Mais lidas
compartilhe
SIGA NO
Hoje é aniversário de Belo Horizonte. A cidade está fazendo 128 anos, menos que o dobro da minha idade, o que significa que praticamente crescemos juntas. Com uma diferença: BH cresceu demais e, acredito, todos vão concordar comigo: são várias cidades dentro dela.
Há bairros tão grandes que têm vida própria. Se a pessoa trabalha no bairro ou em home office, não precisa sair de lá, porque se encontra de tudo ali. É o caso do Barreiro, Buritis, Estoril, Venda Nova e, claro, o Belvedere, que se uniu a Nova Lima e tem infraestrutura completa.
Lembro-me com saudade da Belô de quando era menina e adolescente, podíamos andar sozinhas nas ruas do Centro, que era bairro residencial com comércio e cinemas. Eu morava na Rua Tupis, em frente ao Cine Jacques (hoje, Shopping Cidade), que tinha ao lado o Ted's, lanchonete tipo Xodó.
E o Xodó, então? Delícia lanchar lá aos sábados ou domingos. Hot fudge era sagrado. E a salada de frutas dentro do abacaxi na lanchonete das Lojas Americanas? E a banana split de lá? Quem nunca comeu não sabe o que perdeu.
Nas ruas próximas da minha casa havia os cinemas Guarani, Metrópole e Palladium. Nas férias escolares, quando meus pais não podiam viajar, minha diversão era entrar no cinema na sessão das 14h e sair às 18h.
Amores de Hollywood: 10 casais que se formaram nos sets de filmagem
Assistia duas vezes aos filmes. “Se meu fusca falasse”, “Noviça rebelde”, “O mágico de Oz”, “Romeu e Julieta”, “Os seus, os meus, os nossos”, “Godspell”, além dos clássicos da Disney. Depois, lanchava e ia para casa.
Na esquina tinha a Rex, papelaria excelente que ficava com minha mesada inteirinha, porque eu não resistia a canetinhas, borrachas, lápis de cor e papéis de carta, que colecionava. Meu sonho de consumo, até hoje, é ter uma caixa daquelas gigantescas Caran d'Ache aquareladas.
E os passeios? Jardim Zoológico, Parque Guanabara e Parque Municipal. Havia burrinhos para a gente andar. Os brinquedos continuam firmes, mas os cavalinhos, só mesmo no Parque Municipal.
Todo ano íamos ver a parada de 7 de setembro, a decoração de Natal na Avenida Afonso Pena. E o carnaval? A avenida era enfeitada e a gente saía com bisnagas cheias de água, espirrando em quem passasse. E dá-lhe confete e serpentina.
Uso de música na política: o que diz a lei de direitos autorais no Brasil
Tempos que não voltam mais. O colégio onde estudei a minha vida toda fechou. Os cinemas fecharam. As lanchonetes fecharam. A papelaria também fechou.
O mundo mudou, nos adaptamos às modernidades e ao novo estilo de vida. Não podemos mais chamar BH de Cidade Jardim, porque as frondosas árvores dos canteiros já foram arrancadas. Mesmo assim, aqui continua sendo o melhor lugar do mundo para morar.
Cinco atores que sofreram transformações extremas para viver um papel
Aqui está minha família, aqui estão meus amigos, aqui estão minhas raízes.
Parabéns, Belo Horizonte, cidade que aquece o meu coração.
*Isabela Teixeira da Costa/Interina
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.
