x
Livros

Isabel Fillardis lança livro e revela como enfrentou o racismo e doenças

Em "Muito prazer, Isabel: Cristina & Fillardis", atriz revela discriminação na Globo, a luta contra o câncer e como lidou com problemas de saúde dos filhos

Publicidade
Carregando...

Em sua autobiografia, a atriz, cantora e modelo Isabel Fillardis narra episódios marcantes de sua trajetória pessoal e profissional. Entre as lembranças, destaca-se o concurso de rainha da primavera da escola – ela competiu, aos 11 anos, sem nem sequer figurar entre as 10 finalistas.


“Naquela tarde de primavera, eu não sabia, mas ia começar a seguir meu destino”, escreve a atriz no livro “Muito prazer, Isabel: Cristina & Fillardis” (Editora Ubook).

Depois do concurso da escola, a carioca Isabel se dedicou às passarelas, participou de campanhas de beleza, fez editorial para a revista Vogue e foi a terceira artista preta na capa da revista Playboy. Tudo isso nos anos 1990.

 

Em 1993, ela decidiu se arriscar nos palcos. Com Lilian Valeska e Karla Prietto, criou o grupo musical feminino As Sublimes, inspirado no trio norte-americano The Supremes. No mesmo ano, estreou na televisão como Ritinha, personagem da primeira versão da novela “Renascer” (Globo).

Como relata no livro, estava decidida a fazer com que o mundo conhecesse a menina do concurso escolar que se tornou modelo, cantora e atriz.

“Durante a escrita, percebi que todas as diferentes formas de me expressar já se manifestavam na infância”, diz Isabel. “Eu era a menina que gostava muito de música e imitava as cantoras favoritas. Também adorava ser fotografada e fazer passarela. Nessas brincadeiras, já existia um faz de conta. Acredito que diferentes maneiras de fazer arte estavam no meu DNA.”

Contratada pela TV Globo aos 18 anos, Isabel deu vida a várias personagens da teledramaturgia. Em “Força de um desejo” (1999), novela de Gilberto Braga e Alcides Nogueira, com direção-geral de Marcos Paulo e Mauro Mendonça Filho, ela foi Luzia, mulher escravizada que faz de tudo para ascender socialmente.

Atriz Isabel Fillardis está de lado e sorri, usando roupa de escrava, na novela Força do desejo

Isabel Fillardis como a escravizada Luiza em "Força do desejo", novela de 1999. Personagem, inicialmente monossilábica, conquistou o seu espaço durante a trama

Globo/divulgação


“Os primeiros textos de Luzia eram poucos, monossilábicos. Com o passar da história, ela foi ganhando espaço. E aí aconteceu algo muito genial: Marcos começou a me dirigir diretamente, me deu espaço para criar”, conta Isabel.


A atriz fez papéis secundários em “Próxima vítima” (1995), “O fim do mundo” (1996), “A indomada” (1997) e “Corpo dourado” (1998), até ser convidada, em 1999, para interpretar sua primeira protagonista em uma novela das nove, escrita por Aguinaldo Silva.

Exclusão na Globo


Duas semanas antes do início das gravações, após se preparar para viver uma advogada criminalista, a atriz precisou se submeter a cirurgia de emergência para extrair o siso. Mesmo sem condições de falar, Isabel compareceu ao Projac. Mais tarde, foi informada de sua exclusão do elenco, sob justificativa de que a emissora não poderia arriscar uma novela das 21h protagonizada por ela.


“Hoje, acredito que foi um caso de racismo, porque a colega colocada para fazer a personagem não era uma menina preta”, diz Isabel. “Se outra artista preta tivesse sido escolhida, eu pensaria que não estava dentro daquilo que os diretores esperavam, não estava pronta para aquele papel. Mas não foi este o contexto”, afirma.


O racismo, recorrente tanto na TV quanto nas passarelas, é abordado por Isabel em sua autobiografia. Ativista, ela é embaixadora da Pacto, associação sem fins lucrativos que visa promover a equidade racial no mercado privado. Também fundou o Instituto Doe seu Lixo, dedicado à redução do impacto ambiental por resíduos, e a ONG Força do Bem, que dá apoio a famílias que lidam com deficiências.


Força do Bem foi criada após o nascimento de seu filho do meio, Jamal, diagnosticado com Síndrome de West, condição epiléptica rara. No livro, Isabel Fillardis narra sua jornada em busca do diagnóstico e do tratamento ideal para o menino, além de compartilhar experiências como mãe atípica de três.

A primogênita Analuz tem transtorno de ansiedade, enquanto o caçula Kalel foi diagnosticado com autismo e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).


Câncer

No livro, Isabel Fillardis também aborda os próprios problemas de saúde: câncer na língua e líquen plano, doença autoimune que afetou sua pele.


“A sociedade ainda não sabe lidar com o que é diferente, adverso. Os preconceitos fizeram com que eu trabalhasse internamente e mudasse minha visão em relação ao ser humano. Percebi que todos temos limitações, decidi dividir esse conhecimento com as pessoas porque percebi que muitos viviam o que eu estava vivendo, mas sem aceitação. Acredito que uma das minhas funções, enquanto artista, é compartilhar o que minhas experiências, mesmo as difíceis, trouxeram de positivo”, conclui Isabel.


“MUITO PRAZER, ISABEL: CRISTINA & FILLARDIS”


• De Isabel Fillardis
• Editora Ubook
• 280 págs.
• R$ 89,90
• R$ 19,90 (audiolivro)

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

Tópicos relacionados:

autismo isabel-fillardis livro racismo

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay