Mulher dormindo

Mulher dormindo

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A menopausa representa o fim do período reprodutivo da mulher. É quando a produção dos hormônios femininos cai, provocando ondas de calor, suores noturnos e secura vaginal. Somados a esses sintomas, aparecem os distúrbios de sono e sinais de depressão e ansiedade. Na fase pós-menopausa, que ocorre 12 meses após o último ciclo menstrual, até 60% das mulheres reclamam de insônia e má qualidade de sono. Recentemente, a médica Helena Hachul, do Instituto do Sono, apresentou no Congresso da Sociedade Americana de Medicina do Sono, em Indianápolis, nos Estados Unidos, um estudo sobre os benefícios obtidos com a inalação de óleo de lavanda, associada à higiene do sono, para melhorar a qualidade de vida dessas mulheres.

Ao lado da acupuntura, ioga e meditação, a aromaterapia pode complementar a medicina do sono para mitigar os efeitos da menopausa e contribuir para o bem-estar das pacientes. Os elementos que formam a estrutura química do óleo essencial de lavandula angustifolia têm efeitos hipnóticos e ansiolíticos. "A inalação de óleo essencial de lavanda aumenta a atividade das ondas alfa associadas ao eletroencefalograma e ao relaxamento", diz Helena Hachul. Paralelamente, a substância reduz a atividade das ondas beta, frequentes durante a vigília, o que sugere sua indicação para distúrbios de sono, ansiedade e estresse.

Já a higiene do sono é um conjunto de regras que preparam o organismo para relaxar e dormir bem. Essas práticas preveem, por exemplo, que a pessoa defina um horário para dormir e acordar, evite consumir bebidas estimulantes e alcoólicas até seis horas antes de dormir, dê preferência a alimentos leves no jantar, limite a prática de exercícios físicos até quatro horas antes de dormir, não acesse celulares, fique longe das telas (como celulares, televisão e tablets) uma hora antes de dormir. Os cochilos durante o dia, se necessários, devem durar até 45 minutos.

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O estudo Óleo essencial de lavanda e higiene do sono como opções terapêuticas para insones mulheres na pós-menopausa: um ensaio clínico randomizado foi realizado por Helena Hachul em conjunto com o presidente do Instituto do Sono, Sergio Tufik. Ele complementa o estudo Óleo essencial de lavanda em mulheres na pós-menopausa com insônia: ensaio randomizado duplo-cego, publicado em 2021 na revista Terapias Complementares da Medicina.

Óleo essencial

O estudo apresentado no congresso norte-americano foi randomizado duplo-cego, envolvendo 32 mulheres no pós-menopausa com queixas de insônia. Deste total, 17 inalaram óleo essencial de lavandula angustifólia durante quatro semanas antes de dormir. O grupo placebo, formado por 15 mulheres, inalou óleo de girassol neste mesmo período. Todas as participantes redigiram um diário sobre a percepção do sono e dos sintomas da menopausa. Como as mulheres nessa etapa de vida acordam mais vezes à noite, as integrantes de ambos os grupos enumeraram, por ordem de prioridade, quais os motivos desses despertares.

Óleo de lavanda

Óleo de lavanda

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Os pesquisadores notaram que a higiene do sono contribuiu para que as participantes dos dois grupos dormissem melhor. Mas só as pacientes que inalaram lavanda disseram ter acordado melhor na primeira semana. Comparado ao placebo, somente as pacientes do grupo lavanda apresentaram menos ondas de calor e sudorese noturna e menos episódios de depressão e ansiedade ao final da intervenção. É importante destacar que esses quatro fatores estão entre os 22 apontados pelas mulheres como causadores dos despertares noturnos.

A médica Helena Hachul afirma que este achado é importante porque, na menopausa, não basta tratar a queixa de sono de forma isolada. "É preciso abordar a saúde de maneira integrada e tratar a paciente como um todo. Neste ponto, a inalação de óleo essencial de lavanda mostrou ser, ao longo do tempo, capaz de melhorar o sono e a qualidade de vida das pacientes", aponta a especialista.