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COVID-19: post engana ao desacreditar eficácia das vacinas contra a doença

Conteúdo engana ao afirmar que 'não há nenhuma lógica' em se vacinar, uma vez que pessoas imunizadas podem, como as não protegidas, transmitir o vírus


23/07/2021 09:07 - atualizado 23/07/2021 11:20

(foto: Projeto Comprova/Reprodução)
(foto: Projeto Comprova/Reprodução)
Investigado por Correio Braziliense e Folha de S.Paulo

Conteúdo verificado: Publicação no Instagram que tenta colocar em xeque a eficácia dos imunizantes contra a COVID-19 ao afirmar que tanto pessoas vacinadas quanto não vacinadas podem transmitir o coronavírus.

É enganosa a publicação que viralizou no Instagram comparando pessoas vacinadas com não imunizadas para insinuar que a proteção não é eficaz contra o novo coronavírus. A imagem do post traz a inscrição "Os não vacinados podem pegar covid e podem transmitir covid; os vacinados podem pegar covid, podem transmitir COVID, mas estão vacinados" e, na legenda, "A irracionalidade sem nenhuma lógica...pare e pense".

O post acerta ao dizer que a vacina não impede que a pessoa se infecte com o Sars-CoV-2, mas ele desinforma ao não esclarecer que elas reduzem os riscos de desenvolvimento de formas graves da doença e óbitos.

Uma das evidências disso é o estudo de efetividade conduzido pelo Instituto Butantan na cidade de Serrana, no interior paulista. Foi observada queda de 80% nos casos sintomáticos da doença, 86% nas internações e 95% nas mortes após 75% da população adulta ser imunizada.

Diferentemente do que o post afirma, tomar uma das vacinas em uso no Brasil não é um ato irracional. Pelo contrário: estudos clínicos realizados com milhares de voluntários, usados como base para liberação do uso dos imunizantes no país, comprovaram que as vacinas contra a COVID, são, sim, além de seguras, eficazes. E, por enquanto, de acordo com órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e Ministério da Saúde, são a "abordagem farmacológica mais promissora" para conter a circulação do vírus.
A reportagem tentou falar com o perfil que publicou o post, @mulherdireitaconvervadora, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

Como verificamos?

Inicialmente, a equipe buscou reportagens sobre a relação entre pessoas imunizadas e a transmissão da doença e também sobre estudos ligados à campanha de vacinação.

Também pesquisou informações em sites como os do Ministério da Saúde e da OMS e utilizou uma verificação recente feita pelo Comprova, sobre como o diagnóstico positivo do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), não indicava a ineficácia da Coronavac.

Além disso, a reportagem entrevistou por telefone o epidemiologista e professor do curso de Saúde Pública da Universidade de Brasília (UnB) Walter Ramalho e tentou falar, via mensagem privada no Instagram, com o perfil que fez a publicação, mas não houve resposta.

O Comprova fez esta verificação baseado em informações científicas e dados oficiais sobre o novo coronavírus e a COVID-19 disponíveis no dia 22 de julho de 2021.

Transmissão

O post verificado aqui afirma que "os vacinados podem transmitir a COVID". Esse dado é verdadeiro, já que nenhum imunizante é 100% eficaz contra qualquer doença. Mas, diferentemente do que a publicação faz crer, isso não significa que se vacinar é um ato de "irracionalidade".

No caso do coronavírus, já está comprovado que as vacinas em uso no Brasil reduzem os riscos de que a pessoa infectada desenvolva formas mais graves da doença ou mesmo que ela morra.

Foi o que evidenciou um estudo do Instituto Butantan realizado em Serrana, no interior paulista. Com 75% da população adulta totalmente vacinada (com duas doses da Coronavac), os pesquisadores já conseguiram observar uma queda importante entre os novos casos sintomáticos da doença e de hospitalizações. Quando 95% estavam imunizados, a cidade viu as mortes caírem em 95%.

Consultado pelo Comprova, o epidemiologista Walter Ramalho explica que é possível perceber uma diminuição no período de transmissão pelas pessoas vacinadas que foram contaminadas pelo novo coronavírus. "Quando uma pessoa imunizada contra a COVID-19 entra em contato com o vírus, ela vai ter uma resposta imunológica mais rápida da doença. Vai transmitir, mas o período de transmissão é bem menor em relação às pessoas não vacinadas", ressalta.

Pesquisas

Outras pesquisas também revelam um impacto positivo da imunização contra a covid-19 em relação às internações em UTI e mortes em níveis nacionais. O Boletim Extraordinário do Observatório COVID-19/Fiocruz, divulgado em 14 de julho pela Fundação Oswaldo Cruz, aponta uma melhora no índice de ocupação dos leitos de UTI. Segundo o documento, entre 4 e 10 de julho, nenhuma unidade da federação apresentou taxa de ocupação superior a 90%. Um cenário visto pela primeira vez desde o início de dezembro de 2020. O estudo também registra uma queda de 2% ao dia no número de casos e óbitos pelo novo coronavírus. A vacinação no Brasil iniciou em 17 de janeiro de 2021.

Essa tendência também foi observada em pesquisa realizada em parceria com o Ministério da Saúde, com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e com a Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Os pesquisadores analisaram o cenário epidemiológico entre 3 de janeiro a 27 de maio, e identificaram uma redução significativa de mortes pela COVID-19 entre brasileiros com mais de 70 anos - população com maior cobertura vacinal no momento.

Eficácia

Como mostrado em verificação recente do Comprova, a Coronavac apresentou eficácia global de 50,38% - o número representa a proporção de pessoas que não foram infectadas após tomarem a vacina.

Já o imunizante da AstraZeneca apresentou eficácia de 70%; o da Pfizer, 95% sete dias após a segunda dose, de acordo com a bula; e, o da Janssen, de dose única, 66%.

No entanto, pesquisas podem apresentar resultados distintos umas das outras por diversos aspectos, que incluem o perfil da população, idade e diferentes respostas imunológicas de cada organismo. É exatamente por isso que não tem como comparar uma vacina com a outra.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ressalta que todas as vacinas analisadas e autorizadas pelo órgão são seguras e possuem perfis de eficácia definidos por estudos desenvolvidos e ainda em andamento. "É importante destacar que estas são vacinas novas e que por isso seguem em monitoramento", salientou em nota.

Por que investigamos?

Em sua quarta fase, o Comprova checa conteúdos suspeitos sobre o governo federal, eleições ou a pandemia que tenham atingido alto grau de viralização. O post verificado aqui atingiu mais de 3,7 mil interações até 22 de julho.

A checagem de conteúdos envolvendo informações sobre a vacina é importante, pois a desinformação pode colocar a saúde das pessoas em risco. Como citado acima, ao contrário do que o post faz crer, a imunização é uma das principais formas para conter a pandemia.

O Comprova já desmentiu outras afirmações equivocadas sobre imunização, como a que usava a infecção do apresentador Rodrigo Faro para questionar a eficácia da vacina, a que desinformava ao falar da validade das doses da vacina Janssen doadas ao Brasil pelos Estados Unidos e a que enganava ao dizer que quem tomou Coronavac se protegeu pela metade.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Verificado por A Gazeta, Correio de Carajás, Estadão e Correio 24 Horas

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