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Estado de Minas SAÚDE

Sintomas gripais levam população a lotar UPAs de Belo Horizonte

Prefeitura admite aumento de demanda e pede a profissionais que acessem o banco de currículos para contratação imediata de médicos


27/12/2021 16:06 - atualizado 27/12/2021 16:39

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Unidades de Pronto Atendimento amanheceram lotadas nesta segunda (27/12) (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press. Brasil. Belo Horizonte)

Várias Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Belo Horizonte amanheceram, nesta segunda-feira (27/12), lotadas de pessoas à espera de consultas. Grande parte dos pacientes estavam com sintomas gripais.
 
Contrariando as orientação da prefeitura, que sugeriu que os pacientes se dirigessem aos Centros de Saúde de seus bairros, para diminuir a demanda no Pronto Atendimento. Alguns postos de saúde também apresentavam filas.

A PBH, em nota, reconheceu  um aumento na procura por atendimento, especialmente de pacientes com sintomas respiratórios e casos crônicos agudizados, e  que mantém ativo um banco de currículos para contratação imediata de médicos. Os interessados devem acessar o site da Prefeitura de Belo Horizonte para realização do cadastro.
 
O comunicado esclarece que os usuários com sintomas gripais, atendidos nos Centros de Saúde e nas UPAs, fazem teste rápido de antígeno para COVID-19 na própria unidade, o que auxilia no diagnóstico diferencial.
 
Na UPA do Barreiro, que se encontrava lotada, por volta do meio-dia de hoje, a maior parte das pessoas já estavam com pulseiras laranja e verde (suspeita de COVID, segundo os próprios pacientes) e aguardavam nos jardins e áreas externas. A cabeleireira Isabel Cristina Ribeiro, 35 anos, acompanhava a mecânica Ana Carolina Oliveira Lira, de 24. Com febre, dores pelo corpo e mal estar, Lira estava deitada no gramado na entrada da unidade, "por não conseguir ficar de pé." Elas chegaram à UPA Barreiro às 6h da manhã, às 7h já haviam passado pela triagem mas, até as 12h40, ainda não tinham sido atendida pelo serviço médico.
 
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A mecânica Ana Carolina Oliveira Lira aguardava deitada no jardim, atendimento na UPA Barreiro (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press. Brasil. Belo Horizonte.)
O tempo de espera não foi problema para o professor Gabriel Martins, 27 anos, que acessou a UPA Centro-Sul, na região hospitalar, depois de muita febre durante a noite, tosse, peito cheio. "Chegamos aqui as 8h e 10h30 já fiz todos os exames e recebi alta para me tratar em casa. Segundo o médico, trata-se de uma virose", explicou.
 
Porteiro e mecânico, Ernani Neves Júnior, 41 anos, aguardava atendimento na porta da UPA Leste. Morador do bairro São Geraldo, contou que passou o domingo (26/12) com muitas dores, congestionamentos, mas estava no trabalho e não procurou equipes de saúde. Durante a noite, passou muito mal, com febre intensa. Chegou às 8h e em 15 minutos passou pela triagem e aguardava por duas horas e meia o devido atendimento.
 
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Ernani procurou a Upa Leste depois de muita febre e passar mal durante a noite (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press. Brasil. Belo Horizonte.)
A situação em alguns centros de saúde era menos sofrida. No CS Alcides Luís, no bairro Concórdia, a fila era mesmo para tomar vacina contra COVID-19. Na ala de consultas, a maioria das pessoas que esperavam era para atendimento pré-agendado. Alguns poucos com sintomas gripais leves. Uma mulher que pediu para não se identificar, chegou ao posto às 10h30 e foi orientada a retornar às 13h. "Como fica próximo, vou pra casa e volto no horário marcado."
 
No CS Cachoeirinha, região Nordeste, Mariana de Souza Brás, 46 anos, cozinheira e Pâmela da Cruz Macêdo, de 33, técnica em enfermagem, aguardavam atendimento, por estarem com dores de cabeça e pelo corpo, e febre. Maria disse que recorreu à UPA do Odilon Beherens no sábado (25/12) mas desistiu, "porque estava lotado". Como piorou, seguiu a orientação da prefeitura e foi ao Centro de Saúde, onde já tem cadastro. Já Pâmela, que disse ter tomado as doses da vacina de COVID-19, queixava de dor no peito, ouvido, costas e garganta e resolveu ir direto ao CS.
 
