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Estado de Minas

Belo Horizonte está bem colocada no ranking de calçadas e acessibilidade

O que nem sempre garante conforto e segurança aos moradores. Arborização é ponto alto, segundo o IBGE


postado em 26/05/2012 06:00 / atualizado em 26/05/2012 07:10

BH lidera no ranking de quantidade de calçadas, mas Fábio Peixoto circula nas ruas, por causa dos obstáculos nos passeios(foto: Fotos GLADYSTON RODRIGUES/EM/D. A PRESS)
BH lidera no ranking de quantidade de calçadas, mas Fábio Peixoto circula nas ruas, por causa dos obstáculos nos passeios (foto: Fotos GLADYSTON RODRIGUES/EM/D. A PRESS)

 

 

Quantidade não é garantia de qualidade. Essa é uma análise válida para a infraestrutura urbana no país. A presença de equipamentos e acessórios nem sempre atende bem a população. Pesquisa inédita divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo 2010, mostra a realidade da infraestrutura em torno das casas nos municípios brasileiros, de acordo com a percepção dos pesquisadores. Entre as 15 cidades com mais de um milhão de habitantes, Belo Horizonte se destaca em pavimentação e calçadas, ficando em segundo lugar nos quesitos iluminação e meio-fio. No item acessibilidade, a capital mineira está em quinto lugar e deixa a desejar no atendimento à população. O censo mostra também a realidade de todos os municípios mineiros, e o Norte do estado vive situação singular, onde estão os municípios mais pobres e consequentemente com menos estrutura no entorno das casas.

As rampas a deficientes físicos apresentam baixa média nacional, com percentual de 4,7. Belo Horizonte, com 9,6%, está acima e fica na quinta posição, atrás de Porto Alegre, Brasília, Curitiba e Goiânia, cidades mais desenvolvidas na questão da acessibilidade. Mas, para quem precisa diariamente das rampas, BH ainda tem muito a avançar. “A cidade não está preparada para acolher portadores de necessidades especiais. Prefiro andar na rua a andar na calçada, já que elas são irregulares e sempre têm obstáculos”, afirma o funcionário público Fábio Augusto Peixoto, de 28 anos. Cadeirante devido a uma doença que paralisa o movimento das pernas, Fábio contou que já fraturou o fêmur em quatro lugares por causa de uma queda em um passeio no Centro da cidade.

Quantidade de árvores na capital é referência entre os pesquisadores do IBGE, como pode ser visto na Avenida Afonso Pena(foto: Fotos GLADYSTON RODRIGUES/EM/D. A PRESS)
Quantidade de árvores na capital é referência entre os pesquisadores do IBGE, como pode ser visto na Avenida Afonso Pena (foto: Fotos GLADYSTON RODRIGUES/EM/D. A PRESS)


As árvores estão em volta de 83% das casas da cidade, deixando BH na terceira colocação, um benefício constatado pelas amigas Marisa Chaves, de 51 anos, e Maria da Penha de Oliveira, de 48. Vindas de Vitória (ES), elas afirmam que por onde passaram na capital mineira puderam comprovar que BH é uma cidade que preserva o verde. “O canteiro central das avenidas é repleto de árvores, que podem ser vistas por várias partes, até onde a vista alcança”, conta Maria da Penha, enquanto admirava o Parque Municipal, no Centro, ao lado da amiga.

Quanto ao esgoto a céu aberto e acúmulo de lixo, BH enfrenta problemas também, ficando em 13º lugar em ambos os itens. A situação no Bairro Tupi, na Região Norte, ilustra bem o censo. Na Rua Desembargador Cândido Martins de Oliveira, moradores reclamam não só da falta de pavimentação, mas também do mau cheiro, dos insetos e do lixo que surgem com o esgoto que corre na porta das casas. “A gente tem muita vontade de morar em um lugar mais organizado. Queria que o asfalto passasse na frente de casa e que o esgoto fosse canalizado”, diz a pedreira Rita de Cássia Alves de Souza, de 51, moradora da rua.

No que diz respeito aos bueiros e bocas de lobo, responsáveis por evitar alagamentos com chuva, problema constante na capital mineira, apenas 45,3% dos domicílios pesquisados têm esse tipo de equipamento no seu entorno. No Brasil, a média é de 41,5%.

Coordenadora estadual do setor de Disseminação da Informação do IBGE, a demógrafa Luciene Longo diz que Belo Horizonte tem bons resultados, mas lembra que a pesquisa só determina se há ou não intervenção urbana. “A análise deve ser feita com cautela, porque a qualidade dos equipamentos não foi objeto do estudo. BH aparece em primeiro em algumas categorias e outras cidades com mais de um milhão de habitantes estão abaixo, mas isso não significa que a capital mineira tenha a melhor infraestrutura. Trata apenas da existência ou não”, explica.

Para Luciene, a cidade apresenta resultados que precisam de investimento. “A cidade está acima da média brasileira quanto a rampas de acessibilidade, mas menos de 10% dos domicílios estão localizados onde existe essa infraestrutura. É menos do que se espera e do que se precisa. Porto Alegre, por exemplo, está mais avançada nessa discussão, com 23%”, cita ela. “Já os bueiros, com impacto direto no período de chuvas, estão em torno de menos da metade das casas. Isso é preocupante, mas não significa que ter já é suficiente. Eles precisam estar em condições de uso, sem entupimento, e receber manutenção.”


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