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Estado de Minas INCONFORMADOS

Bolsonaristas ignoram posse de Lula e permanecem em frente a quartel em BH

Grupo já está há 63 dias acampado na Avenida Raja Gabaglia e segue contestando o resultado das eleições mesmo com início oficial do governo do petista


01/01/2023 18:09 - atualizado 01/01/2023 18:37

Acampamento bolsonarista na Raja Gabaglia
Bolsonaro é pouco citado nos discursos, mas segue sendo presença nas faixas e cartazes (foto: Bernardo Estillac/ EM/ D.A. Press)
Enquanto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomava posse em Brasília-DF para dar início ao seu terceiro mandato na presidência da República, bolsonaristas seguiam a rotina de contestação às eleições em frente à Companhia de Comando da 4ª Região Militar, na Avenida Raja Gabaglia, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Alheios às cerimônias na capital nacional, o discurso dos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) neste 1º de janeiro é carregado de temas religiosos, que se sobrepõem aos apelos ao ex-presidente e às Forças Armadas.

Todas as barracas, os banheiros químicos, o trio elétrico e os cones que fecham uma pista da avenida em ambos os sentidos permanecem na avenida no primeiro dia de governo Lula. Um dos líderes do movimento, Esdras dos Santos discursou a maior parte da tarde e convocou repetidas vezes os manifestantes a rezar e a cantar o hino nacional e da bandeira.
Em uma das poucas vezes em que o discurso religioso deu espaço à política, uma mulher que se apresentou como Cristina reproduziu informações que teria recebido em um áudio enviado pelo General Heleno, um dos nomes do exército mais próximos a Bolsonaro. Segundo ela, a partir desta noite, ou amanhã, a junta militar entrará em ação, informação que foi recebida com comemoração pelos que a ouviam.

“Nesse áudio ele vai citando todos os crimes que foram cometidos até o momento pelo TSE, pelo Supremo e pelo partido de esquerda. Nesse período todo, o que nós mais estamos esperando? A intervenção militar. Todos os vídeos e áudios dizem que a intervenção só aconteceria quando o crime fosse consumado. Teve gente que disse que o crime seria consumado no dia 12, ou no dia 19, com a diplomação de todos, sendo que o que não poderia acontecer era a posse. A posse é a consumação do crime”, afirmou a mulher.

 
 
Imagens bíblicas, como as das histórias de Davi e Golias ou a fuga dos hebreus do Egito, eram recorrentemente apresentadas nos discursos propagados nas caixas de som. A todo momento, também era repetida a ideia de que os manifestantes são “vitoriosos em Cristo” e aludia à religião como elemento para manter a fé na possibilidade de que Lula não exerça o mandato para o qual foi eleito, ainda que, a cerca de 700 quilômetros, o petista subia a rampa do Palácio do Planalto à revelia das orações.


Durante toda a tarde, a rotina dos manifestantes permaneceu semelhante a dos outros 63 dias em que estiveram acampados em frente ao quartel do exército. Sem movimentação para desmontar a estrutura, a liderança dos bolsonaristas repetiu algumas vezes que o grupo só vai liberar a Avenida Raja Gabaglia quando houver uma manifestação e um pedido das Forças Armadas: “Nossa conversa é com Deus, Ele vai dizer quando devemos sair e vai usar a boca do exército. Enquanto as Forças Armadas não se pronunciarem, não sairemos daqui”.

Nas palavras de ordem, a mudança mais significativa em relação aos dois meses que separaram o fim da eleição e a posse de Lula foi a supressão do grito “se precisar, a gente acampa/ mas o ladrão não sobe a rampa”. Diante da cerimônia que acontecia em Brasília, a referência à cerimônia de início de governo passou a ser “a guerra está começando agora” ou “não vamos aceitar bandido assumir”.

Os comandantes das Forças Armadas já sinalizaram que aguardam ordem de Lula para determinar a desmobilização dos acampamentos em frente a quartéis em todo o país. José Múcio Monteiro, nome escolhido pelo petista para o ministério da Defesa em aceno aos generais, já está em contato com as lideranças militares desde antes da posse, mas ainda não houve uma manifestação formal no sentido de remover os manifestantes bolsonaristas das ruas.
 
Acampamento bolsonarista na avenida Raja Gabaglia
Com a bíblia na mão, liderança do movimento cria clima de 'culto' na manifestação (foto: Bernardo Estillac/ EM/ D.A. Press)
 


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