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Estado de Minas COVID-19

Minas entra na reta final para o pico da Ômicron, projeta a SES

Escalada do coronavírus vista em janeiro não acabou. Capital sinaliza chegada ao topo, esperada para o resto do estado em até 3 semanas


02/02/2022 06:00 - atualizado 02/02/2022 06:56

Ambulâncias na Santa Casa de Belo Horizonte
Movimento de ambulâncias na Santa Casa de Belo Horizonte: cidade dá sinais de ter chegado ao pico da onda da COVID-19 provocada pela Ômicron (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)


Depois de viver um mês de janeiro com o maior número de casos confirmados de COVID-19 até o momento, com quase 500 mil diagnósticos, Minas Gerais ainda terá em fevereiro seu maior pico de contaminações desde o início da pandemia. A projeção da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) é de que Belo Horizonte chegue ao ponto mais acentuado da curva de testes positivos justamente nesta semana, enquanto em outras regiões o auge de infecções é esperado nas próximas duas ou três semanas. O infectologista Estevão Urbano, que integra o Comitê de Enfrentamento à doença na cidade, vê sinais de que a COVID-19 de fato esteja na crista da onda na capital, com base na evolução do índice que mede a velocidade de contaminações, o fator RT, mas ressalta, assim como a própria administração municipal, que não é possível determinar qual a situação da exata da curva neste momento.
 
No mês passado, o estado conviveu com alta média diária de mais de 15 mil casos, motivada pela rápida expansão da variante Ômicron, presente no Brasil desde meados de outubro. O pico de contaminações em Minas, por ora, ocorreu no dia 28, com mais de 40,7 mil notificações em 24 horas. Por sua vez, nos dias 26, 27 e 29, a incidência também foi alta, acima dos 30 mil registros. A explosão de casos é vista pelos especialistas como consequência direta das aglomerações das festas de Natal e réveillon.

O infectologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais Geraldo Cury diz que a expansão de casos ocorre porque muitos infectados não se submetem aos testes: “Como temos muitos vacinados, as pessoas adquirem o vírus, não sentem nada nem fazem exame. Obviamente, não sabem se estão contaminadas e acabam passando o vírus para outros. Os números reais são muito maiores do que os apresentados para nós. A Ômicron apresenta sintomas mais leves que a Delta, mas a enorme quantidade de pessoas infectadas pressiona o sistema de saúde. Em outros países, vimos que ela avançou muito rápido, mas caiu rápido também. Logo, espera-se que o índice de casos diminua com o tempo”.

Na semana passada, o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, afirmou que a vacinação em massa impediu uma grande catástrofe que poderia ter sido causada pela pandemia em Minas neste momento: “Estamos batendo recordes diariamente, acima de 30 mil casos, o que significa um aumento de incidência. Mas não aumentamos os óbitos na mesma proporção. É algo (o número de casos) muito maior do que vivemos no pior momento da pandemia no ano passado, entre março e abril. As internações têm sido muito menores e os óbitos também. Tudo isso é graças à vacinação. Ainda temos leitos à disposição e por isso nos mantemos na onda verde”, disse, referindo-se ao Programa Minas Consciente, criado para orientar os municípios sobre a necessidade ou não de medidas restritivas.

Para efeito de comparação, Minas iniciou março do ano passado com um total de 883.105 casos confirmados para a COVID-19. Dois meses depois, em 30 de abril, o número de infectados já passava de 1,3 milhão, ou seja, com pouco mais de 476 mil testes positivos. Em janeiro de 2021, quando a expansão da doença já deixava o estado apreensivo, foram 187 mil contaminados.

Na semana passada, Baccheretti afirmou que Belo Horizonte atingiria o pico das contaminações pela Ômicron antes do restante do estado, justamente porque a variante apareceu na capital primeiro. Os primeiros registros ocorreram em meados de dezembro, quando o estado estava no controle de casos.

Geraldo Cury lembra que, mesmo que tenha efeitos mais leves, a variante pode causar mortes naqueles que não se imunizaram da forma correta: “Há um risco muito grande de uma pessoa vacinada espalhar o vírus para outra pessoa sem o ciclo vacinal completo. Logo, essas pessoas poderão ter casos mais graves da Ômicron”.

Assistência


Com a ocupação de leitos ainda numa fase de controle, o que causa mais preocupação para o estado no momento é a sobrecarga no sistema de saúde primário, que atende aos sintomas gripais. Além do alto número de profissionais afastados em virtude da expansão das contaminações, outro problema é o risco de falta de testes de COVID-19 e de medicamentos.

“O sistema de saúde não suporta essa pressão, ainda mais com aumento da demanda por medicamentos e testes. Os hospitais já vêm tendo dificuldades antes mesmo da pandemia, mas tudo se intensificou com a expansão de casos”, afirma Cury.

Testes


Minas Gerais apresenta uma redução de 60,4% no volume de testes realizados para COVID RT-PCR em relação à média móvel dos últimos 14 dias, de acordo com informação divulgada ontem pelo laboratório Hermes Pardini, o maior da capital mineira e que tem presença nacional. Também a positividade começa a recuar, embora ainda represente mais da metade dos resultados. Como o agravamento dos casos costuma ocorrer de duas a três semanas depois do diagnóstico, o momento é de atenção, diz a infectologista da rede, Melissa Valentini.

