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Estado de Minas

Demora para resultado de testes eleva pressão na Região Metropolitana de BH

Com um caso confirmado, mais de 300 em investigação e em alerta, Santa Luzia cobra rapidez em exames e prepara reabertura de hospital


postado em 31/03/2020 06:00 / atualizado em 31/03/2020 08:00

Com 230 mil habitantes, Santa Luzia cerrou as portas do comércio e parou: ruas vazias são o cenário da cidade, onde atenção e medo dividem espaço(foto: Júlio Moreira/EM/D.A Press)
Com 230 mil habitantes, Santa Luzia cerrou as portas do comércio e parou: ruas vazias são o cenário da cidade, onde atenção e medo dividem espaço (foto: Júlio Moreira/EM/D.A Press)


O anúncio do primeiro óbito em Minas causado pelo coronavírus, e a confirmação do primeiro caso em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, deixam os moradores do município de 230 mil habitantes em estado de alerta máximo. Segundo o prefeito local, Christiano Xavier, há mais de 300 casos em investigação no município, e ele critica a demora da Fundação Ezequiel Dias (Funed), vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), em liberar o resultado dos exames. "Aí fica um monte de empresa particular em cima da gente, como se fosse 'urubu na carniça', querendo vender cada teste por R$ 180. Santa Luzia é município pobre, não podemos arcar com esse custo", diz o prefeito.
 
Destacando que Santa Luzia foi a primeira cidade do Brasil a decretar situação de emergência em função do coronavírus, Xavier afirmou que o centenário Hospital de São João de Deus, no Centro Histórico da cidade, terá as obras concluídas já na quinta-feira. "O hospital será reaberto no dia 15 de abril, pois é necessário o trabalho de esterilização antes de receber os pacientes e a equipe, que está em treinamento. Teremos 50 leitos de retaguarda, que vão complementar os existentes nas unidades de saúde, como o hospital municipal (Madalena Calixto) e unidades de pronto-atendimento (UPAs)".

O prefeito Christiano Xavier adianta que haverá dois respiradores, somando-se a oito existentes nas unidades de saúde municipais: "É muito pouco, mas devemos ressaltar que 70% dos municípios não têm sequer um". O hospital São João de Deus, filantrópico, obedece às diretrizes de uma comissão de intervenção e será administrado de forma compartilhada pelo município e a Irmandade São João de Deus.

'Muito medo'


Nas ruas de Santa Luzia, as opiniões se dividem: para uns, o momento é de medo, para outros de atenção, pois pode estar havendo subnotificacão dos casos. Nessa segunda hipótese acredita a professora Ana Paula Diniz Orzil, que, na manhã de ontem, conduzindo a mãe, a professora aposentada Clara Lúcia Diniz, esperava na longa fila de veículos para a vacinação contra a gripe no sistema drive-thru implantado no hospital Madalena Calixto. "Penso que esse não deve ser o primeiro caso aqui, pois muitos não são notificados", observou Ana Paula.
 
Esperando o ônibus no ponto diante do hospital, a dona de casa Maria das Graças Ferreira, que tentou se vacinar, sem sucesso, só pensava mesmo em voltar para casa. "Estou morrendo de medo. E você, não está não?", perguntou Maria das Graças ao repórter ao saber do primeiro caso confirmado em Santa Luzia. "Só quero mesmo chegar em casa, o mais rápido possível", acrescentou.
 
Segundo o prefeito, o número de vacinas contra a gripe que chega do Ministério da Saúde é insuficiente, mas garantiu que ontem estava disponível um novo lote.
 
Mãe de sete filhos e avó três vezes, a dona de casa Luzenita Bidoo dos Santos, de apenas 37 Anos, teme pela família. "A gente fica assustada demais, pois tem os netos em casa e minha mãe, com 68 anos. Ao lado, o aposentado Antero Antônio dos Reis, de 68, dava o arremate: "Temos que pegar com Deus. Só Ele pra nos acudir neste momento".
 
Com mais de 30 anos no setor gastronômico, Luiz Floriano dos Santos, dono do restaurante Badalo's, mantém o estabelecimento fechado e segue à risca o isolamento social. "Tenho conversado, pelas redes sociais, com amigos e clientes e todos estão com medo. Com a confirmação do primeiro caso em Santa Luzia, minha apreensão aumenta", acrescentou Luiz Floriano."O coronavírus está cada vez mais perto de todos nós", lamenta.

Resposta 


Sobre a crítica do prefeito de Santa Luzia, a SES-MG informa que Funed iniciou realização do exame para identificação da COVID-19, das amostras suspeitas em Minas, em 12 de março. Em nota, os técnicos informam: "A Funed recebe amostras biológicas de todos os municípios do estado, das unidades de atendimento de saúde, sejam elas públicas ou privadas.
 
Até dia 24 de março, mais de 3,5 mil amostras deram entrada na Funed. Dessas, aproximadamente 2,5 mil estão em análise ou já foram processadas e as demais estão em processo de triagem".A SES-MG destaca, ainda, que há variação no tempo de liberação de resultados, segundo demanda recebida. As amostras, exames e resultados estão sendo recebidos, conferidos, processados e tendo os resultados liberados no sistema entre 48 e 72 horas a partir da entrada das amostras na Funed".

Portas fechadas, silêncio e perdas


Conforme decreto municipal, as portas dos estabelecimentos comerciais em Santa Luzia estão cerradas, com exceções, tais como supermercados, padarias, farmácias e depósitos de material de construção. "Academias de ginástica? De jeito nenhum!", respondeu o prefeito local, Christiano Xavier, à pergunta do repórter. Polícia Militar e Guarda Municipal fazem a fiscalização.
 
Na manhã de ontem, o movimento estava mais intenso, muito em função da campanha de vacinação contra gripe. Mas, na Rua Direita, a principal do Centro Histórico de Santa Luzia, a quietude imperava, sem a saída das crianças da centenária Escola Estadual Modestino Gonçalves, do burburinho das vans paradas na frente do portão, do entra e sai no cartório e nos escritórios de advocacia e das compras em lojas perto do santuário da padroeira.
 
"Quase não se vê uma 'alma viva', como é costume dizer por aqui", comentou uma mulher, com máscara cirúrgica, que seguia em direção a uma unidade de saúde para se vacinar.O silêncio é quebrado apenas pelo badalar do sino do Santuário de Santa Luzia, marcando as horas, e pelo carro de som da prefeitura com as orientações, aos moradores, para que fiquem em casa e evitem aglomerações, de forma a evitar a propagação do coronavírus.
 
"Os comerciantes estão obedecendo as determinações, embora, no início, tenha faltado maior entendimento melhor, pois houve decretos estadual e municipal", diz o presidente do Sindicato do comércio Varejista de Santa Luzia e diretor da Associação Empresarial, Lindomar Ribeiro.

Dados preliminares indicam prejuízo de 80% para os lojistas, excetuando-se os donos de supermercados. "Mas podem ser maiores, tudo dependendo, no entanto, do tempo em que durar a situação de calamidade".

Os estabelecimentos que desobedecerem as determinações municipais estão sujeitos a sanções administrativas, podem ter problemas com o alvará de funcionamento, além de receber multas, responder criminalmente. O proprietário pode até ser preso.

O que é o coronavírus?

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.


Como a COVID-19 é transmitida?

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia


Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o coronavírus é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:

Especial: Tudo sobre o coronavírus 

Coronavírus: o que fazer com roupas, acessórios e sapatos ao voltar para casa

Coronavírus é pandemia. Entenda a origem desta palavra



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