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CINEMA

Filme "Milton Bituca Nascimento" revela o fascínio de um artista ímpar

Documentário que acompanha a última turnê do cantor e compositor estreia em Tiradentes. Filme vai entrar no circuito comercial de Minas antes dos outros estados

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Tiradentes – Poucos minutos antes do horário programado para a pré-estreia mundial do documentário “Milton Bituca Nascimento”, de Flávia Moraes, na 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes, na noite de domingo (26/1), pairava no ar a dúvida se haveria mesmo a sessão no Cine Praça, por causa da chuva. A solução encontrada foi mudar o local da exibição para o Cine-Teatro, dentro do Centro Cultural Yves Alves.


O espaço tem capacidade reduzida, e, em função da alta demanda, a organização programou sessão extra para a noite de segunda-feira (27/1), na praça. Milton magnetiza atenções, e é isso o que o filme expõe. Diretora e equipe acompanharam o artista em suas andanças pelo mundo durante a “Última sessão de música”, turnê que marcou sua despedida dos palcos.

O documentário mostra Milton no palco, nos bastidores e na intimidade de sua casa, mas ele pouco fala para a câmera. O painel sobre o artista e sua obra é construído por depoimentos de Esperanza Spalding, Chico Buarque, Quincy Jones, Pat Metheny, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paul Simon, João Bosco, Herbie Hancock, Wayne Shorter, Sérgio Mendes, Carminho e Spike Lee, entre muitos outros que exaltam a grandeza de Milton.

Flávia Moraes conta que a ideia do filme surgiu por um convite de Augusto Nascimento, filho adotivo e empresário de Milton, e do produtor Victor Pozas, também diretor musical do documentário. “Victor já sabia que sou teimosa e gosto de projetos impossíveis, mas também contou o fato de que tenho muita experiência com projetos internacionais, pois há muitos anos moro e trabalho nos Estados Unidos e na Europa”, diz.

 

A largada foi tímida, em apresentação na Itália, com Pedro Rocha, fotógrafo do filme, com a câmera na mão e Pozas gravando o áudio diretamente da mesa de som. “Naquele momento, intuímos a importância de registrar a turnê. Era apenas isso, um registro. Mas o projeto foi crescendo. Um ano e vários países depois, estávamos no Mineirão com 15 câmeras, equipe de dezenas de pessoas e já contando com o apoio de coprodutores importantes”, relata.

A cineasta diz que sua motivação foi, por um lado, a oportunidade de investigar “um artista enigmático” e documentar a importância de Milton no Brasil e no mundo. Por outro lado, havia o desafio de fazer um filme que não só representasse Milton, mas que fosse do tamanho dele. “Essa responsabilidade só aumentava na medida em que íamos entendendo que Milton, fora do Brasil, é ainda maior do que imaginávamos”, destaca.

Ela classifica “Milton Bituca Nascimento” como um filme “on the road”. “Na gênese narrativa do documentário está a surpresa da estrada. A ideia era seguir Milton e levar o público para viajar com ele”, diz. Os expoentes do cenário musical internacional que dão depoimentos “caíam do céu”, nas palavras da diretora. Milton os convidava para os shows e, ato contínuo, perguntava se topariam participar do documentário.

“Estávamos sempre prontos, nos bastidores, com câmeras e luzes preparadas. Nem sempre saber com quem iríamos conversar tornava tudo mais desafiador. Como estar preparado para fazer uma boa entrevista se você não sabe exatamente quem vai entrevistar? Sem falar que tudo acontecia muito rápido e em tempo real, sem repetições”, explica.. Alguns entrevistados só foram identificados na revisão do material bruto.

“Por sorte, tínhamos o Marcelo Ferla, meu corroteirista, verdadeira enciclopédia musical. Ele ajudava a montar o quebra-cabeça conforme avançávamos”, destaca.


“Um dos entrevistados, acho que o Zé Ibarra, fala que Milton não diz aos músicos o que fazer, ele os deixa livres porque sabe que, assim, eles darão o melhor de si. Foi exatamente isso o que aconteceu com o filme. Milton nunca me pediu nada, nunca impôs nada e também nunca negou nada. Ele fez o filme comigo. Essa generosidade artística é rara. Isso me permitiu extrapolar o formato tradicional de documentário e trabalhar com uma linguagem mais poética”, revela.


Impacto

Sobre sua própria relação com a obra de Milton, ela se lembra de, na pré-adolescência, ter comprado dois discos: “The dark side of the moon”, do Pink Floyd, e “Clube da Esquina”, de Milton e Lô Borges.


“Só agora, durante a produção do filme, percebi o quanto a música de Milton que ouvia naquela época teve impacto profundo na minha cultura musical. A música dele conecta você com você mesmo, tem efeito catártico”, diz.


Minas: estreia antecipada

Flávia Moraes diz que não poderia haver lugar melhor que Tiradentes para a primeira exibição pública de “Milton Bituca Nascimento”. O Estado é personagem central nesta produção, conta a diretora.

“Em Minas, entendemos qual filme precisava ser rodado. A Mostra de Cinema de Tiradentes é um dos festivais mais importantes do país e acontece fora do eixo Rio-São Paulo. O filme estreará no circuito comercial de Minas antes do resto do país não só para atender a um pedido de seu filho ilustre, como também porque queremos que todos aqueles que estavam no Mineirão (no show de encerramento da turnê “Última sessão de música”) vejam em primeira mão”, diz a diretora.


* O repórter viajou a convite da organização da Mostra de Cinema de Tiradentes

 

28ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES


Até sábado (1º/2), na cidade histórica de Tiradentes. A programação, inteiramente gratuita, pode ser conferida no site oficial

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