Novos países relataram nessa sexta-feira (3/12) a chegada da variante ômicron do coronavírus que, embora ainda não tenha causado mortes, de acordo com a OMS, provocou a implementação de restrições que ameaçam o crescimento econômico.
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, indicou que a nova variante pode desacelerar a recuperação e forçar o órgão a revisar para baixo suas projeções econômicas globais.
"Uma nova variante que pode se expandir rapidamente pode afetar a confiança e, a esse respeito, provavelmente veremos cortes em nossas projeções de outubro para o crescimento global", explicou.
Nessa última estimativa, o FMI já havia aparado o otimismo, estimando um crescimento do PIB mundial de 5,9% em 2021, em vez dos 6% anteriores. Em 2022, a expectativa é de um crescimento de 4,9%.
Mais de uma semana depois de a África do Sul anunciar a detecção desta nova variante, a nova variante já foi localizada em 38 países e provocou o pânico em muitos governos, que endureceram as medidas sanitárias e fecharam suas fronteiras.
Ao mesmo tempo, a pandemia de covid-19 continua a causar estragos em muitos países: a Rússia registrou em outubro seu mês mais mortal desde o início do desastre sanitário, com 74.893 mortes relacionadas ao vírus, disse a agência de estatísticas Rosstat. No total, o número de mortes ultrapassa 520 mil.
Em todo o Espaço Econômico Europeu (União Europeia mais Noruega, Islândia e Liechtenstein) 109 casos foram relatados até o meio-dia desta sexta-feira, de acordo com o Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC).
Além disso, vários países como Espanha, Estados Unidos e Austrália começaram a registrar supostos casos de transmissão local, com pacientes infectados que não haviam viajado ao exterior.
Tunísia e México anunciaram seus primeiros casos nesta sexta-feira e o subsecretário mexicano de Saúde, Hugo López-Gatell, afirmou que o fechamento das fronteiras não é uma medida útil para conter as variantes.
O aparecimento desta variante é "a prova definitiva" do perigo das desigualdades, disse à AFP o presidente da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV), Francesco Rocca, que relembrou a ameaça de "variantes novas em locais onde a taxa de vacinação é muito baixa".
- Muitas incertezas -
Embora a nova variante pareça ser altamente contagiosa, o porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Christian Lindmeier, disse nesta sexta-feira que não havia recebido "nenhum relato de mortes relacionadas à ômicron".
À medida que mais países detectam a nova variante, "teremos mais casos, mais informações e - embora espero que não - possivelmente mortes", disse ele.
Existem também dúvidas em relação à periculosidade e resistência à vacina da ômicron.
Na África do Sul, a nova variante já prevalece e as autoridades de saúde relataram um aumento nas infecções em crianças, embora ainda não se saiba se está relacionado à ômicron.
Um estudo sul-africano descobriu que o risco de contrair covid-19 novamente é três vezes maior com a ômicron do que com as variantes beta e delta.
- Novas restrições na Alemanha -
Desde o surgimento da delta, já altamente contagiosa, uma variante da covid-19 não causava tanto pânico. Anúncios de medidas drásticas e restrições a viagens estão aumentando em todo o mundo.
A Irlanda anunciou nesta sexta-feira à noite diversas medidas, entre elas o fechamento de boates de 7 de dezembro a 9 de janeiro. São Paulo já havia suspenso suas comemorações de Ano Novo e a Alemanha impôs fortes restrições a pessoas não vacinadas, que ficarão praticamente confinadas.
Um projeto de lei sobre a vacinação obrigatória será apresentado ao Parlamento alemão para entrada em vigor em fevereiro ou março, como na Áustria, que mais uma vez confinou sua população, e na Grécia, que encurtou o prazo para a terceira dose.
Na Ásia, um dia depois de Cingapura anunciar dois casos, os vizinhos Malásia e Sri Lanka relataram seus primeiros casos nesta sexta-feira, cada um envolvendo viajantes que voltavam da África.
Por enquanto, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a cobertura vacinal e os níveis de detecção inadequados, especialmente na África, são "uma receita perfeita para as variantes se reproduzirem e ampliarem."
Várias empresas, incluindo Moderna, AstraZeneca, Pfizer / BioNTech e Novavax, expressaram confiança em sua capacidade de criar uma vacina para a ômicron.
A Rússia também está trabalhando em uma versão de sua Sputnik V voltada especificamente para essa variante.
A covid-19 já matou pelo menos 5.233.111 pessoas em todo o mundo e infectou quase 265 milhões de pessoas desde o final de 2019, de acordo com uma contagem da AFP.
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