Obesidade, má alimentação, história familiar, tabagismo e sedentarismo e o aumento da idade são os principais fatores associados a um perfil de colesterol inadequado

Obesidade, má alimentação, história familiar, tabagismo e sedentarismo e o aumento da idade são os principais fatores associados a um perfil de colesterol inadequado

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Nesta terça-feira (8/8), comemora-se o Dia Nacional de Prevenção e Controle do Colesterol, data que serve para reforçar a importância de manter as taxas de colesterol sob controle por meio da adoção de uma vida saudável e da realização de exames preventivos e de acompanhamento. Manter esses cuidados na rotina é fundamental para a saúde, já que o colesterol alto é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças que ocupam o topo do ranking das que mais matam e incapacitam no país, como infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC), por exemplo. Além disso, está diretamente relacionado a casos de hipertensão arterial e insuficiência cardíaca.

Obesidademá alimentação, história familiar, tabagismosedentarismo e o aumento da idade são os principais fatores associados a um perfil de colesterol inadequado. Além disso, o exame de perfil lipídico, que analisa os níveis de colesterol total e suas frações HDL, LDL, VLDL, Não-HDL, Total e Triglicerídeos, deve fazer parte da rotina da população, independentemente da existência de fatores de risco, e sempre com indicação médica. A identificação precoce de altos níveis de colesterol pode ser fundamental para a prevenção de doenças graves.

"O desenvolvimento do colesterol alto é silencioso e pode ter causa genética, mas em muitos casos está ligado a hábitos inadequados de estilo de vida. É muito importante fazer o acompanhamento regular dessa taxa por meio de exame de sangue para que, caso esteja elevada, o médico possa sugerir mudanças na rotina do paciente ou mesmo recorrer à medicação a fim de reverter o quadro. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, menores as chances do impacto negativo na saúde e do desenvolvimento de doenças, principalmente as cardiovasculares", esclarece o médico Pedro Saddi, endocrinologista e patologista clínico membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML).

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A frequência para se fazer o exame de perfil lipídico deve ser definida pelo médico, mas pacientes fumantes, hipertensos, diabéticos, que já sofreram infarto, obesos ou que apresentam sobrepeso, com histórico familiar de doença cardíaca prematura ou de colesterol alto, portadores de doença cardíaca preexistente, de modo geral, devem realizar o exame com mais regularidade.

"O exame de perfil lipídico é um dos mais simples e eficazes que existem. Retiramos uma amostra de sangue do paciente sem obrigatoriedade de jejum, mas o médico do paciente pode preferir orientar um jejum de 12 horas antes da coleta do sangue, sendo permitida somente a ingestão de água. Um ponto importante é que o colesterol não deve ser medido quando o paciente está doente ou fazendo uso de certos medicamentos, já que essas situações podem alterar o resultado. Gestantes também devem aguardar pelo menos seis semanas após o parto antes de realizar o procedimento", explica Saddi.

27% das crianças e adolescentes brasileiros estão com colesterol alto

De modo geral, crianças e adolescentes são menos suscetíveis a apresentar colesterol elevado, mas uma pesquisa divulgada esse ano pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) concluiu que 27,4% das crianças e adolescentes brasileiros estão com colesterol fora do limite, que é de 170, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

O estudo mostrou também que 19% dos 117 mil voluntários de 2 a 19 anos analisados têm o LDL, o chamado "colesterol ruim", acima de 130, valor máximo recomendado para essa faixa etária pela SBC. As regiões com maior taxa são Nordeste, Sul e Sudeste.

"Esse achado é muito preocupante, já que o acúmulo de gorduras no sangue e nas artérias está diretamente relacionado ao surgimento de doenças graves na vida adulta, como infarto e AVC. Com isso, reforçamos a necessidade da adoção de hábitos saudáveis desde a infância", salienta o médico da SBPC/ML.

O que é o colesterol?

O colesterol é um composto químico gorduroso produzido pelo fígado e também obtido por meio da alimentação que é fundamental para o funcionamento do organismo.

É importante controlar o tipo LDL, chamado de "mau colesterol", mas também melhorar a taxa HDL, que é o bom colesterol. Quanto mais alto for esse marcador, menores são as chances do colesterol acumular nos vasos formando placas de gordura.

Tratamento


A indicação de tratamento é individualizada, e não existe um valor de corte válido para todos. Em geral, a indicação de tratamento depende do perfil de risco do paciente. Aqueles com risco cardiovascular mais elevado vão necessitar de tratamento mesmo que sua concentração de colesterol não seja tão elevada. Enquanto que, para um indivíduo de baixo risco cardiovascular, só há necessidade de tratamento quando a concentração de colesterol está mais elevada.

"Para atuar preventivamente e tentar evitar a elevação do colesterol, então recomendamos um peso adequado, praticar atividade física regularmente, com ao menos 150 minutos por semana, cuidar da alimentação, ter uma dieta que seja saudável e não seja uma dieta rica em colesterol. E importante dizer que, como a maior parte do nosso colesterol é produzido pelo nosso próprio organismo - o colesterol é uma molécula exclusiva do reino animal e está presente principalmente no leite e derivados, na gema do ovo e nas carnes - esses cuidados alcançam uma capacidade de redução de colesterol limitada. Por isso, os remédios serão necessários para a maior parte dos pacientes de maior risco cardiovascular. A medicação de primeira linha e a mais indicada ou a mais adotada é a classe das estatinas, que são medicações que reduzem a concentração de colesterol e reduzem o risco cardiovascular e o risco de mortalidade", explica o médico.