''Iniciamos a semana em Minas Gerais com uma redução na procura de testes de RT-PCR. Ainda temos uma positividade de 57%, mas que está se reduzindo em relação aos últimos dias", explicou Valentini. Na avaliação dela, o índice aponta para a estabilização do pico epidêmico no estado. "Mas é importante lembrar que os quadros mais graves da COVID e os óbitos ocorrem de 14 a 20 dias após o diagnóstico. As próximas duas semanas precisam ser acompanhadas de perto", afirmou.


Gráfico do fator RT em janeiro em BH
Confira o fator RT desde o início de janeiro em Belo Horizonte (foto: Arte EM)


Fator Rt


A partir de modelos epidemiológicos, demográficos e estatísticos, que consideram o número de suscetíveis e infectados na população, a prefeitura calcula a velocidade de transmissão do coronavírus utilizando os dados de casos confirmados, inclusive aqueles de maior gravidade ou que exigem algum tipo de intervenção clínica. A última estimativa produzida – com fator RT de 1,1 – descreve que, nos últimos dias,100 indivíduos infectados resultaram na infecção de outros 110. Criada pelo Imperial College de Londres, a metodologia segue recomendações internacionais. O número é dinâmico, podendo sofrer alterações. Para analisar o indicador, a PBH adota uma escala de três cores, sendo verde menor que 1; amarelo entre 1 e 1,2 e vermelho, acima de 1,2. Quando é menor ou igual a 1, espera-se queda nos casos de COVID-19. Ao mesmo tempo, quando maior que 1, aumento nos registros.


Indicador aponta crista da onda, mas futuro ainda é incerto



Com sinal amarelo ao longo de janeiro inteiro, a velocidade de transmissão da COVID-19 perde força na capital mineira, depois de ter se aproximado perigosamente da zona de alerta máxima duas vezes no período. Desde o dia 25, quando caiu de 1,18 para 1,16, o chamado fator de RT, que mede a velocidade de transmissão do coronavírus na cidade, vem recuando passo a passo, embora ainda não tenha alcançado o patamar de segurança, ou seja, abaixo de 1, quando se espera queda no número de novos casos. Ontem, assim como em 31 de janeiro, o índice ficou em 1,1. O possível sinal de que a circulação da Ômicron chegou ao topo na cidade e ensaia um recuo, entretanto, é visto com cautela pelas autoridades de saúde da capital.

Consultada pelo Estado de Minas, a Prefeitura de Belo Horizonte informou ontem que não é possível afirmar se o pico de casos já foi alcançado nem se a onda está ascendente ou descendente no momento. Membro do Comitê de Enfrentamento à COVID na cidade, o infectologista Estevão Urbano concorda, embora veja sinais de que onda de contaminações esteja mesmo no seu auge.

“A estabilização do Rt nas últimas horas e uma queda em relação aos últimos dias significa que possivelmente estejamos no pico da pandemia. Talvez com uma tendência a queda dos números, ou seja, talvez em breve estejamos saindo do pico”, disse. Mas o infectologista alerta que, devido às características do coronavírus, nada garante que os recuos vistos até agora persistirão. “Não estamos numa zona de conforto”, alerta.

Ele ressalta que a replicação do coronavírus é aleatória e, por isso, “podemos ser surpreendidos por um refluxo de casos nos próximos dias”. Além disso, ressalta que o número de casos ainda é muito alto e não é possível prever por quanto tempo esse patamar persistirá. “Pode ser que demore algumas semanas para que a gente saia de um estágio crítico para bom. Ou seja, a transição do pico para um quadro de tranquilidade pode demorar algumas semanas”, ressaltou Estévão Urbano. 

Estevão Urbano explica que o RT está relacionado com o número de novos casos confirmados em dado momento. “Quando temos uma queda desse índice, significa que as notificações vêm reduzindo, desacelerando. Há, portanto, uma queda real das notificações”. No entanto, explica que o Rt de ontem pode refletir subnotificação comum nos fins de semana e, por isso, se elevar nos próximos dias.

Fato é que os boletins divulgados pela PBH ao longo de janeiro apontaram um vaivém da taxa de transmissão, com uma concentração de índices bastante elevados entre 17 e 24 de janeiro. Em dois dias, 19 e 21, o Rt chegou a bater em 1,19, a um passo do alerta vermelho, que começa a valer quando o indicator alcança 1,20. E apesar do recuo verificado a partir do dia 25, a situação segue complicada nos leitos de terapia intensiva (UTI)e enfermarias de Belo Horizonte destinados a pacientes com COVID-19. Segundo o boletim epidemiológico divulgado ontem, a taxa de ocupação em UTIs subiu de 85,4% para 88,4%. Nas enfermarias, houve um leve recuo, de 90,3% para 84,8% em relação ao dado de segunda-feira. Mais 1.058 casos e sete mortes foram adicionados ao balanço da cidade.

“A situação se mantém crítica, no vermelho, oscilando diariamente entre 80% e 95% das ocupações”, constata Urbano. “Não necessariamente o total de casos caindo significa que aquela fração de quadros graves caia no mesmo ritmo. Estamos vendo ainda um volume de internações e solicitações de internações alto”, aponta. Ele lembra ainda que muitas vezes o paciente ocupa os leitos por dias e até semanas. Por isso, não é possível reduzir a saturação do sistema da noite para dia.

Até o momento, 316.247 pessoas já se infectaram com o coronavírus na capital. Em acompanhamento médico estão 4.799 pacientes. Os recuperados somam 304.271 e o número de óbitos na cidade em decorrência da doença chega a 7.177.

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