Professora da Saúde da Mulher da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais, Arlene Fernandes

Professora da Saúde da Mulher da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais, Arlene Fernandes, destaca que o climatério está relacionado ao aumento do risco cardiovascular

FCMMG/Divulgação


De acordo com dados do Ministério da Saúde (MS) as doenças cardiovasculares já se tornaram a principal causa de morte entre as mulheres. Anualmente, são registrados 20 mil óbitos decorrentes desses problemas, com o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o infarto ocupando as duas primeiras posições.

A professora e coordenadora da disciplina de saúde da mulher da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais (FCM-MG), Arlene Fernandes, destaca que o climatério (período de transição da fase reprodutiva para a fase de pós-menopausa) está relacionado ao aumento do risco cardiovascular, já que, neste período, ocorre uma redução da produção hormonal pelos ovários, marcando o fim da função reprodutiva da mulher.

"É importante notar que os hormônios femininos, especialmente o estrogênio, têm influência em vários sistemas do organismo, não se limitando ao sistema reprodutivo", pontua Arlene Fernandes.

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Ainda de acordo com Arlene Fernandes, o estrogênio desempenha um papel crucial no sistema cardiovascular, promovendo a formação de novos vasos sanguíneos, reduzindo níveis de triglicérides e LDL, além de aumentar os níveis de HDL, trazendo uma proteção contra doença coronariana verificada na mulher. 

Mudanças hormonais

A ginecologista Arlene Fernandes ainda faz um alerta sobre o início do climatério, onde que ocorrem algumas mudanças hormonais que podem afetar o perfil lipídico e o metabolismo das mulheres: “A queda nos níveis de estrogênio pode levar a um perfil lipídico mais aterogênico, com aumento dos níveis de colesterol total e LDL (colesterol ruim) e diminuição dos níveis de HDL (colesterol bom)".

A médica completa: "Além disso, as alterações hormonais durante essa fase da vida também podem contribuir para o acúmulo de gordura na região abdominal, o que também está associado a um maior risco cardiovascular. A resistência periférica à insulina, que pode ocorrer durante o climatério, também está relacionada a um aumento do risco de diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares”.

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Arlene Fernandes ainda esclarece que “apesar das manifestações clínicas da doença arterial coronariana nas mulheres aparecerem cerca de 10 a 15 anos mais tarde que nos homens, estudos indicam que a mortalidade por doença cardiovascular é maior entre as mulheres. Portanto, uma abordagem preventiva durante o climatério é fundamental. Isso inclui a identificação de fatores de risco, a introdução de terapia hormonal em casos selecionados e a atuação de uma equipe multidisciplinar na abordagem cardiovascular para promover um envelhecimento saudável e para reduzir os riscos. A conscientização sobre essas questões é essencial para preservar a saúde e bem-estar das mulheres durante essa fase da vida”, destaca.

É importante que as mulheres estejam cientes dessas mudanças e adotem um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta equilibrada e a prática regular de atividade física, para ajudar a reduzir esses riscos durante o climatério e após a menopausa. Além disso, consultas médicas regulares são imprescindíveis para monitorar a saúde cardiovascular.