Nesta terça-feira (16/12), a corrida pelo Oscar 2026 entra oficialmente em uma de suas fases mais aguardadas: a divulgação da shortlist, a pré-lista que reúne os filmes que estão na disputa em categorias-chave. O Brasil aparece na relação, com “O agente secreto”, filme de Kleber Mendonça Filho protagonizado por Wagner Moura, na disputa por Melhor Filme Internacional e Melhor Elenco. O documentário "Apocalipse nos trópicos", de Petra Costa, está na lista de Melhor Documentário.

Mas o anúncio é apenas a ponta visível de um processo longo, rigoroso e cheio de etapas — que começa muito antes de Hollywood entrar em cena. Confira a seguir como são definidas as indicações ao Oscar, do processo de seleção nos países até a votação final da Academia.

A primeira triagem

No caso da categoria Melhor Filme Internacional, o caminho começa dentro de cada país. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS) convida oficialmente as nações a indicarem apenas um filme por ano.

Essa escolha precisa ser feita por um comitê de seleção aprovado, formado por pelo menos 50% de profissionais do setor audiovisual — artistas e técnicos. A lista dos membros do comitê tem que ser enviada para a academia antes da votação. Uma vez escolhido, o filme é enviado imediatamente à Academia, iniciando oficialmente sua campanha.

Não é obrigatório que um país participe todos os anos.

Shortlist: o primeiro grande corte

É neste ponto que começa a votação para escolher os filmes que aparecem na shortlist, anunciada nesta terça-feira. Após uma primeira fase de votação preliminar, todos os membros ativos e vitalícios da Academia são convidados a assistir aos filmes elegíveis.

Para votar, os membros precisam comprovar que assistiram a um número mínimo de títulos. A votação é secreta e feita por ordem de preferência. Os 15 filmes mais votados avançam para a pré-lista — a shortlist.

Das 15 pré-seleções aos 5 indicados oficiais

Na segunda fase de votação, todos os membros ativos e vitalícios assistem obrigatoriamente aos 15 filmes da shortlist. Apenas quem comprovar que viu todos os títulos pode votar.

Cada votante escolhe até cinco filmes, também em ordem de preferência. Os cinco mais votados se tornam oficialmente indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional, com anúncio marcado para 22 de janeiro de 2026.

Votação final e entrega da estatueta

Na votação final, apenas membros que assistiram aos cinco filmes indicados podem participar. A revelação do vencedor acontece durante a cerimônia de premiação, marcada para 15 de março. O filme vencedor recebe a estatueta, que é entregue ao diretor em nome da equipe criativa. O país de origem é creditado como indicado, e o nome do diretor aparece gravado na placa do Oscar.

Novas regras para o Oscar

A edição de 2026 marca mudanças importantes no processo de seleção. A partir de agora, os membros da Academia só podem votar na rodada final das categorias em que comprovarem ter assistido a todos os indicados. O controle é feito pela plataforma oficial de streaming da Academia, a Sala de Exibição, ou por formulários em casos de exibições externas.

Outra novidade histórica é a criação do prêmio de Elenco, que reconhece diretores de elenco e seu papel criativo na construção dos filmes.

Além disso, a Academia divulgou sua primeira diretriz formal sobre o uso de inteligência artificial: o uso de IA não ajuda nem prejudica um filme na disputa. O critério central segue sendo o grau de autoria criativa humana.

Também houve ampliação da elegibilidade para cineastas com status de refugiado ou asilado, ajustes em prazos de categorias musicais e a adoção de pré-listas em mais categorias técnicas.

Quem decide tudo isso?

A Academia conta hoje com mais de 10 mil membros, distribuídos em 20 ramos profissionais, que vão de atores e diretores a montadores, figurinistas, técnicos de som e efeitos visuais. Para se tornar membro, não há inscrição direta: é preciso ser indicado por outros membros ou ter sido indicado ao Oscar.

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O Brasil, inclusive, tem ampliado sua presença, com cerca de 60 membros, incluindo nomes como Fernanda Montenegro, Walter Salles, Kleber Mendonça Filho, Alice Braga, Fernanda Torres e Wagner Moura.

