(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas SAÚDE MENTAL

Depressão de fim de ano: como lidar com esse sentimento?

Pressão da família, colegas e amigos pode acarretar um desgaste paradoxal: pessoas ficam infelizes porque se sentem na obrigação de estarem 'bem', 'para cima'


12/12/2022 12:43 - atualizado 12/12/2022 12:43

três bolinhas sorrindo, amarelas, e uma triste, vermelha
No fim do ano, as pessoas costumam refletir sobre tudo que fizeram e, quando o saldo não é muito positivo, muitas tendem a se frustrar (foto: Gerd Altmann /Pixabay )
Estamos há poucas semanas do Natal e réveillon. Nesta época a felicidade parece estar no ar. Ela aparece nas luzes dos shoppings coloridas, nas praças enfeitadas e nas propagandas de TV, que vendem, a todo instante, a ideia de que deve-se ficar feliz neste período, no melhor estilo ‘gratiluz’ e good vibes. Há ainda a pressão da família, dos colegas e dos amigos, o que acaba acarretando, em um desgaste paradoxal: pessoas ficam infelizes porque se sentem na obrigação de estarem “bem”, “para cima”. Prova disso é que o Centro de Valorização da Vida (CVV) divulgou que, no mês de dezembro, principalmente durante o período de datas comemorativas, as ligações de pessoas pedindo ajuda costumam aumentar 15%. 

Segundo a psicóloga Adriane Pedrosa, essa depressão de fim de ano pode ocorrer devido ao simbolismo que o período carrega. “Nesta época as pessoas costumam refletir sobre tudo que fizeram. Geralmente quando o saldo não é muito positivo, elas tendem a se frustrar, ficarem mais tristes. Muitas, inclusive, acabam sucumbindo pois não conseguem se deparar com essa fragilidade e o sentimento de impotência ou fracasso”.

A psicóloga, que faz parte da equipe interdisciplinar da Cetus Oncologia, acrescenta ainda que o mundo de aparências das redes sociais também pode despertar um sentimento de exclusão em várias pessoas que não se sentem envolvidas pelo midiático ‘espírito natalino’.  “Elas (as redes sociais) vendem muitos clichês. O comércio, de modo geral, se apropria disso e cria a necessidade do consumo exagerado. Com isso, a sensação que se tem é de que a felicidade só está naquilo que aparece e é visível aos olhos dos outros: no closet cheio de roupas novas, nos posts mostrando as fotos do réveillon na praia. Logo, quem se sente a margem desse sistema opressor, infelizmente, fica mais vulnerável”, ressalta Adriane Pedrosa.

Leia também:  Fim de ano: como lidar com estresse e ansiedade com a chegada de 2023.

Há ainda, segundo a psicóloga, os casos em que as pessoas acabam comprando em excesso, nestas datas, apenas para camuflar as tristezas, decepções e inseguranças diante da vida.

Como lidar com essa época?

psicóloga Adriane Pedrosa
A psicóloga Adriane Pedrosa diz que a depressão de fim de ano pode ocorrer devido ao simbolismo que o período carrega (foto: Marcele Valina/Divulgação)
Para Adriane Pedrosa, a melhor forma para quem deseja minimizar a sensação de depressão e tristeza que pode surgir nesta época de festas ou não ser tomado pela onda exacerbada de consumo só para se sentir inserido socialmente, é entender que a verdadeira felicidade não é algo tangível, que se compra ou vem de fora. “Quem está se sentindo vazio por achar que ela (a felicidade) é medida por aquilo que temos e não somos, deve, começar aos poucos, ter pequenas atitudes de gentileza no dia a dia, inclusive com pessoas desconhecidas, e não focar apenas em si”.

O trabalho voluntário em instituições filantrópicas, segundo a psicóloga, pode ser uma alternativa nesse caminho. “Quando ajudamos os outros de forma genuína, começamos a nos sentir mais úteis e a buscar os pequenos prazeres em algo que está dentro de nós e não nas circunstancias ou nos outros”, pontua.

Leia também: O que é a ditadura da felicidade e como podemos escapar dela.

Ainda de acordo com Adriane Pedrosa, a partir do momento em que desenvolvemos essa postura humana, vamos nos nutrindo com sentimentos mais positivos, capazes de preencher a alma, como o amor, a bondade e a resiliência. “O final do ano e a forma midiática como ele é vendido é algo que sempre vai existir. O mais importante é tentarmos entender que esse momento é só uma convenção estabelecida em calendário. O que deve mudar é a nossa postura, ou seja, como encaramos essa passagem e quais forças iremos precisar para superarmos insucessos, traumas e até perdas, que vão além de Natal e réveillon.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)