Maior grupo devedor do país vira alvo de operação em MG
Receita Federal cumpre 126 mandados contra esquema de sonegação e lavagem no setor de combustíveis; prejuízo chega a R$ 26 bilhões
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A Receita Federal, em conjunto com órgãos parceiros, deflagrou nesta quinta-feira (27/11) a Operação Poço de Lobato, que mira um sofisticado esquema de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis. O grupo investigadoé apontado como o maior devedor contumaz do país, com débitos que ultrapassam R$ 26 bilhões.
Ao todo, estão sendo cumpridos 126 mandados de busca e apreensão contra pessoas físicas e jurídicas em cinco estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal e Bahia. A operação conta com a participação da Receita Federal, Ministério Público de São Paulo, secretarias fazendárias, PGFN, PGE/SP e polícias Civil e Militar.
Segundo as investigações, o grupo mantém vínculos com empresas já investigadas na Operação Carbono Oculto, realizada em agosto de 2025, e movimentou mais de R$ 70 bilhões em apenas um ano por meio de empresas próprias, fundos de investimento e offshores, incluindo uma exportadora sediada no exterior, para ocultar e blindar lucros.
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A Justiça autorizou o bloqueio de mais de R$ 10,2 bilhões em bens dos investigados, como imóveis e veículos, para garantir a recuperação do crédito tributário. As apurações indicam que o esquema envolvia toda a cadeia do setor, da importação à revenda ao consumidor final, incluindo formuladoras, distribuidoras e postos que sonegavam tributos de forma reiterada. O grupo possui núcleo no estado do Rio de Janeiro e atuação em praticamente todo o território nacional.
Entre 2020 e 2025, o grupo importou mais de R$ 32 bilhões em combustíveis, utilizando empresas intermediárias e operações fraudulentas, como falsas declarações de conteúdo e uso de aditivos não autorizados. Também foram identificadas irregularidades que levaram à interdição de uma refinaria pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
A Receita Federal ainda apurou que cerca de R$ 72 bilhões circularam por empresas financeiras controladas pelo próprio grupo, por meio de estruturas complexas que dificultavam a identificação dos verdadeiros beneficiários. Ao menos 17 fundos de investimento ligados à organização foram identificados, somando patrimônio de R$ 8 bilhões.
Essas estruturas incluem empresas offshore registradas nos Estados Unidos, especialmente em Delaware, usadas para envio e retorno de recursos ao Brasil, o que, segundo a Receita, indica possível lavagem de dinheiro e blindagem patrimonial.
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O nome da operação faz referência ao primeiro poço de petróleo do Brasil, perfurado em 1939 no bairro Lobato, em Salvador (BA), em alusão direta à atividade da empresa alvo da investigação, ligada ao setor de combustíveis.