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Estado de Minas COVID-19

É preciso se vacinar se você já foi infectado pelo coronavírus?

Com problemas de distribuição dos imunizantes em várias regiões do planeta, decidir quem realmente precisa de duas, uma ou nenhuma dose é vital para proteger as pessoas mais rapidamente.


17/03/2021 12:19 - atualizado 17/03/2021 12:45


Os países com uma campanha de imunização mais adiantada, como Israel e Reino Unido, já registram redução nos casos graves e nas hospitalizações por covid-19(foto: Getty Images)
Os países com uma campanha de imunização mais adiantada, como Israel e Reino Unido, já registram redução nos casos graves e nas hospitalizações por covid-19 (foto: Getty Images)

Se uma pessoa foi infectada pelo coronavírus há dois meses e outra foi vacinada exatamente no mesmo período, qual das duas está mais protegida?

A questão pode até parecer um problema matemático, mas se aproxima do raciocínio usado por especialistas e autoridades médicas para definir a necessidade de vacinar quem já teve covid-19 nos últimos meses.

Com problemas de distribuição em várias regiões do planeta, decidir quem realmente precisa de duas, uma ou nenhuma dose da vacina é vital para proteger as pessoas mais rapidamente, levando a menos mortes e hospitalizações.

Um estudo recente publicado no periódico científico The Lancet propõe que estar infectado com o coronavírus oferece tanta proteção quanto uma única dose da vacina.

Isso significa que muitos pacientes precisariam apenas de uma das duas doses exigidas por vários fabricantes — é importante salientar que essa observação ainda precisa ser confirmada por outros trabalhos e chancelada pelas organizações nacionais e internacionais de saúde.

Mas isso abre a possibilidade para que os países distribuam seus estoques de imunizantes com mais eficiência e, assim, protejam um número maior de indivíduos.

A Espanha, por exemplo, já adiou em seis meses a vacinação de pessoas com menos 55 anos que tiveram a doença.

Na mesma toada, o Ministério de Saúde Pública do Equador anunciou em dezembro de 2020 que os recuperados da covid-19 não receberiam a vacina inicialmente.

Por ora, as autoridades brasileiras não fizeram qualquer tipo de pronunciamento sobre esse assunto.

À medida que a pandemia evolui, é natural que a recomendação dos especialistas e as diretrizes de saúde pública se atualizem de acordo com a publicação de novas evidências científicas.

Mas, pelo que se sabe até o momento, a vacinação está indicada para quem pegou o coronavírus no passado?


Diversas pesquisas analisam a possibilidade de dar apenas uma dose para aqueles que já tiveram a doença(foto: Getty Images)
Diversas pesquisas analisam a possibilidade de dar apenas uma dose para aqueles que já tiveram a doença (foto: Getty Images)

'A proteção mais abrangente possível'

A resposta mais direta à pergunta anterior é sim.

Mas qual a razão disso?

"O ideal é garantir a proteção mais completa possível", disse à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC, o bioquímico José Manuel Bautista, professor da Universidade Complutense de Madri, na Espanha.

"As vacinas têm se mostrado muito eficazes, algumas com taxas de proteção superiores a 90%, que é um indicador muito confiável. E nós sabemos que as manifestações da doença são heterogêneas", acrescenta o acadêmico.

Em outras palavras, isso significa que, em duas pessoas saudáveis %u200B%u200Bda mesma idade, a infecção pelo coronavírus pode causar diferentes estragos e deixar níveis de proteção distintos.


Tirar conclusões universais sobre o que funciona ou não com as vacinas é perigoso, uma vez que a resposta imune depois da doença varia bastante(foto: Getty Images)
Tirar conclusões universais sobre o que funciona ou não com as vacinas é perigoso, uma vez que a resposta imune depois da doença varia bastante (foto: Getty Images)

Isso sem falar nas diferenças entre indivíduos saudáveis %u200B%u200Be aqueles mais vulneráveis, como idosos ou portadores de enfermidades crônicas.

É por isso que tirar conclusões universais agora é prematuro, e os especialistas recomendam acompanhar e entender melhor o assunto por mais tempo antes de mudar as recomendações.

Portanto, Bautista acredita que mesmo aqueles já infectados no passado precisam ser vacinados, para que "a resposta imune seja estabilizada e protetora".

Nesse sentido, o especialista também considera que pensar em alternativas, como dar uma única dose em quem já teve a doença, ajudaria a contornar os problemas de distribuição de vacinas que têm dificultado as campanhas em algumas regiões do mundo, como a União Europeia e a América Latina.

