Homem com mão na barriga

Homem com mão na barriga

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Com 1,4 milhão de óbitos ao ano no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as hepatites são a segunda maior causa de morte entre as doenças infecciosas, depois apenas da tuberculose. No Brasil, 264.640 pessoas foram diagnosticadas com o vírus da hepatite B e 279.872 com o da hepatite C - os tipos mais incidentes -, entre 2000 e 2021, conforme o boletim do Ministério da Saúde. Ambas, se não forem tratadas adequadamente, têm como agravante o potencial de evoluírem para cirrose hepática e câncer de fígado.

"A cirrose hepática é a etapa final do processo de adoecimento do fígado. As hepatites crônicas geram um estado inflamatório persistente no fígado. Ao longo dos anos, as áreas de inflamação são substituídas por cicatrizes, também chamadas de fibrose. Quando grande parte do tecido normal do fígado é substituído por fibrose, está caracterizada a cirrose hepática. Neste ponto, o seu funcionamento pode estar comprometido, levando a consequências importantes, uma vez que esse órgão é responsável pela produção de substâncias vitais, como proteínas, hormônios e fatores imunológicos. Embora não tenha cura, a cirrose precisa ser acompanhada e controlada, seja com medicamentos ou com medidas comportamentais", descreve o hepatologista e membro da Equipe Multidisciplinar de Gastroenterologia e Terapia Nutricional do Hospital Vila da Serra, Osvaldo Flávio de Melo Couto.

Já o carcinoma hepatocelular, explica Osvaldo Flávio, "é o câncer primário de fígado mais comum e mais frequente em pacientes diagnosticados com cirrose, principalmente por hepatites B e C, consumo excessivo de álcool e condições como obesidade e diabetes".

O hepatologista alerta que tanto as hepatites virais como o câncer hepático têm em comum serem doenças silenciosas nas fases iniciais. Os sintomas aparecem, geralmente, em um estágio adiantado do quadro. "Febre, urina escura, dor abdominal, fraqueza, fadiga, náuseas, vômitos, icterícia (olhos e pele amarelados) e fezes esbranquiçadas são os principais indicativos da infecção viral aguda. Um quadro de emagrecimento ou descompensação de doença hepática (icterícia, inchaço abdominal) pode ser um sinal do surgimento do câncer", afirma.

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A prevenção começa entendendo como ocorre a contaminação do vírus das diferentes hepatites. "A transmissão da hepatite B se dá principalmente durante a relação sexual desprotegida e pode ocorrer também de mãe para filho durante o parto. Já a hepatite C é transmitida no contato com sangue contaminado, por exemplo, durante o compartilhamento de agulhas entre usuários de drogas, uso de materiais não descartáveis e não esterilizados (alicate de unha, material cirúrgico, lâmina de barbear ou depilar). A rede privada oferece as vacinas contra as hepatites A e B, e a segunda é disponibilizada gratuitamente pelo SUS, além de proteger contra a hepatite D, uma variante mais rara que pode levar a um quadro mais grave da doença", esclarece Osvaldo Flávio.

O médico acrescenta que há também as hepatites não transmissíveis, alcoólica, tóxica e autoimune, dentre outras. "A primeira ocorre em alcoolistas crônicos, a segunda é uma resposta ao uso indiscriminado de remédios, suplementos alimentares e chás. A terceira condição é uma alteração do sistema imunológico que leva a um desequilíbrio das células de defesa, com agressão às células do fígado. É importante realizar o diagnóstico diferencial e acompanhamento médico para o tratamento mais adequado", orienta.