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Estado de Minas 'O NOVO WHATSAPP'

Negacionismo, fake news e autopromoção; o Telegram da família Bolsonaro

O Estado de Minas analisou as mensagens enviadas pela família Bolsonaro entre os dias 18/01 e 22/01


22/01/2021 16:57 - atualizado 22/01/2021 20:04

O Telegram da família Bolsonaro(foto: Telegram/Reprodução)
O Telegram da família Bolsonaro (foto: Telegram/Reprodução)
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), migraram do Whatsapp para o Telegram. A rede social russa permite que eles possam se comunicar com seus apoiadores sem as restrições aplicadas em outras plataformas. No aplicativo, a família Bolsonaro usa “a lista de transmissão” de seus “canais” para compartilhar projetos do governo, expressar suas opiniões, postar vídeos e viralizar fake news.

A migração para o Telegram aconteceu depois que o movimento de direita para boicote do Facebook, Instagram e Twitter começou a circular. As redes vêm marcando ou suspendendo mensagens negacionistas durante a pandemia de COVID-19, apagando fake news e alertando sobre discursos extremistas. 

Esse movimento acabou ganhando mais força depois que o Twitter apagou a conta do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A ação aconteceu quando ele usou a rede social para incitar a invasão ao Capitólio, sede do Legislativo norte-americano.

O Whatsapp, que durante as eleições foi usado como trunfo para a campanha de Bolsonaro, é administrado por Mark Zuckerberg, mesmo "dono" do Facebook e Instagram.

Em agosto do ano passado, o aplicativo lançou um novo recurso para combater a disseminação indiscriminada de notícias falsas e outras formas de desinformação, o que também afastou a ala bolsonarista da rede.

Tendo em vista que o Telegram é a nova ferramenta utilizada pelo governo federal para se comunicar com apoiadores, o jornal Estado de Minas analisou as mensagens enviadas pela família Bolsonaro entre os dias 18/01 e 22/01.
 

Jair Bolsonaro e a promoção do governo-federal

Jair Bolsonaro (sem partido)(foto: Agência Brasil/Reprodução)
Jair Bolsonaro (sem partido) (foto: Agência Brasil/Reprodução)
 
18/01

Na segunda-feira, Jair Bolsonaro utilizou o aplicativo de mensagens para compartilhar seu encontro com o embaixador da Ìndia, Suresh K.Reddy. A ação foi feita para negociar o envio das vacinas da Oxford que estavam “presas” no país.

Bolsonaro também compartilhou um release sobre uma ação do governo para a capacitação de jovens e para uma nova concessão da ferrovia Malha Oeste, que liga São Paulo ao Mato Grosso do Sul.

Ainda durante o primeiro dia da semana, Bolsonaro compartilhou uma notícia sobre a Polícia Federal. Na imagem, postada pelo presidente, seu rosto é colocado ao lado da manchete: “Polícia Federal combate desvios de recursos federais destinados ao combate de COVID-19”. 

Ele também compartilhou um post do ministério da Saúde sobre o envio de cerca de 7 usinas geradoras de oxigênio para Manaus. A cidade vive um colapso no sistema de Saúde.

19/01

Na terça-feira, Bolsonaro voltou a promover seu governo. Ele compartilhou duas publicações sobre o assunto. Na primeira, um post do ministério da Saúde sobre o envio de equipamentos para o Amazonas e, na segunda, uma imagem com a foto do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e letras garrafais amarelas e verdes, dizendo que o ministro estava enviando cilindros para Manaus. 

O que chama atenção é que o post com a foto de Pazuello é de uma página conservadora chamada “direitaconcervadora1.0” no Instagram. “Mais informações atualizadas nas redes sociais”, informa Bolsonaro, promovendo o perfil.

20/01
 
A quarta-feira de Bolsonaro foi agitada. O presidente fez 7 posts no aplicativo de mensagens, todos voltados, mais uma vez, para promoção do governo.

A Ferrogrão, a cidade de Manaus, a Aeronáutica e o Ministério da Ciência Tecnologia e Inovações foram citados. Na maioria, os posts foram feitos para mostrar as ações do governo em Manaus. 
 
21/01
 
Na quinta-feira, Bolsonaro compartilhou uma força-tarefa da PF para o combate ao crime organizado. Além disso, ele fez uma postagem sobre a Força Aérea Brasileira (FAB) e também sobre a tarifa de pneus. 
 