Para o metalúrgico aposentado José Felício de Souza, 72 anos, o atendimento prioritário não foi prejudicado pela superlotação na UPA Noroeste II (Odilon Bherens), na Lagoinha. Acompanhado do filho, o pedreiro José Carlos Felício, de 51, disse que chegou por volta das 7h, com dores no peito, foi prontamente atendido e às 10he30 já tinha feito os exames, medicado e já retornava para sua casa no bairro Letícia, Região de Venda Nova. "Preferimos nos deslocar pra cá porque achamos o atendimento aqui mais rápido e melhor", contou o filho de José Felício.

Posição da PBH

A prefeitura de BH disse que as Unidades de Pronto Atendimento contam com área específica para pacientes com sintomas respiratórios. Assim que o paciente chega na unidade, ele passa por uma classificação e, caso apresente sintoma respiratório, é encaminhado para área separada. "A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) irá reforçar junto às equipes as orientações que devem ser repassadas aos usuários."
 
Segundo a PBH, atualmente 2.801 médicos integram a rede de saúde do município. "Destes, 831 atuam nas unidades da rede de urgência. É importante esclarecer que os dados não contemplam os médicos que atuam nos dois hospitais de gestão municipal e que as contratações são dinâmicas e ocorrem regularmente."
 
O Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed), em nota, disse que recebe constantes queixas, "principalmente em relação a falta de pediatras como já aconteceu recentemente nas UPAs Pampulha, Barreiro, Norte e Venda Nova, e que gerou sobrecarga de demanda às demais unidades."
 
Segundo a entidade "a prefeitura não autoriza aumento do número de plantonistas: esse é um fato que não se pode negar e tem acontecido há duas décadas. O Sinmed-MG destaca que equipe incompleta é a pior condição de trabalho na saúde e gera graves consequências: os médicos ficam sobrecarregados, o atendimento demora, a população fica revoltada e o caos se instala."
 
E que "se não tem médicos cadastrados no banco de currículos, certamente existem motivos reais como salários menores em relação aos outros municípios, vínculos precários que acabam afastando os profissionais da saúde e a constante violência, atrasos e faltas constantes de pagamento de plantões extras e erros de adicionais."
 
No Estado
 
As infecções confirmadas pela Secretria de Estado de Saúde (SES) são de 147, baseadas em amostras coletadas até quinta-feira (23/12), pela Fundação Ezequiel Dias. Nenhum óbito foi associado a estes casos. A detecção até o momento foi do subtipo A/H3N2 e nenhum outro subtipo de influenza foi identificado em 2021 no Estado, conforme a SES.
 
A macrorregião Centro tem o maior percentual de infectados, com 44,9% (66/147), seguida da Macrorregião de Saúde Sudeste, com 26,53% (39/147), Centro Sul com 11,56% (17/147), Sul com 4,08% (6/147) e Leste com 3,40% (5/147). As macrorregiões de Saúde do Vale do Aço, Oeste, Jequitinhonha, Leste do Sul Norte e Nordeste detectaram a presença do Influenza A/H3N2 em 01 ou 03 amostras cada, e demais macrorregiões não tiveram a detecção de nenhum vírus da influenza em 2021. A Funed detectou, no ano passado, 489 amostras clínicas para o vírus influenza e 21 óbitos associados a influenza de todos os subtipos.

De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), são conhecidos três tipos de vírus Influenza: A, B e C. Os dois primeiros são mais propícios a provocar epidemias sazonais em diversas localidades do mundo, enquanto o último costuma provocar alguns casos mais leves.
 
"O tipo A da Influenza é classificado em subtipos, como o A(H1N1) e o A(H3N2). Já o tipo B é dividido em duas linhagens: Victoria e Yamagata. Embora possuam diferenças genéticas, todos os tipos podem provocar sintomas parecidos, como febre alta, tosse, garganta inflamada, dores de cabeça, no corpo e nas articulações, calafrios e fadigas", conforme a fundação.
 
A cepa Darwin (recém-descoberta na Austrália) faz parte do tipo A (H3N2), tem contribuido para aumento de casos de gripe em um período atípico no Brasil - que, assim como os países do hemisfério sul, possui uma circulação maior do vírus Influenza no inverno, entre julho e setembro.
 
Sintomas
 
Alguns sintomas do H3N2 podem ser confundidos com uma gripe comum. Alguns pacientes relatam que tiveram reações piores quando contraíram a COVID-19, como espirros, tosse, coriza, calafrio, cansaço excessivo, náuseas e vômitos, diarreia (mais frequente em crianças) e moleza.
 
O período de incubação do vírus é de três a cinco dias, quando começa a manifestação dos sintomas. Durante o período de incubação ou em casos de infecções assintomáticas, o paciente também pode transmitir a doença.


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