O grupo folclórico fez uma apresentação  na rua e foi acompanhado por centenas de adultos e crianças -  (crédito: Luiz Ribeiro/EM/D.A/Press)

O grupo folclórico fez uma apresentação na rua e foi acompanhado por centenas de adultos e crianças

crédito: Luiz Ribeiro/EM/D.A/Press

O Grupo Folclórico Coquis preserva a tradição da folia de reis há cerca de um século em Rubim (de 10,3 mil habitantes), no Vale do Jequitinhonha. A apresentação do grupo folclórico centenário (também conhecido como “Boi de Janeiro de Coquis”) foi interrompida por uma confusão na noite de quarta-feira (3/1), envolvendo um pastor evangélico.

O grupo folclórico fez uma apresentação na rua, em frente a uma casa, acompanhado por centenas de adultos e crianças. Mas, do outro lado da rua, fica uma igreja evangélica (igreja Pentecostal da Glória e Poder de Deus), onde, no mesmo horário, estaria acontecendo um culto.

Conforme um morador, quando a apresentação já estava terminando, um pastor do templo foi até o local onde estavam os integrantes do grupo folclórico e, muito exaltado, reclamou que eles estavam “provocando barulho” e “atrapalhando” o culto na igreja. Os membros do grupo de folia de reis reagiram contra a argumentação do pastor.

Houve bate-boca e os ânimos se exaltaram. Com a chegada da Polícia Militar ao local, o imbróglio foi encerrado e o grupo Coquis seguiu o seu cortejo.

Importância histórica e cultural

A pedagoga Alba Valéria Freita Dutra, de Rubim, relata que pesquisou a história e a riqueza cultural do Grupo Folclórico Coquis ao concluir mestrado em educação na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). A dissertação do curso foi “O Boi de Janeiro na Folia de Reis dos Coquis: relações (im) possíveis com as práticas escolares”.

A pesquisadora salienta que o grupo Coquis tem cerca de 100 anos de existência e tem a sua formação focada essencialmente na cultura negra no Vale do Jequitinhonha. Ela destaca que os coquis mantêm uma manifestação folclórica de grande importância, atuando diretamente na formação das crianças da região.

Alba Valéria explica que o grupo dos Coquis de Rubim tem cerca de 35 integrantes, entre homens e mulheres, todos negros, que desfilam com suas indumentárias características. As mulheres usam camisetas e saias de chita, representando as pastorinhas.

Além dos dançantes e das pessoas que tocam os instrumentos, informa Alba Valéria, o grupo dos Coquis conta com representações de figuras e personagens, entre os quais se destacam: o “Boi”, o “Bate na Cara” (homem mascarado com uma “cuia”, a “Maria Manteiga” (figura de uma boneca) e “Lobinha de Ouro”.

A Associação Folclórica Coquis (nome oficial do grupo) se apresenta em Rubim no período de 31 de dezembro a 6 de janeiro, época das manifestações da Folia de Reis em diferentes partes do Brasil.