Cigarro

Cigarro

(Pixabay)

Apontado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como principal causa de doenças evitáveis, o tabagismo afeta 9,5% da população brasileira, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Agora, fumantes que desejam parar com o hábito de fumar poderão ganhar mais um aliado no tratamento contra o vício.

Trata-se do citisiniclina, um medicamento que ajuda na cessação do tabagismo. Feito a partir de plantas, o remédio é capaz de se ligar seletivamente aos receptores nicotínicos no cérebro, aliviando o desejo de fumar e reduzindo os sintomas de abstinência da nicotina.

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Essa constatação se refere à fase 3 da pesquisa e foi publicada na edição do dia 11 de julho deste ano, no Journal of the American Medical Association (Jama). Os resultados foram obtidos a partir de experimentos, que contaram com 810 participantes.

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Os voluntários foram divididos em três grupos, com cerca de 270 pessoas cada. O primeiro recebeu 3mg do medicamento, três vezes ao dia, durante 12 semanas. O segundo foi administrada uma dose igual, porém durante seis semanas. Nas demais semanas, o remédio foi substituído por um placebo. Já o terceiro grupo recebeu apenas placebo no decorrer de todas as 12 semanas. 

Nos resultados foram constatados que, entre a 9º e a 12º semana, 32,6% (um terço) dos participantes que receberam o medicamento, durante todo o período, ainda estavam em abstinência. No grupo placebo, esse percentual foi de apenas 7%.

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Para os participantes que receberam a citisiniclina por seis semanas, 25,3% estavam em abstinência entre a 3º e a 6º semana, contra 4,4% no grupo placebo naquele período. Os voluntários também relataram uma queda rápida e consistente do desejo pelo cigarro durante o primeiro semestre do tratamento.

“O tabagismo continua sendo a principal causa evitável de morte em todo o mundo, mas nenhum novo medicamento para parar de fumar foi aprovado pela Food and Drug Administration (agência reguladora dos EUA) por quase duas décadas. Existe uma necessidade urgente de novos medicamentos porque os atuais não ajudam todos os fumantes a parar e podem ter efeitos colaterais inaceitáveis. Se aprovada pelos reguladores, a citisiniclina pode ser uma nova opção valiosa para tratar a dependência do tabaco”, diz em comunicado a autora do estudo, Nancy Rigotti, diretora do Centro de Tratamento e Pesquisa de Tabaco do Hospital Geral de Massachusetts, da Universidade de Harvard.

Longo prazo

Os efeitos benéficos também foram considerados no longo prazo. Isso porque, de acordo com a pesquisa, entre o grupo de 12 semanas, 21,1% das pessoas continuavam em abstinência, enquanto somente 4,8% permaneciam no grupo placebo.

O remédio também foi considerado seguro e bem tolerado, causando apenas poucos efeitos colaterais, como náusea e insônia em menos de 10% de cada grupo.