Por volta das 15h40, Bolsonaro postou uma foto do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. No post, Bolsonaro cumprimenta o ministro. “Meus cumprimentos ao ministro Ernesto Araujo e aos servidores do Itamaraty pelo trabalho realizado”, escreve. O presidente se referiu à notícia de que o governo da Índia tinha liberado a exportação de vacinas.
 
Depois disso, o presidente também compartilhou um vídeo dele em meio a uma aglomeração. Na imagem, Bolsonaro, sem máscara, é abraçado por apoiadores.
 
O presidente também postou o link da famosa “live de quinta-feira”.
 
22/01
 
Até o fechamento desta matéria, o presidente compartilhou uma montagem que informava que ele teria assinado um decreto com o intuito de levar mais “segurança jurídica e tributária para as empresas”.
 
O presidente também enviou um vídeo das vacinas da Oxford/Astrazeneca sendo colocadas dentro de um avião na Índia e um post da Marinha do Brasil falando sobre o envio de oxigênio líquido para o Norte do país.
 
Por volta das 10h50, Bolsonaro postou outro vídeo. Esse mostrava uma obra em Fortaleza.
 
Às 11h57, o presidente agradeceu a Índia pelo envio das vacinas e, logo em seguida, fez outro post da Secretaria de Comunicação. 

 
Flávio Bolsonaro e a revolta com Doria

Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Jair Bolsonaro (sem partido)(foto: Redes Sociais/Reprodução)
Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Jair Bolsonaro (sem partido) (foto: Redes Sociais/Reprodução)

18/01
 
O filho mais velho de Bolsonaro, compartilhou, na segunda-feira, um vídeo em que Bolsonaro culpa o secretário de Saúde do Amazonas pelas mortes por COVID-19 no estado. Nas imagens, Bolsonaro volta a criticar a imprensa.

“Daqui a pouco vai faltar band-aid e vão me culpar”, ironiza Bolsonaro.

Flávio compartilhou a entrega de recursos ao Amazonas e uma montagem sobre a redução de impostos. Igual ao pai, o filho 01 de Bolsonaro também compartilhou o post do Ministério da Saúde sobre o envio de oxigênio para Manaus.

Em outro post, Flávio fala sobre o decreto que disponibiliza mais de R $1,3 bilhão de crédito para aquisição de vacinas. 

19/01
 
Na terça-feira, Flávio começou o dia ironizando o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). O senador compartilhou um vídeo do jornalista Rodrigo Constantino, da Jovem Pan.

Nas imagens, um apresentador compara fotos de diversos países durante a primeira vacinação com o momento no Brasil. Doria aparece nas imagens, diferentemente dos outros governantes. “O passinho para frente de Doria para sair na foto é emblemático”, brinca Flávio. 
 
Em outro vídeo, Flávio ironiza a primeira vacinada no Brasil, a enfermeira Mônica Calazans. Primeiro, as imagens mostram Mônica lamentando pela pandemia e, depois, são compartilhadas fotos dela na praia. Não existe comprovação de que os "posts da enfermeira” sejam verídicos. 

“E o Oscar vai para...”, escreveu o senador.
 
20/01
 
Na quarta-feira, o senador ironizou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Em um post, ele compara o resultado das estatais de 2015 e 2019, no governo Bolsonaro. Depois, ele volta a compartilhar os recursos do governo federal enviados para Manaus.
 
Flávio também compartilhou um post sobre a segunda etapa da usina termelétrica do Poço Açu.

Depois ele faz mais três posts promovendo o governo do pai.
 
21/01
 
Flávio começa a quinta-feira compartilhando ações das Forças Armadas Brasileiras. Depois, faz elogios ao Ministério da Economia e posta uma foto do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. 
 
Assim como o pai, Flávio compartilhou o link da live de Bolsonaro.
 
22/01
 
Hoje, Flávio compartilhou um vídeo das vacinas da Índia e imagens de Bolsonaro em meio a aglomerações.

Em outro post, ele xinga a imprensa e questiona uma notícia do portal Jornal da Globo no Twitter. Com um emoji, o senador se mostra “revoltado” com o canal de notícias. 

 
Eduardo Bolsonaro e o tratamento precoce 

Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)(foto: Agência Brasil/Reprodução)
Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) (foto: Agência Brasil/Reprodução)
 
18/01
 
O deputado federal Eduardo Bolsonaro começa a segunda-feira atacando a mídia. “Pessoal, desculpa se vou desapontar, mas é só mais uma fake news da Folha”, escreve.

