões de m³. Em outubro de 2015, devido à escassez de chuvas, o nível da represa caiu para apenas 15%. Na ocasião, o reservatório respondia por 65% do abastecimento de Montes Claros. Com a redução do volume hídrico, a Copasa iniciou um racionamento de água na cidade. A construção dos sistemas de captação no Rio Pacuí e no Rio São Francisco permitiram “poupar” a retirada de água da barragem do Rio Juramento.
Segundo o Inmet, as condições meteorológicas hoje são favoráveis ao tempo instável com chuvas mais significativas nas regiões Oeste, Sul e Triângulo. Com o enfraquecimento das áreas de instabilidade atmosféricas o volume de chuva tende a diminuir nas demais regiões do estado. Na capital e Grande BH a tendência é de tempo mais estável. As temperaturas devem se elevar nos próximos dias em todo o estado, e a máxima deve atingir 34°C na Zona da Mata e Jequitinhonha.