LITERATURA

Aos 80, Grande Hotel Termas de Araxá ganha biografia

‘Livro Sobre o tempo’, que será lançado neste sábado (29/11), revisita a trajetória do empreendimento e destaca sua singularidade arquitetônica

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Completados os 80 anos da inauguração, o Grande Hotel Termas de Araxá ganha uma biografia. A obra destrincha altos e baixos do empreendimento erguido no Triângulo Mineiro em 1944 durante o Estado Novo de Getúlio Vargas. Concebido como símbolo de progresso nacional, a criação do hotel ajudou a reforçar a imagem de um país em desenvolvimento.

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Um dos grandes patrimônios mineiros, o local abriga águas com propriedades terapêuticas e medicinais, extensos jardins planejados por Burle Marx e uma arquitetura imponente projetada por Luiz Signorelli com engenharia de Lincoln Continentino. O complexo ocupa 400 mil metros quadrados com 33 mil de área construída e permanece referência em hotelaria desde a inauguração.


Publicado pelo Duo Cultural, formado por Mariana Peixoto e Helvécio Carlos – respectivamente repórter e colunista do Estado de Minas – o livro começou a ser preparado em 2022.


Em novembro daquele ano, os autores integraram o primeiro grupo de jornalistas a retornar ao Grande Hotel após uma série de reformas realizadas durante a pandemia. Voltaram de lá com o desejo de produzir o livro. “Vimos ali muita história para contar”, afirma o colunista.


“Sobre o tempo” reúne momentos importantes dispersos ou esquecidos ao longo da trajetória do complexo. A partir da segunda metade do século 18, fazendeiros passaram a levar rebanhos para beber as águas do Barreiro, área formada por antiga cratera de origem vulcânica responsável pelas fontes minerais da região.


Primeiros turistas

No fim do século 19, os primeiros turistas começaram a aparecer na região. Os visitantes permaneciam lá por 21 dias para realizar tratamentos nas fontes. Pesquisas em torno das águas impulsionaram o crescimento de Araxá, reconhecida como cidade em 1985.


A construção do Grande Hotel enfrentou obstáculos, já que o terreno lamacento fazia estacas se moverem durante as obras. “Foi construído por vontade política. Arquitetonicamente, é um prédio único no Brasil”, afirma Mariana. O hotel foi inaugurado também para funcionar como grande cassino, porém, dois anos depois, cassino e jogos de azar foram extintos no país.


Além da efeméride dos 80 anos do hotel, o lançamento coincide com um momento de alta no turismo mineiro. Dados do IBGE de 2024 apontam Minas Gerais como o segundo destino de viagem mais procurado no país.


Uma das passagens mais curiosas do livro retrocede a 1947, quando cientistas soviéticos estiveram no Barreiro durante a observação de um eclipse solar. “A expedição soviética foi frustradíssima, porque no dia do tal eclipse estava nublado”, conta Mariana.


Durante a Copa do Mundo de 1950, a Seleção Brasileira utilizou o hotel como local de preparação. Araxá também serviu como base dos treinamentos de 1958, quando o jovem Pelé já integrava a Seleção, aos 17 anos. Os jogadores não podiam fumar nem consumir álcool durante as estadas no hotel. Em 1969, foi a vez de o hotel servir de cenário para filmagens do longa “Balada dos infiéis”, de Geraldo Santos Pereira, um dos primeiros produzidos no estado.


Interdição

Em seu cinquentenário, o hotel acabou sendo interditado pelo poder público. O déficit do empreendimento e os problemas estruturais levaram ao seu fechamento, em 1994. Até então, o espaço pertencia ao governo de Minas Gerais. Houve falhas de administração, um incêndio e até dois dias de desabastecimento total de água. A reabertura só ocorreu em 2001, já sob gestão privada. O Grupo Tauá assumiu a administração em 2010, posição que mantém até hoje.


Para o livro, os autores retornaram ao hotel e entrevistaram ex-funcionários e antigos hóspedes. Alguns mencionam o mito de Dona Beja, figura originária do período colonial lembrada pela fama de beleza associada à lama e às águas do Barreiro. O nome dela batiza a fonte de água radioativa mais procurada da região.


Fantasmas também integram a mitologia do hotel, como a “mulher de branco”, que teria tirado a própria vida depois de uma grande perda financeira do marido no antigo cassino.


Após a reformulação, o Grande Hotel se reinventou para acolher uma nova geração de visitantes, seguindo tendências do mercado atual de turismo. A reforma, com custo estimado de R$ 10 milhões, incluiu retrofit, modernização da hospedagem e reformulação da oferta gastronômica.


“SOBRE O TEMPO”
• Livro de Helvécio Carlos e Mariana Peixoto
• 154 páginas
• R$ 50
• Lançamento neste sábado (29/11) às 11h, no Grande Hotel Araxá. Além dos autores, participam a professora Celina Borges, da Escola de Arquitetura da UFMG, o ceramista Máximo Soalheiro e o escritor e jornalista araxaense Luiz Humberto França.

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