Depois, ele compartilha um post do Uol com a manchete: “Bolsonaro resgata gabinete do ódio”.

Em outra postagem ele escreve, “Quem sabe sobre saúde não é Ministério da Saúde, mas sim o Twitter (ironia)”, brincou.

Em seguida, ele promove o tratamento precoce contra COVID-19, que não tem comprovação científica. “Tratamento precoce salva vidas, nos primeiro sintomas procure um médico”.

O deputado fala também sobre o aviso do Twitter que privou uma mensagem do Ministério da Saúde. “Mais uma para coleção de ‘fique em casa’.”

Depois, Eduardo compartilha uma notícia do portal Metrópoles sobre o músico Marcelo D2. Na manchete: “Marcelo D2 curte churrasco quatro dias depois de ser diagnosticado com COVID-19”. O rapper é grande crítico da família Bolsonaro.

Eduardo também ataca Doria. “Após aumentar o imposto sobre matérial cirúrgico, alimentos e pasta de dente, agora Doria acaba com o PROAC. Ele ainda prometeu a volta do projeto em 2023, ignorando o fato que seu mandato acaba em 2022.”

Em outro post, o deputado federal ataca Luciano Huck e o chama de “maior hipócrita do Brasil''.
 
19/01
 
Na terça-feira, o deputado compartilhou um vídeo onde aparece falando sobre a questão de Manaus. 
 
Eduardo também compartilha as respostas às perguntas feitas por seus apoiadores no Instagram. Nos posts, ele diz que vai tomar a vacina, mas vai esperar efeitos colaterais.

Em outro post, ele diz que o Brasil não tem caixa para sustentar a continuidade do auxílio emergencial. Ele também afirma que o Brasil está a caminho de ser um país com “livre comércio”.
 
O filho 03 do presidente fala sobre o porte de armas. Segundo ele, três decretos devem ser alterados em breve. “Acredito que o melhor momento político para a publicação seja após as eleições para presidente da Câmara e Senado”, escreve.
 
Novamente, Eduardo cita o governador de São Paulo. "Doria não sabe o que é Brasil, vive numa bolha de puxa-sacos. Uma realidade paralela, por isso não aceita o desafio do presidente de ir numa padaria comum, igual a todo brasileiro.”
 
O deputado também falou sobre o possível impeachment do presidente Jair Bolsonaro. “Não acredito nisso. Nossos inimigos sempre vão tentar, mas não há espaço para isso”, escreve.
 
20/01
 
Eduardo Bolsonaro começa a quarta-feira comentando uma pergunta feita por um apoiador.

No post, o questionamento feito foi: “Vocês não cansam de tanto imbecil contando mentiras, falando bobagens e difamando vocês?”.

Eduardo responde: “É o caminho a ser trilhado se quisermos um Brasil livre. É uma guerra de longo prazo. Eu procuro não me permitir estressar, penso que é parte do trabalho.”
 
Por volta das 10h40, o deputado faz três novas postagens. Uma elogiando o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos). A segunda xingando a Rede Globo e o ator José Dirceu e a terceira voltando a citar João Doria. 
 
Depois, ele posta um vídeo de Kim Paim, onde ele fala que Doria “age sempre de olho no marketing, independente da verdade ou bem estar dos brasileiros.”
 
21/01
 
Na quinta-feira, Eduardo começa o dia atacando a Globo. Segundo ele, a rede de comunicação é uma “imprensa militante e ideologizada, que pensa que bandido é vítima da sociedade.”
 
Em outro post, o filho 03 fala sobre o governo de Jair Bolsonaro. Segundo ele, mesmo em meio à pandemia, o presidente não deixou “o combate ao crime em segundo plano”.
 
Por volta de 12h, o deputado federal fez um post defendendo o uso de Ivermectina, que, segundo ele, “salva vidas”. O remédio não tem comprovação científica contra COVID-19. 

Em seguida, ele compartilha uma “notícia” falsa sobre a eficácia do medicamento.
 
22/01
 
Hoje, Eduardo Bolsonaro falou sobre as vacinas de Oxford e elogiou a thread escrita por Filipe G. Martins no Twitter.
 
