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Estado de Minas DEPOIMENTOS NA JUSTIÇA

Caso Backer: 'Justiça é o mínimo que eles merecem', diz irmão de vítima

No terceiro dia de audiências no Fórum Lafayette, em BH, sete testemunhas relataram sofrimento de parentes e amigos após consumo de cerveja contaminada


25/05/2022 17:33 - atualizado 25/05/2022 18:12

Corredor do Fórum Lafayette, em BH, durante audiência do Caso Backer
Testemunhas aguardam no corredor do fórum para relatar complicações causadas pela intoxicação à Justiça (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
A Justiça de Minas Gerais ouviu, nesta quarta-feira (25), mais sete testemunhas sobre o caso de contaminação da cerveja “Belorizontina”, fabricada pela Backer. Todos os depoimentos foram de parentes ou pessoas próximas a vítimas. Este foi o terceiro dia de audiências na 2ª Vara Criminal de Belo Horizonte, no Fórum Lafayette, Região Centro-Sul de BH.

Quatro das sete testemunhas ouvidas nesta quarta eram próximas de pessoas que não resistiram à contaminação pela substância dietilenoglicol presente na cerveja. Outras três relataram sequelas deixadas pela intoxicação e a luta das vítimas pela recuperação. 

O engenheiro mecânico Célio Guilherme de Barros foi uma das pessoas que compareceram ao fórum para relatar à Justiça os danos provocados à saúde de seu irmão pelo consumo da cerveja contaminada. Luciano, de 58 anos, ficou em coma por 28 dias e internado por seis meses e hoje lida com sequelas da intoxicação.

“Ele perdeu uns 60% da audição, não tem expressão facial, não consegue sorrir, tem uma paralisia ocular e, segundo os médicos, os rins dele só funcionam 28%, está no limite de uma hemodiálise”, contou o irmão de Luciano.

Célio foi o último a ser ouvido pela Justiça. À imprensa, ele contou que a vida do irmão foi alterada de forma irreversível pela contaminação. Luciano é casado, tem um filho e teve que deixar o trabalho por não ter mais condições de exercer suas atividades profissionais.

“Ainda estamos na luta por algum tipo de indenização, por justiça, que é o mínimo que eles merecem. Ele tinha o hobby de ir nos jogos do Atlético e tomar uma cerveja e não pode mais. Nos jogos ele continua indo, porque consegue, mas não é a mesma coisa”, relata.

Segundo Célio, as complicações de saúde do irmão começaram antes de os casos de doenças renais, diarreia, e dificuldades cognitivas começarem a ser associados com o consumo da “Belorizontina”. Luciano consumiu a cerveja no início de novembro de 2019 e já estava internado quando o assunto ganhou repercussão, em janeiro do ano seguinte.
 
Célio Guilherme de Barros, de 62 anos, dá entrevista no corredor do Fórum Lafayette, em BH, durante audiência do Caso Backer
Célio Guilherme de Barros contou o sofirmento vivido pelo irmão, que tem sequelas irreversíveis causadas pela intoxicação (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
 

Outros relatos ouvidos

Emocionadas, a maioria das testemunhas não teve o nome divulgado e preferiu não conversar com a reportagem sobre a situação vivida após a contaminação de entes queridos. A primeira testemunha, é esposa de uma das 29 vítimas do caso. Seu marido tem dificuldades de locomoção e já precisou usar cadeira de rodas. Ela teve de abandonar o trabalho para cuidar do companheiro e afirma que os valores indenizatórios pagos pela Backer não cobrem o tratamento.

A segunda testemunha é enteada de uma vítima que teve insuficiência renal aguda, perdeu a visão e a memória e não resistiu à intoxicação. A terceira testemunha foi a filha de uma vítima que também faleceu após complicações causadas pela cerveja contaminada.

A quarta testemunha é viúva de outra das 10 vítimas que morreram. Ela conta que o marido teve insuficiência renal e entrou em coma. Quando retornou, não resistiu a lesões nos rins, cérebro e pulmões e faleceu deixando uma filha de 10 anos.

Um amigo de uma das vítimas foi a quinta testemunha. Ele relatou que o colega era um atleta e hoje vive com um problema motor. A sexta testemunha é filha de um homem que teve de ser submetido a hemodiálise, problemas de visão e paralisia facial e faleceu devido às complicações da intoxicação.

Nesta quinta-feira (26), mais sete testemunhas serão ouvidas e será encerrada esta fase do processo. As datas para o depoimento das testemunhas de defesa da Backer ainda não foram marcadas.

Relembre o “Caso Backer”

Após o relato de vários casos de intoxicação de pessoas que haviam consumido a cerveja “Belorizontina" na capital, em dezembro de 2019, 29 vítimas de contaminação com dietilenoglicol foram registradas pela Polícia Civil, 10 delas faleceram. 

A substância altamente tóxica era utilizada no processo de resfriamento da cerveja. Ela vazou e entrou em contato com o produto final, que foi vendido e consumido.

A Backer teve as atividades suspensas em 2020 após comprovação do vazamento da substância tóxica. Em abril deste ano, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) liberou o retorno do funcionamento da fábrica, que voltou à ativa.
 

A empresa foi acionada no âmbito cível para a indenização das vítimas, a ação segue na primeira instância. Na área criminal, sete funcionários da Backer foram indiciados e os três gestores da cervejaria, Ana Paula Silva Lebbos, Hayan Franco Khalil Lebbos e Munir Franco Khalil Lebbos, também respondem a processo.


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