
A produção teve início na segunda quinzena de agosto e se estenderá até dezembro. Já foram produzidas 67 colchas, 22 fronhas, 26 mantas e ainda três tapetes.
Durante os sábados letivos, 15 presos, sendo 11 alunos da escola e outros quatro voluntários, colocam a mão na massa e produzem as peças.
Para a fabricação dos itens de dormir são utilizadas 13 máquinas de costura da própria penitenciária, que também servem ara fabricar máscaras de proteção contra o coronavírus.
A diretora da escola e responsável pela ação, Valdicéia Pavione, explica que o projeto Costurando Sentimentos contribui para o processo de ressocialização e agrega conhecimento aos participantes.
Segundo Valdicéia, durante o trabalho são colocadas em prática as teorias dos componentes curriculares, como a matemática, exigindo que se calcule a metragem dos tecidos para determinada quantidade de peças e a utilização das figuras geométricas.
“É visível o empenho deles para garantir a qualidade e a quantidade necessária de peças. Os resultados vão além da doação, trazendo assim benefícios para ambos, tanto para quem participa quanto para quem vai receber, já que ser solidário é aquecer o outro com o coração”, explica a diretora.
O projeto
O Costurando Sentimentos é a continuação de uma proposta do Estado de proporcionar aos alunos de todas as escolas estaduais mineiras os melhores sábados letivos de suas vidas.
Anteriormente, os detentos participaram do
Tecendo com o Coração
e fabricaram toucas e cachecóis que foram doados para pessoas em situação de rua e ao próprio Lar Maria Clara.
O sucesso foi tanto que surgiu a ideia de continuar o projeto de outra forma, e assim começou a nova produção. Os trabalhos se iniciaram a partir da doação de malhas e lanzinha recebidos pela diretora da escola, por meio de uma funcionária da Superintendência Regional de Ensino (SRE) e seu esposo, responsáveis pela intermediação junto a uma fábrica de jeans do Espírito Santo e da empresa BRTA Transportes.
Carlos Felipe Soares, 34 anos, que cumpre pena na unidade desde 2019, é um dos participantes e destaca a importância da ação.
“Além da parte educacional propriamente dita, o Costurando Sentimentos contribui com a ressocialização. É o sentir-se útil, ajudar o próximo, é doar o nosso tempo para o outro”, pontua o detento.

O diretor de Atendimento e Ressocialização da penitenciária, Ury Ribeiro, concorda com Carlos. “Para a unidade é de fundamental importância este tipo de projeto. A participação dos alunos e voluntários é importantíssima para a ressocialização, reinserção social e entendimento da sua participação no cotidiano dos não encarcerados”, destaca.
O diretor do Lar Maria Clara, Júlio César da Costa, explica que roupas de cama quase não chegam por meio de doação, muitas vezes precisam ser compradas, portanto o projeto irá garantir um alívio nas despesas, além de promover o acolhimento aos moradores do local.
“Este projeto é extremamente importante, pois demonstra o carinho e o reconhecimento com nossos residentes, além de estreitar laços de amizade mesmo à distância. A produção vai fazer muita diferença na vida dos idosos, eles vão se sentir mais acolhidos”, conclui.