E se uma única dose for administrada?

Bom, agora que já sabemos que a vacinação é indicada mesmo para quem teve covid-19, vale se debruçar sobre outra questão: cientistas e governos debatem sobre a possibilidade de adiar a imunização ou oferecer apenas uma dose às pessoas que se encaixam nesse perfil.

As autoridades se baseiam nos achados de estudos recentes que indicam um nível de proteção parecido entre quem recebeu duas doses da vacina da Pfizer e quem teve covid-19 e recebeu uma dose só.


Definir a melhor estratégia de vacinação pode aliviar os problemas de distribuição da vacina que têm afetado as campanhas em vários países(foto: Getty Images)
Definir a melhor estratégia de vacinação pode aliviar os problemas de distribuição da vacina que têm afetado as campanhas em vários países (foto: Getty Images)

A maioria das vacinas contra a covid-19 aprovadas em caráter emergencial ou definitivo requer duas doses para conferir um bom nível de proteção.

Isso é verdade para os produtos utilizados no Brasil, como a CoronaVac (Sinovac/Instituto Butantan) e a CoviShield (Universidade de Oxford/AstraZeneca/FioCruz).

A primeira dose faz o organismo criar uma resposta imune e produzir anticorpos. A segunda aplicação reforça essa proteção e a deixa mais "durável".

"A estratégia de uma única dose da vacina pode cumprir essa função de reforçar a proteção se o indivíduo já tiver desenvolvido uma imunidade natural por ter se infectado", explica o virologista Julian Tang, da Universidade de Leicester, no Reino Unido, à BBC News Mundo.

"Isso pode até ser válido, mas dependerá de quanta imunidade você desenvolveu ao ser exposto ao vírus em sua comunidade", acrescenta Tang.

Então, quem está mais protegido? Vacinados ou infectados?

Como costuma acontecer no campo das ciências médicas, não existem respostas absolutas para essa questão.

Amós García Rojas, presidente da Associação Espanhola de Vacinação, garante à BBC News Mundo que tanto vacinados quanto infectados estariam protegidos.

O problema é que, nos dois casos, ainda não sabemos quanto tempo essa proteção dura: pode ser que tenhamos uma imunidade longa contra a covid-19 (como acontece com outras doenças infecciosas, como sarampo e catapora, por exemplo), ou essa proteção permaneça por poucos meses ou anos (num cenário parecido ao que ocorre com o vírus causador da gripe).

Com pouco mais de um ano após o início da pandemia, ainda não houve tempo suficiente para observar e ter certeza sobre a validade da resposta imune.

O infectologista Andrew Badley, da Mayo Clinic, nos Estados Unidos, está confiante de que a proteção da vacina "durará anos".

Tang, por outro lado, pontua que "normalmente, uma infecção produz uma resposta imunológica mais extensa e duradoura do que uma única dose de uma vacina. Por isso, é necessário complementar a inoculação com uma segunda dose para todos".

É claro que a infecção pelo coronavírus apresenta uma série de riscos que a vacinação evita, como a hospitalização ou desenvolvimento de sequelas longas e gravíssimas.

Outro ponto a ser considerado é o quão eficaz será a proteção se surgirem novas variantes do patógeno que reduzam a eficácia dos imunizantes, como parece acontecer em algum grau com as cepas detectadas inicialmente no Reino Unido, na África do Sul e no Brasil.

Bautista acredita que, por mais que uma variante apresente mutações preocupantes, pelo menos elas não devem afetar demais a proteção contra as formas graves da doença nos próximos meses, embora mais estudos sejam necessários para esclarecer isso.

Já García Rojas acredita que o único cenário que deve ser considerado agora é vacinar o máximo de pessoas possível.

"E todos devemos estar cientes de que no futuro pode ser necessário aplicar doses de reforço à medida que os fabricantes modifiquem suas vacinas contra as novas variantes".

De acordo com as informações do site Our World In Data, até o momento pouco mais de 390 milhões de pessoas foram vacinadas no mundo. Os países que lideram o ranking são Israel e Reino Unido, que já protegeram 59% e 37% de seus habitantes, respectivamente.

Por ora, o Brasil administrou a primeira dose para 10,5 milhões de pessoas, ou 4,9% de toda a sua população. Do total, 3,8 milhões receberam também a segunda dose.


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O que é o coronavírus

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte. 

Como a COVID-19 é transmitida? 

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.


Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus. 

Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

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