A presença da famosa “bola de futebol” — pasta que acompanha o presidente com opções de retaliação em casos de ataque nuclear — também recebeu elogios do pesquisador Stephen Schwartz. Reproduc?a?o/Netflix
Especialistas apontaram que as representações das salas de comando, da Sala de Situação da Casa Branca e do centro subterrâneo do STRATCOM são extremamente fiéis à realidade. Sachith Ravishka Kodikara/Pexels
Apesar das críticas, o filme foi elogiado pela sua precisão visual e procedimental. Reproduc?a?o/Netflix
Além disso, no filme o sistema de defesa do Alasca dispara apenas dois interceptores contra o míssil, quando, na realidade, seria mais provável disparar quatro ou mais para aumentar as chances de acerto. Divulgac?a?o/Netflix
"Os verdadeiros perigos de uma guerra nuclear têm a ver principalmente com a escalada de uma crise não nuclear que evolua para um conflito armado", explicou Matthew Bunn, especialista em questões nucleares na Escola Kennedy de Harvard. Domínio Público
Especialistas independentes entrevistados pela rádio NPR reconheceram que o filme tem elementos exagerados, como a ideia de um ataque nuclear repentino em um dia aparentemente tranquilo, sem contexto de conflito. Reproduc?a?o/Netflix
"Como mencionamos no filme, há menos de 50 desses interceptores terrestres em nosso arsenal, então, mesmo que funcionassem perfeitamente, não temos muitos disponíveis para uso", disse ele à revista The Atlantic. Noah Wulf/Wikimedia Commons
O roteirista do filme, Noah Oppenheim, se explicou dizendo que usou dados de cenários controlados e que especialistas consultados consideraram os 61% uma estimativa até otimista. Reprodução/Netflix
Em outro momento da trama, o vice-assessor de segurança nacional, vivido pelo ator Gabriel Basso, comenta que o índice de sucesso é de 61%. Reproduc?a?o/Netflix
Segundo o órgão, o modelo referenciado no filme diz respeito a um sistema antigo, que não é mais usado pelos Estados Unidos. Reproduc?a?o/Netflix
A Agência de Defesa Contra Mísseis (MDA) rebateu dizendo que os sistemas atuais teriam 100% de precisão em testes recentes. Maciej Ruminkiewicz/Unsplash
Em uma das cenas, o secretário de Defesa, interpretado pelo ator Jared Harris, critica o fato do sistema ter custado US$ 50 bilhões e ter uma chance de sucesso de apenas 50%. Reproduc?a?o/Netflix
Segundo documentos obtidos pela Bloomberg, o Pentágono criticou cenas em que personagens afirmam que o sistema antimísseis dos Estados Unidos tem apenas 50% ou 61% de eficácia. Justin Cron/Unsplash
Uma das principais divergências entre o filme e o Pentágono envolve a eficiência dos artefatos de interceptação de mísseis. Reprodução/sputiniknews.com
"Você está convidando o público para a sala de controle do Comando Estratégico dos Estados Unidos. É um lugar de difícil acesso, então você quer que seja autêntico e honesto. Esse é o meu objetivo, e acho que o alcançamos", disse ela em entrevista ao Hollywood Reporter. Reproduc?a?o/Netflix
Bigelow, que já venceu o Oscar pelo filme "Guerra ao Terror", de 2008, afirmou que o filme busca realismo e autenticidade, mesmo sendo ficção. Reprodução/YouTube
Uma das reclamações do Pentágono foi a de que eles não foram consultados para garantir a precisão de algumas informações técnicas exibidas na tela. Camila Ferreira & Mario Duran/Wikimedia Commons
O longa é centrado em um ataque nuclear fictício contra os Estados Unidos e mostra como as autoridades lidam com o problema em 18 minutos. Divulgação/Netflix
O novo filme da diretora Kathryn Bigelow, "Casa de Dinamite", alcançou o topo do ranking na Netflix, mas causou desconforto no Pentágono. Divulgação/Netflix
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