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Estado de Minas INFÂNCIA

Não é teimosia: repetições são fundamentais para o desenvolvimento infantil

Nanda Perim, especialista em desenvolvimento emocional infantil, explica quando repetir é saudável e em que ponto merece atenção


13/12/2022 10:32 - atualizado 14/12/2022 11:25

Criança brincando
(foto: Banco de Imagem)

Seu filho tem uma roupa preferida, e assiste repetidas vezes o mesmo filme. Às vezes, insiste em fazer algo, mesmo que os pais tenham dito para não repetir. Pode parecer teimosia, mas não é. Crianças dependem desses movimentos repetidos, pois faz parte do aprendizado. As repetições são importantes para o desenvolvimento emocional e para o aprendizado dos pequenos. Em cada ação repetida, a criança enxerga outras possibilidades daquela situação, percebe habilidades e competências.

A psicóloga Nanda Perim, a PsiMama (@psimamaa), explica que o cérebro da criança precisa repetir a mesma ação muitas vezes para conseguir consolidar aquele conhecimento. De acordo com a especialista, durante a primeira infância isso é mais importante, porque o cérebro ainda está em formação. Ao ter a mesma informação várias vezes, os pequenos conseguem entender, elaborar e saber como agir.

"Ela terá que errar muitas vezes para acertar. A coordenação motora vai depender de muito exercício até a criança conseguir efetivamente aprender, e esse aprendizado não é linear. Ela aprende, desaprende e depois aprende de novo. Tem muita informação que o cérebro da criança não absorve tão bem. A gente explica, mas os pequenos dependem de várias repetições até entender. Todos esses processos são muito complexos - demandam que os adultos tenham a paciência de insistir e explicar de maneiras diferentes. O principal é acreditar que, eventualmente, o aprendizado vai chegar", comenta.

Nanda reforça que os pais não devem desistir de ensinar, porque para concretizar o ensinamento leva um tempo. Outro conselho é não pensar que seja um afronta dos pequenos. Segundo a psicóloga, a decisão não parte da criança - as repetições não acontecem porque ela quer, mas sim por ser o que ela dá conta de fazer. Porém, Nanda alerta que, quando a repetição se torna uma forma de comunicação, passa a ser negativa.

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"Quando a criança se sente abandonada, rejeitada, ou esquecida, fará mesmo sabendo que não pode, mas para conseguir a atenção do adulto. Então, essa criança está comunicando uma necessidade de atenção, de tempo junto, de sentir amada e aceita. Se torna um problema quando essa criança demonstra dificuldade, quando mesmo com sete, oito, nove, dez anos, ela repete e não consegue aprender. Nessa situação, o correto é buscar profissionais que vão ajudar a desenvolver o cognitivo, o motor e o emocional, para que o aprendizado não seja tão difícil", diz a psicóloga.

Criança com a mãe
(foto: Banco de Imagem)

De acordo com a profissional, é também um problema quando os pais falam, mas os filhos não entendem o que tem sido ensinado com frequência. Isso acontece porque a criança não aprendeu que aquela é a resposta final, e insiste no erro porque os pais desistem e deixam que faça da forma errada.

"Uma coisa é entender que terá que explicar muitas vezes como se faz. Outra é desistir e a criança fazer de qualquer jeito porque está chorando. Assim, não aprende a fazer da maneira que se deve fazer, mas a chorar, reclamar e reagir, até que permitam que ela faça do jeito que ela quer, mesmo que não seja o mais saudável e seguro. Isso é o que culturalmente vamos chamar da criança mimada. Acho esse termo muito ruim, pois é como se fosse uma característica da criança, uma decisão dela, e não uma responsabilidade do adulto que caiu na zona de conforto negligenciando o que era certo para fazer o mais fácil. A repetição se torna um problema nessas situações", conclui.


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