ARTES CÊNICAS

Laila Garin é noiva que tenta apagar memórias ruins em musical

Cantora e atriz escreve e protagoniza ‘Músicas que eu fiz em seu nome’, montagem estará em cartaz em BH neste sábado (29/11) e domingo, no Sesc Palladium

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Prestes a se casar pela segunda vez, Lady Milene decide se submeter a um procedimento chamado Miracle Former, que apaga lembranças dolorosas e pequenos defeitos físicos – uma cicatriz indesejada, uma olheira que incomoda, ou uma pinta que não lhe cai bem… Tornando-se uma nova mulher, ela não quer repetir os erros do passado. “Quero ser a esposa-troféu, uma página em branco pura e perfeita”, diz.

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Lady Milene é a personagem que conduz o musical solo “Músicas que fiz em seu nome”, de Laila Garin. Com direção de Gustavo Barchilon, o espetáculo, que cumpre curta temporada no Sesc Palladium, neste sábado (29/11) e domingo, marca a estreia da atriz como autora. Ela assina a dramaturgia, ao lado de Tauã Delmiro.


É impossível não traçar paralelos entre o musical e “Brilho eterno de uma mente sem lembranças” (2004), de Michel Gondry. No longa estrelado por Jim Carrey e Kate Winslet, um casal termina o relacionamento e decide apagar as memórias que têm um do outro por meio de um procedimento médico. Porém, quando o personagem de Carrey inicia o processo e suas lembranças começam a ser deletadas, ele se arrepende, tenta interromper o apagamento e parte em busca da ex-companheira para reavivar nela algum traço do passado.


Inspiração


“Por mais que se aproxime do filme, ele não foi minha inspiração”, afirma Laila Garin. “A ideia de escrever esse musical veio das falas da Viviane Mosé sobre esse período que estamos vivendo, em que queremos nos anestesiar, fugir dos problemas ou arrumar qualquer antídoto para nos sentirmos bem diante do luto, da perda ou do sofrimento.”


A estética de ficção científica, lembra a atriz, “vem da influência de ‘Ruptura’ e ‘A substância’, que eu estava assistindo na época”, acrescenta, citando a série da Apple TV e o filme de Coralie Fargeat, estrelado por Demi Moore e Margaret Qualley. Ambos transitam pelo terreno da fantasia para tratar do apagamento do trauma e da reinvenção artificial da identidade.


“Músicas que fiz em seu nome”, contudo, se distancia do thriller sci-fi ao enveredar pela comédia para criticar as implicações de inseguranças sem fundamento. Cega à razão, Lady Milene não percebe que são justamente as “cicatrizes da alma” – termo que usa para se referir às experiências negativas acumuladas ao longo da vida – que ajudam o indivíduo a não reincidir nos mesmos erros. Ela é movida por pressões internas, potencializadas por padrões estéticos inalcançáveis.


“É uma coisa que, de certo modo, já acontece”, observa a atriz e dramaturga. “Não que exista um Miracle Former, mas o que vemos é as pessoas querendo apagar seus ‘defeitos’ com botox, preenchimentos, lipo led... todas essas intervenções estéticas. Para se ter uma ideia, hoje as cerimonialistas começam a preparar as noivas seis meses antes do casamento. Existe todo um cronograma a ser cumprido para que elas estejam belíssimas no dia da cerimônia.”


Ela ressalva, no entanto, que “é claro que as pessoas podem esculpir seus corpos da maneira que quiserem, mas que seja uma decisão delas, e não de um padrão imposto de fora. Algo que é muito mais comum com as mulheres”.


Cada lembrança de Lady Milene que vai sendo apagada se transforma em um número musical. São canções de Geraldo Azevedo, Caetano Veloso, José Augusto, Roupa Nova, Arnaldo Antunes, Marília Mendonça e outros nomes populares. “A música consegue chegar ao público pelos sentidos. É um golpe certeiro para você pegar na emoção das pessoas”, avalia Laila.


A trilha também tem o poder de direcionar a interpretação do espectador, recurso usado pelo espetáculo. Letras de Caetano e de José Augusto que não têm absolutamente nada a ver com a realidade da personagem ganham ressignificado no contexto da cena em que são interpretadas.


Mulher comum


Ao longo do processo de escrita de “Músicas que fiz em seu nome”, Laila Garin se reconheceu na personagem várias vezes. Assim como Lady Milene, ela saiu de seu primeiro casamento tomada pela insegurança, refletindo sobre erros que não gostaria de repetir em uma relação futura.


“Eu me perguntava por que uma relação de 10 anos não havia dado certo. Ora, se durou esse tempo todo, é justamente porque deu certo. Eu achava que o que motivou o término foi algo que eu tinha feito. Até cheguei a falar para mim mesma: ‘Agora eu vou mudar de vez’”, lembra.


Traços da protagonista também se aproximam dos da atriz, como às vezes falar demais ou gostar de uma briga. “Isso me faz acreditar que muitas pessoas vão se identificar com o espetáculo”, aposta. “A Lady Milene reúne características que atravessam a vida de todo mundo. Ela é uma mulher comum, como qualquer outra.”


“Músicas que fiz em seu nome” estreou em outubro passado, no Rio de Janeiro, onde ficou em cartaz até o último dia 9. Para as apresentações na capital mineira, a segunda cidade a receber o espetáculo, os últimos ingressos estão à venda na bilheteria do Sesc Palladium e no site Sympla.

“MÚSICAS QUE FIZ EM SEU NOME”
Texto: Laila Garin e Tauã Delmiro. Direção: Gustavo Barchilon. Com Laila Garin. No Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Neste sábado (29/11), às 21h; e domingo, às 19h. Ingressos à venda por R$ 110 (plateia 1 / inteira), R$ 90 (plateia 2 / inteira) e R$ 50 (plateias 3 e 4 / inteira), na bilheteria ou pelo Sympla. Meia-entrada na forma da lei. Informações: (31) 3270-8100.

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