Atriz e modelo Paolla Oliveira foi chamada de 'gorda' em redes sociais -  (crédito: Reproduçao/Instagram?@paollaoliveira)

Atriz e modelo Paolla Oliveira foi chamada de 'gorda' em redes sociais

crédito: Reproduçao/Instagram?@paollaoliveira

O carnaval é uma celebração da vida e da liberdade, mas, paradoxalmente, traz à tona um fenômeno curioso e preocupante: o desejo, por parte de alguns, de que todas as mulheres se encaixem em um modelo específico, desenhado pelas forças mercadológicas, sobre como uma mulher “deve” parecer, especialmente em relação a seus atributos físicos.

Paolla Oliveira, atriz e rainha de bateria, abordou recentemente em uma entrevista os desafios enfrentados durante o carnaval, uma experiência que, apesar de ser um momento de celebração e alegria, também se torna palco de críticas e julgamentos. Ela compartilhou como, apesar de se arrumar e se sentir linda para os ensaios, frequentemente se depara com comentários desagradáveis e críticas severas sobre sua aparência física e seu peso.

Essa ideia de que o corpo feminino deve se adequar aos padrões -caso contrário, ele não deve ser mostrado-, embora pareça moderna, tem raízes profundas na história. Por séculos, muitas mulheres têm dedicado suas vidas à tentativa de satisfazer o ideário masculino. Este padrão impõe não apenas uma estética específica, mas também um conjunto de comportamentos e posturas que muitas vezes são alcançadas às custas de sacrifícios severos e, às vezes, injustificáveis. Esses sacrifícios, sejam físicos, emocionais ou psicológicos, são um testemunho da pressão implacável para se conformar a um ideal inatingível e muitas vezes prejudicial.

Friedrich Nietzsche, filósofo cujas ideias desafiaram as convenções de seu tempo, nos lembra da importância da individualidade e da autoexpressão. O autor nos traz a noção de “Übermensch”, ou Super Homem, se referindo a alguém que transcende as normas e valores tradicionais para criar seus próprios. Segundo seu pensamento, não devemos nos ajustar cegamente a padrões para sermos aceitos ou amados. A verdadeira liberdade, de acordo com Nietzsche, reside na capacidade de nos tornarmos quem realmente somos, não quem os outros esperam que sejamos.

O carnaval, com sua explosão de cores, música e dança, deveria ser um momento de celebração da diversidade e da individualidade. Deveria ser uma oportunidade para as mulheres e todos os demais participantes expressarem suas identidades únicas sem medo de julgamento ou censura. Em vez de perpetuar estereótipos e ideais inalcançáveis, o carnaval poderia ser um espaço de empoderamento e resistência contra normas opressivas.

Essa visão utópica, no entanto, confronta-se frequentemente com a realidade. As imagens que são promovidas durante a festa, muitas vezes, continuam a reforçar os estereótipos de beleza e comportamento. Para que haja alguma mudança é crucial que continuemos a questionar e desafiar essas representações. Devemos examinar e criticar as estruturas sociais e culturais que tentam nos encaixar em padrões, principalmente estéticos.

Devemos nos esforçar para reinventar o carnaval, não apenas como um escape temporário da rotina, mas como um símbolo potente de mudança e resistência. A oportunidade que o carnaval nos oferece é a de desafiar as normas restritivas e promover a inclusão e a aceitação, pois a verdadeira beleza e alegria se encontram na diversidade e na autenticidade. Que cada pessoa, independentemente de sua aparência ou forma, possa dançar nas ruas sabendo que são perfeitas como são, livres de julgamentos e restrições.