
"Uma canção para Tom Zé" é disco-homenagem ao cantor e compositor
Álbum traz releituras de 12 composições do cantor e compositor baiano. Trabalho é derivado de show que teve a presença e a aprovação do homenageado
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"Eu não faço canção com idade", diz Tom Zé, de 88 anos, quando questionado sobre seus novos intérpretes, os paulistas Luan Carbonari e Gabriel Rojas. Somadas, as idades dos dois (24 e 23 anos, respectivamente) chegam quase à metade da dele. "O recurso deles com o violão, a habilidade e o bom gosto com que a Ana Beatriz trabalhou com eles... Fizeram um disco maravilhoso", acrescenta.
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Recém-lançado, "Uma canção para Tom Zé" (Biscoito Fino) reúne 12 músicas do cantor, compositor e arranjador baiano em uma leitura pessoal de uma obra sem igual. Não só o resultado, mas a própria feitura do disco é bastante original. O projeto é da atriz e produtora carioca Ana Beatriz Nogueira, fã incondicional de Tom Zé.
"Queria fazer um show com ele assistindo, como que dizendo como amo a existência e o trabalho dele", diz Ana Beatriz, que nunca cantou – "Não tenho o menor jeito pra coisa" –, mas já dirigiu nomes como Zélia Duncan e Leila Pinheiro.
Por conta própria, resolveu procurar intérpretes. A ideia inicial era fazer uma única apresentação, que ocorreu em 2 de março de 2024, no Clube Manouche, no Rio. O disco foi um desdobramento.
Ana Beatriz começou a pesquisar músicos na internet. Descobriu um conjunto com alguns jovens cantando Chico Buarque. "Lembrava muito MPB-4 e, a partir dali, comecei a conversar com o Luan", conta. Este já tinha alguma intimidade com a lírica de Chico. Em 2023, se destacou no reality "Canta comigo" com uma versão de "Beatriz" (Chico Buarque e Edu Lobo).
Amigos do berçário
Os dois conversaram on-line, e Ana Beatriz contou da intenção de homenagear Tom Zé. Queria que tivesse algum piano, e sugeriu o jovem que estava com Luan em alguns dos vídeos que tinha visto. Luan e Gabriel são de Botucatu, interior de São Paulo, amigos desde sempre. "Nos conhecemos no berçário", diz o primeiro, cujos pais têm uma escola de música naquela cidade.
Começaram a estudar música na infância e, na adolescência, montaram um grupo que tocava Pink Floyd. De uns anos pra cá, passaram a gravar vídeos, tanto de versões da banda inglesa quanto de canções brasileiras. Conheciam Tom Zé, sabiam da importância dele, mas nunca tinham ido a fundo no repertório do baiano.
Hoje, os dois vivem em São Paulo. Luan, que se formou em canto popular pelo Conservatório de Tatuí, toca guitarra, violão e piano e se dedica exclusivamente à carreira artística. Gabriel toca piano, guitarra, violão e baixo, e estuda medicina.
Repertório
"Eles não conheciam a obra, e o que eu queria era que a gente escutasse letra e melodia com a grandiosidade que elas têm", comenta Ana Beatriz. Como ela mora no Rio e eles em São Paulo, nos finais de semana os dois iam até ela para preparar o repertório." O trio passou a se reunir em novembro de 2023.
"A ideia da Ana Beatriz era pegar a obra do Tom Zé e deixá-la de maneira mais crua. Seria mais intimista, introspectiva, tanto que a gente não precisou se prender aos arranjos dele. Até porque poucos conseguiram", conta Luan. Os dois criaram os arranjos para as canções, a maior parte delas escolhidas por Ana Beatriz. Luan fez voz e violão e Gabriel, voz e piano.
"Se", por exemplo, que é do álbum "Estudando o samba" (1976), termina como um tango, sem relação alguma com o registro original. "'Silêncio de nós dois' foi o Gabriel que trouxe, não estava no repertório", conta Ana Beatriz. O repertório, como um todo, foge ao padrão. Das 12 canções, só três são mais conhecidas: "Menina, amanhã de manhã", "Tô" e "Augusta, Angélica e Consolação".
Ana Beatriz produziu o show para a noite do Manouche. Criou programa – com depoimentos de Caetano Veloso, Xande de Pilares e Zélia Duncan –, chamou os amigos e o próprio homenageado. Avisou a Luan e Gabriel que Tom Zé era muito sincero. Daria a real sobre o show. "Pra gente foi totalmente desafiador", conta Luan. Pois a apresentação terminou com Tom Zé cantando, junto com a dupla, "Menina, amanhã de manhã".
Na plateia estava a produtora Ana Basbaum, que foi quem sugeriu levar o álbum para a Biscoito Fino. As canções seriam registradas como haviam sido apresentadas no Manouche. No fim de julho, Luan e Gabriel voltaram para o Rio para as gravações, que inclusive seguem a ordem proposta para o show.
"Só que ensaiar para um show é muito diferente de fazer isto para um disco. O show tem a performance ao vivo. Então demos uma refinada na musicalidade e nos arranjos", diz Luan. O disco foi gravado em poucas horas de estúdio. E o show, até então, só teve a sessão única de quase um ano atrás.
Agora, com o álbum lançado, a dupla promete levar novamente o repertório de Tom Zé para os palcos. Já Ana Beatriz está realizada com a produção. "Sou uma curiosa e insistente profissional, mas absolutamente amadora. Só sei fazer por amor, preciso que parta de mim a história", afirma.
"UMA CANÇÃO PARA TOM ZÉ"
• Álbum de Luan Carbonari e Gabriel Rojas
• Biscoito Fino (12 faixas)
• Disponível nas plataformas digitais