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Estado de Minas SABIA NÃO, UAI

Venda Nova: mais antiga do que Belo Horizonte

De um arraial, surge a capital mineira. Mas uma de suas maiores regionais hoje já fazia parte de um vilarejo que antecedeu ao município


06/08/2022 10:49 - atualizado 06/08/2022 11:54


Confira a reportagem completa no site do Estado de Minas: em.com.br" />

Venda Nova é uma das nove regiões que constituem a cidade de Belo Horizonte. Apesar de sua denominação remeter à jovialidade, a regional é mais antiga do que a própria capital mineira.

Essa história começou quando Minas Gerais vivia o ciclo do ouro e os exploradores passaram a criar pequenos vilarejos. Foi o caso do arraial Venda Nova, um entreposto comercial povoado mais de 100 anos antes da construção de BH.

Conheça a história da região neste segundo episódio da nova temporada do "Sabia Não, Uai!".

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Venda Nova e o Ciclo do Ouro

Imagem aérea de 1944 mostrando a Igreja Matriz de Venda Nova e as ruas ao seu entorno
Venda Nova é uma das regiões mais tradicionais de Belo Horizonte - mais antiga que a própria cidade (foto: Arte EM)

O estado de Minas Gerais começou a ser povoado no século 16, com a chegada dos bandeirantes e dos portugueses, que passavam pelo território durante as viagens entre São Paulo e Bahia. Entretanto, povos indígenas já viviam nessa área.

Quando os bandeirantes descobriram que a região era rica em minérios e recursos naturais, apareceram muitos interessados na procura por ouro e pedras preciosas. Estes forasteiros montavam arraiais para seus negócios que poderiam progredir para vilas, distritos e, por fim, cidades.

Quem abastecia as minas eram os tropeiros, comerciantes que viajavam carregando alimentos e produtos. Na época, uma das principais rotas desses “andarilhos” partia da Bahia, seguia o Rio São Francisco e depois o Rio das Velhas. No percurso, estava a estrada onde hoje fica a Rua Padre Pedro Pinto, principal acesso a Venda Nova.

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A origem do nome “Venda Nova”

Bruno Viveiros Martins segurando o livro 'Venda Nova' da coleção 'BH. A Cidade de cada um'
Historiador Bruno Viveiros Martins, autor da edição sobre Venda Nova na série de livros %u201CBH. A cidade de cada um%u201D (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

A região ficou conhecida por concentrar muitos comércios e por ser um ponto de repouso dos tropeiros. Conforme o tempo foi passando, um comércio se formou na região, com uma vasta variedade de produtos. As pessoas costumavam se referir a ele como “a venda nova”. E de tanto falarem esse nome, o apelido pegou e toda a região ao redor passou a ser conhecida como Venda Nova.

Conforme aponta o historiador Bruno Viveiros Martins, autor do livro sobre Venda Nova para a coleção “BH. A cidade de cada um”, alguns moradores mais velhos apontam que o tal comércio ficava na esquina da atual Avenida Dr. Álvaro Camargo com a Rua Padre Pedro Pinto. Esse estabelecimento teria sido bastante popular na virada do século 19 para o 20.

Entretanto, Martins explica que há documentos desde cerca de 1760 se referindo à região como “Arraial Venda Nova” e que, por existirem bastantes comércios próximos, não é possível determinar que essa foi a tal “venda nova”.

“O nome Venda Nova é muito antigo e nenhum dos moradores mais antigos, nem mesmo seus pais e avós, teriam condições de apontar exatamente qual foi o endereço do comércio que deu nome à região”, explica Martins.

Venda Nova já pertenceu a outras cidades

Documentos históricos apontam que o então Arraial Venda Nova existia em meados do século 18, mais de 100 anos antes da construção de Belo Horizonte: a capital mineira foi inaugurada em 1897.

Uma carta enviada no fim do século 18 pelos moradores é um desses registros. No documento, a população solicitava à Rainha de Portugal, D. Maria I, a construção de uma capela na área e a autorização para a abertura de pontos comerciais.

À época, Venda Nova era um entreposto comercial e uma região essencialmente agrícola. O arraial abastecia Sabará, cidade da qual fez parte durante os séculos 17 e 18, conforme explica Martins.

“No século 18, a região do antigo Curral del Rei, hoje Belo Horizonte, assim como Venda Nova, Santa Luzia, Contagem e Betim, faziam parte da Comarca do Rio das Velhas. E a capital desta comarca era Sabará, a cidade mais importante dali”, diz o historiador.

Ver galeria . 5 Fotos Matriz de Santo Antônio (sem data)Reprodução
Matriz de Santo Antônio (sem data) (foto: Reprodução )


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Incorporação a Santa Luzia e BH

Com o enfraquecimento da mineração no século 19, Sabará foi perdendo força política e econômica, e outras cidades ao seu redor cresceram, como Santa Luzia. Devido a esse protagonismo, a cidade exerceu sua influência política, econômica e social em lugarejos próximos. Foi o caso do então distrito de Venda Nova, que foi incorporado à Santa Luzia.

Nos anos 1940, logo após a inauguração da Pampulha, foi a vez de Belo Horizonte entrar na disputa por Venda Nova. Havia um desejo de que Venda Nova fosse uma “cidade” dormitório ligada à Belo Horizonte, com os venda-novenses trabalhando na capital e voltando para casa para dormir, como explica Martins.

Começou uma negociação com o prefeito de Santa Luzia para que Venda Nova fizesse parte de BH. A população da região, inclusive, aprovava a mudança. Então, a partir da década de 1940, Venda Nova passou a fazer parte, definitivamente, de Belo Horizonte.

Martins explica que apesar de Venda Nova ter pertencido a três cidades, ela sempre teve vida e identidade próprias. “A partir do século 20, durante a República, Venda Nova se torna um importante centro de atividades comerciais. Ainda hoje, a região é mais populosa que grande parte das cidades do interior de Minas Gerais. Os próprios moradores de Venda Nova se denominam venda-novenses. A gente está falando de uma independência econômica, mas também cultural”, comenta.

Sabia Não, Uai!

Sabia Não, Uai! mostra de um jeito descontraído histórias e curiosidades relacionadas à cultura mineira. A produção conta com o apoio do vasto material disponível no arquivo de imagens do Estado de Minas, formado também por edições antigas do Diário da Tarde e da revista O Cruzeiro.

O conteúdo oferece um olhar único e com propriedade sobre a história de Belo Horizonte e de Minas Gerais desde a década de 1920.

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