Depois, o deputado federal falou sobre o Twitter. Ele explica que a rede social apagou a conta de OiLuiz depois que compartilhou fake news. Em seguida, ele diz que a rede social foi condenada a pagar R$ 7 mil ao usuário.

 
Carlos Bolsonaro e o ataque à imprensa

Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ)(foto: Redes Sociais/Reprodução)
Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) (foto: Redes Sociais/Reprodução)
 
18/01
 
Na segunda-feira, Carlos Bolsonaro fez 12 postagens. O turismo, Manaus, os pescadores, a PF e a vacinação foram citados. 

Ao falar sobre a Folha de S.Paulo, o vereador diz: “Presidente resgata o povo da roubalheira e impren$$$$a fica com ódio.” 
 
No post, ele publica um print de uma manchete do jornal sobre o gabinete do ódio. Carlos é citado como participante desse gabinete.

Em outro post, o vereador fala sobre o encontro de Jair Bolsonaro e o embaixador da Índia, Suresh K Reddy.

Carlos também postou um vídeo de Bolsonaro. Nas imagens, o presidente fala sobre a vacinação e recomenda o tratamento precoce. “A vacina é só para quem não pegou ainda”, diz o presidente, contrariando a orientação dos especialistas.

O vereador também compartilhou um vídeo da primeira vacinação no estado do Rio de Janeiro. “Aglomerações de jornalistas do bem”, escreve.

19/01 
 
Muito ativo na rede social, Carlos fez 13 posts na terça-feira. O filho 02 do presidente começa o dia promovendo o governo federal e ações de seu pai. Ele chega a compartilhar um vídeo do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre ações durante a pandemia de COVID-19.
 
O vereador, assim como o irmão, também compartilha as fotos da enfermeira Mônica na praia. 
 
Em seguida, postou um vídeo de Jair Bolsonaro abraçando apoiadores sem máscara. 
 
Depois, o vereador volta a xingar a imprensa e repete a frase: “Aglomeração da impre$a do bem”.
 
Por volta das 21h30, o vereador ironiza João Doria. “Estado de São Paulo ultrapassa 50 mil mortes por COVID-19 e nenhum pio da grande mídia. Por que será?”
 
20/01
 
Carlos começa a quarta-feira questionando onde está o dinheiro repassado pelo governo Bolsonaro para Manaus. “Onde estão os equipamentos e respiradores de última geração?”, escreve.
 
Depois, o filho 02 do presidente fala sobre a Ferrogrão e compara os números do governo Dilma com Bolsonaro.
 
Em outro post, Carlos volta a xingar a imprensa e, em seguida, compartilha uma foto do político Ciro Gomes (PDT) abraçando um poste.
 
Logo depois, o vereador volta a fazer posts promovendo ações básicas do governo federal.
 
No último post do dia, Carlos conta que Pazuello se reuniu com o embaixador da China, Yang Warming, e conversou sobre insumos para a vacinação.
 
21/01
 
Na quinta-feira, Carlos Bolsonaro fez 19 postagens. Em sua maioria, promovendo ações do governo.
 
Chama a atenção um post em que o filho do presidente põe em dúvida o incêndio que ocorreu no Instituto Serum, que produz as vacinas de Oxford na Índia. “Mera coincidência?", questionou.
 
Carlos também compartilha uma notícia sobre Fernando Haddad (PT) e João Amoedo (Novo). “A esquerda e não tão nova esquerda mais unidas que nunca! Nenhuma surpresa.”
 
Ele também compartilha uma frase de seu próprio Twitter. “Fique em casa a economia a gente vê depois! Aumente os impostos, gera desespero, desemprego e os lockdowns que causam mais mortes... então culpe o Presidente que pede razoabilidade desde o início. Boa sorte, Brasil!”, reescreve.
 
No último post, Carlos compartilha um vídeo de Jair Bolsonaro em meio às aglomerações na Catalândia, Bahia. Nas imagens, o presidente abraça apoiadores sem máscara, pega crianças no colo e bebe um líquido.
 
22/01
 
Até o fechamento desta matéria, Carlos Bolsonaro compartilhou 11 posts em sua conta do Telegram. 
 
O post que mais chama atenção é o que xinga a TV Globo. “A tal emissora dos artistas faz tudo para determinar que você fique em casa e perca seu emprego e dignidade. É a latrina da informação brasileira. Para seu bem estar, sugiro que nunca mais ligue nesse canal.”
 
 
  

 
 
 
 
 
 
 
 

 
  


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