
Sargento da PM é preso suspeito de ser informante de traficante
Prisão foi determinada por juiz da 5ª Vara de Tóxicos, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores de Belo Horizonte
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Siga noO sargento da Polícia Militar (PMMG) Charles Henrique Squarcio, de 35 anos, foi preso, em cumprimento de mandado expedido pelo juiz Valter Guilherme Alves Costa, da 5ª Vara de Tóxicos, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores de Belo Horizonte.
O magistrado atendeu a uma solicitação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que denuncia o militar de ser informante de um traficante.
Por meio do Gaeco Central (do Ministério Público), a Operação Êxodo investiga pelo menos 30 pessoas, incluindo o sargento Charles, por tráfico de drogas e organização criminosa.
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Durante as apurações, o Gaeco descobriu que o policial vazava informações para impedir a prisão de um dos investigados, o traficante Rafael Carlos da Silva, vulgo Paraíba. Em troca, o militar recebia vantagem indevida.
O policial está detido no Batalhão da Polícia Militar, no Bairro Prado, na Região Leste de BH, onde aguardará a conclusão das investigações.
A Operação Êxodo
A operação foi desencadeada em novembro de 2024. O objetivo era prender o traficante Rafael. Na ocasião, 14 pessoas foram detidas, mas uma, justamente o alvo principal, conseguiu escapar.
As investigações revelam que o sargento Charles vazou informações ao criminoso.
Rafael seria integrante do Terceiro Comando Puro (TCP), organização criminosa do Rio de Janeiro, que luta por espaço em todo o Brasil com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e com o Comando Vermelho (CV).
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Já há algum tempo que Belo Horizonte e o interior de Minas Gerais são alvo da disputa das três facções criminosas, que buscam dominar o tráfico de drogas em todo o estado.
Os principais alvos em Belo Horizonte são: Aglomerado da Serra, Vila Pau Comeu, Taquaril, Morro das Pedras, Morro do Papagaio e Cabana do Pai Tomaz.
A Vila Pau Comeu, no Bairro São Lucas, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, uma das principais da capital mineira, é hoje um dos maiores pontos de distribuição de drogas.
Segundo o delegado Rodolfo Tadeu Machado, do Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (Denarc), as investigações acontecem há cerca de um ano e meio.
“Existe uma conexão entre as organizações do Pau Comeu e da Serra, sendo que a primeira favela é um local estratégico para o tráfico. Eles modernizaram a distribuição de drogas. Por exemplo, na venda a varejo, o comprador passa por um local, paga pela droga e a recebe em outro ponto da favela. Existe também a venda por delivery, em que motoqueiros fazem a entrega da droga”, diz o policial.
“A inovação acontece também na venda por atacado. Eles vendem porções de 10, 20 e 30 quilos, e as drogas estão estocadas em vários pontos da Grande BH, o que evita que aconteçam grandes apreensões e assim causem um grande prejuízo. Reduziram o risco de prejuízos. Os pontos de estocagem são Betim, Sabará, Contagem, Sagrada Família, Ribeirão das Neves, entre outros”, continua o delegado Rodolfo.
A Vila Pau Comeu é um dos principais pontos de preocupação das Polícias Civil e Militar e o Gaeco, pois as três facções, Comando Vermelho, Terceiro Comando Puro e Primeiro Comando da Capital, estão instaladas e disputam o tráfico e a distribuição de drogas.
Polícia Militar
Por meio de nota, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) "esclarece que a Corregedoria da Instituição, em ação conjunta com o Gaeco, cumpriu mandado de prisão preventiva em desfavor de um policial militar com quem foram apreendidos diversos materiais. A instituição ressalta, ainda, que as demais informações seguem sob sigilo a fim de resguardar a investigação dos fatos”.
Ministério Público
Já o Ministério Público, também por meio de nota, informou que, "nessa quarta-feira, 15 de janeiro, foi preso preventivamente um policial militar envolvido no vazamento de informações sigilosas da operação Êxodo, conduzida pelo Gaeco Central, e que até o momento culminou no oferecimento de denúncia contra mais de 30 pessoas pela prática de crimes de organização criminosa e tráfico de drogas".
Ainda segundo o MP, "o policial, lotado no Gaeco, teria, conforme identificado pelo próprio órgão no curso das referidas investigações, vazado informações que impediram a prisão de um dos alvos da operação, em troca de recebimento de vantagem indevida".
A prisão, de acordo com a nota, foi requerida pelo próprio Gaeco, assim como a ordem de busca e apreensão, ambos cumpridos pelo órgão, com o apoio da Corregedoria da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais.
O Ministério Público de Minas Gerais encerra o texto reafirmando seu compromisso com o combate ao crime organizado "de forma transparente e intransigente, inclusive e especialmente quando envolvidos agentes públicos”.
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