(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas QUADRILHA

Pé Rachado: o show não pode parar, mas é hora de dar um tempo

Grupo folclórico Pé Rachado, que perdeu o presidente Douglas Tuca no acidente do Anel Rodoviário, exalta o líder e fala do futuro


11/06/2022 20:07 - atualizado 11/06/2022 21:02

Quadrilha Pé Rachado
Sem Tuca, Pé Rachado vai dar um tempo e, assim que os integrantes sentirem força novamente, vão voltar pelo presidente (foto: Reprodução/Instagram Quadrilha Pé Rachado)

Qual o futuro do Pé Rachado? Desde 1977 espalhando a "alegria de dançar quadrilha" e plantando "sementes de tradição" por todo o Brasil, agora sem o presidente e líder Douglas Tuca, de 50 anos, que morreu vítima de mais um acidente terrível no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, precisa definir qual será seu caminho.

"Tuca é a nossa peça principal. Todas as decisões, tudo que a gente fazia, passava pelo aval dele. Ele era nossa cabeça. Era ele quem fechava toda nossa agenda. Ainda não tivemos uma reunião sobre isso. O que conversamos por alto é que vamos dar um tempo para as pernas voltarem a ter força e, assim que sentirmos essa fibra de novo, vamos voltar e fazer por ele. Queremos subir no tablado do Arraial de Belo Horizonte. Inclusive, pretendemos fazer uma homenagem para ele", a declaração é de Denilson Lopes Castilho, de 22 anos, que é sobrinho de Tuca e o "noivo" da quadrilha.

O grupo certamente vai carregar o sonho de Tuca e de seus pais, os fundadores Luiz e Flora. A decisão não é fácil. Mas fãs, admiradores, amigos vão querer dançar junto à quadrilha que tanto amam e, de alguma forma, se conectarem em uma homenagem ao ex- presidente. O Pé Rachado, que tinha três apresentações para fazer neste sábado (11/06), duas no domingo (12/06), está com a agenda fechada até agosto.

Tuca foi uma das vítimas do acidente ocorrido na sexta-feira (10/6) no Anel Rodoviário de Belo Horizonte. A tragédia envolveu cinco carros, um caminhão de cerveja, uma carreta e um reboque que vitimaram outra pessoa. 


Denilson conta que na quinta-feira (09/06), antes do acidente, o grupo teve uma reunião geral, em que Tuca parecia estar se despedindo. "Parece que ele estava sentindo que isso ia acontecer. Ele estava muito satisfeito com a quadrilha, o que é um milagre, porque ele quase nunca elogiava. Ele sempre puxava a orelha para que a gente conseguisse dar o melhor. E quinta-feira ele estava muito satisfeito, pedindo que a gente seguisse unidos. Foi uma das reuniões mais produtivas que tivemos. Foi uma despedida dele. Eu até arrepio só de falar, mas isso foi muito incrível".

 
Quadrilha no sangue da família 

 

A quadrilha está no sangue da família. Tuca seguiu os passos dos pais, Luiz e Flora. Ela se encantou pelo forró de tanto ver o pai tocar sanfona em festas do município de Jequitinhonha, nas quadrilhas juninas e nos arraiais. Luiz, soteropolitano, não era tão fã assim, mas a mulher o fez se apaixonar. Assim, o carnaval foi trocado pela quadrilha.

O sobrinho de Tuca revela que estavam ensaiando quando receberam a notícia: "Foi desesperador para todo mundo. Ele sempre acompanhou de perto o resultado de tudo que a gente ensaiava. Tuca era como um pai para todos nós. Ele chegava e falava: 'você precisa melhorar nisso', 'vamos mudar essa música', ele sempre foi assim. Eu até brincava com os meninos que quando ele chegava no ensaio, todo mundo dançava mais animado, mostrava eficiência. Quando ele não estava, ficava todo mundo de corpo mole. Ele era nossa motivação. Quando ele estava no ensaio, nós dávamos o sangue para ele elogiar a gente."

 

Leia também: Presidente do grupo Pé Rachado é uma das vítimas de acidente no Anel.

O Pé Rachado é uma tradição do Bairro Santa Mônica. Há décadas, formou jovens e adolescentes, aliás, famílias inteiras, mães dançarinas que deram lugares para as filhas.


Sem falar que as atividades do Pé Rachado também tem importante papel social para a comunidade. Um espaço de formação, lazer e entretenimento para os moradores da região. 


Denilson Lopes Castilho destaca que toda a família vive em prol da quadrilha. "Faço parte da quadrilha desde que nasci, todo mundo lá em casa cresceu vendo a saia das meninas rodar. Vendo minha avó fazendo roupa de quadrilha. Nossa família vive a cultura junina mesmo. O que me tocou muito foi que, como ele trabalha com eventos, durante a pandemia ele ficou praticamente desempregado. Mesmo assim, conseguiu terminar de pagar a faculdade da minha prima. Ontem, ela conseguiu assinar um contrato para ter a própria clínica, mas não pode comemorar com ele. Isso nos tocou bastante".

 

Tuca, que também era técnico de som, estava indo montar a estrutura para um evento, serviço que restava para diversas prefeituras de Minas Gerais, quando perdeu a vida. Dois ajudantes o acompanhavam e estão bem. O  velório do presidente do Pé Rachado ocorreu neste sábado (11/06), no Cemitério Parque da Colina, no Bairro Nova Cintra.

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)