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Estado de Minas EX-PRESIDENTE

Bolsonaro ficou com 94 presentes antes de serem registrados

Ex-presidente dava ordens à equipe para não catalogar os presentes de forma adequada


04/04/2023 09:05 - atualizado 04/04/2023 09:46

Jair Bolsonaro
Ex-presidente não declarava corretamente os presentes recebidos (foto: Reprodução/AFP)
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou com 94 presentes recebidos ao longo do mandato (2019 - 2022) antes deles serem analisados pela equipe do patrimônio histórico do Palácio do Planalto.

De acordo com documentos obtidos pelo jornal Globo, o ex-presidente não catalogava os presentes de forma adequada e os itens eram registrados com uma declaração genérica. Entre os objetos recebidos pelo ex-presidente estão canetas de luxo, pedras raras, assento massageador e uma espingarda semi-automática.

Conforme os documentos, mais de 9 mil presentes foram entregues ao ex-presidente. Quando Jair Bolsonaro decidia ficar com uma peça, ele dava ordens à equipe para que o item não passasse pelo procedimento padrão de análise. 

Dessa forma, os funcionários do Palácio do Planalto diziam que não era possível detalhar a peça. "Não foi possível detalhar a descrição da peça, uma vez que a mesma foi entregue diretamente ao presidente, a pedido do mesmo, sem passar por este GADH [Gabinete Adjunto de Documentação Histórica]". 

O GADH é responsável por avaliar e documentar tudo o que o Presidente da República recebe de presente. A reportagem procurou a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para questionar sobre a prática de não catalogar os presentes, mas não obteve retorno. 
 

Presentes


Entre os itens recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro está uma espingarda da marca Typhoon Defense, semi-automática, de calibre 12, avaliada em US$ 500 a US$ 700 dólares. Ele também recebeu dois carregadores, uma bandoleira, um kit de manutenção e uma caixa de 25 unidades de cartuchos de munição.

Outro item não declarado corretamente é um assento massageador da marca Shiatsu PRO, que custa cerca de R$ 1 mil.

Recorrentemente, Jair Bolsonaro ressaltava a sua preferência pela marca de canetas Bic, no entanto, entre alguns dos itens não catalogados estão canetas de luxo, que chegam a custar até R$ 6 mil cada. Um exemplo é uma Mont Blanc edição especial 'Walt Disney'. 
 
Jair Bolsonaro também recebeu uma amostra de pedras ametistas, uma variedade de quartzo muito usada como ornamento. 

Alguns dos itens que estão descritos, como é o caso de uma representação do Arcanjo Miguel, descrevem superficialmente a peça, mas não informam o valor estimado ou, por exemplo, o material da peça. "Apresenta base em tons de marrom, com ornatos em dourado e placa tendo a inscrição 'ARCANJO MIGUEL' na frente", diz o inventário. 
 

Joias sauditas


Jair Bolsonaro é alvo de uma investigação suspeito de trazer kits de joias de forma ilegal para o Brasil. O ex-presidente recebeu três conjuntos de joias do governo da Arabia Saudita. Em outubro de 2021, a comitiva do governo Bolsonaro tentou trazer ilegalmente presentes dados por sauditas. Na ocasião, os bens não foram declarados pela comitiva liderada pelo ex-ministro Bento Albuquerque e a caixa de presentes, estimada em R$ 1 milhão, passou pela alfândega. 

Já o segundo pacote de joias foi retido pela Receita Federal. No dia 26 de outubro daquele ano, durante fiscalização de passageiros que desembarcavam em Guarulhos (SP), vindos da Arábia Saudita, agentes da alfândega encontraram na bagagem de Marcos André dos Santos Soeiro, assessor de Bento Albuquerque, uma escultura de um cavalo com cerca de 30 centímetros, dourada, com as patas quebradas. Dentro da peça estavam os estojos com as joias e o certificado de autenticidade da empresa suíça Chopard.

Este segundo conjunto foi estimado em cerca de R$ 16,5 milhões e seriam, supostamente, presentes para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro. Após a repercussão do caso, Michelle negou ter conhecimento das joias. 

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro entregou o pacote de joias à Caixa Econômica Federal, conforme determinado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). 

Na última semana, um terceiro pacote foi revelado. Conforme informado pelo jornal O Estado de S. Paulo, diferentemente dos outros presentes, este foi recebido em mãos pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, durante uma comitiva a Doha, no Catar, e em Riade, na Arábia Saudita, entre os dias 28 e 30 de outubro de 2019.

A defesa do ex-presidente afirmou que também vai devolver o terceiro pacote.


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