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Estado de Minas

Onde mais se vive sozinho


postado em 18/12/2011 07:14

Geraldo aprende a mexer no computador para se comunicar(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A/Press)
Geraldo aprende a mexer no computador para se comunicar (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A/Press)
Geraldo comprou um computador e está fazendo curso de informática para passar o tempo. Catarina tem o violão como companheiro, enquanto as amigas Manoela e Josina passam parte do dia juntas para vencer a solidão. Os quatro são membros de famílias distintas e moram em casas separadas, mas em comum têm um característica: vivem em Vargem Bonita, município do Centro-Oeste mineiro classificado como a cidade dos solitários, conforme dados do último censo do IBGE. Foi no município, de 2,1 mil habitantes, que os recenseadores encontraram o maior número de domicílios com apenas um morador (23,1%) no estado. Conforme o levantamento, o município de Cedro do Abaeté, na Região Central, ocupa o segundo lugar, com 22,7%. Em seguida está Córrego Danta, também no Centro-Oeste, com 22,2%.

Encontrar pessoas que vivem sozinhas em Vargem Bonita não é difícil. Em um restaurante, a professora aposentada Maria Ana da Costa gastou poucos minutos para fazer uma lista com pelo menos 50 nomes. Nas ruas da cidade, em cada esquina, são muitos os lares unipessoais. Entre os idosos, a situação é tratada de forma distinta. Há quem reclame que viver só é ruim. “Meu marido morreu há 23 anos e nossos filhos se casaram e saíram de casa. Desde então, moro sozinha”, conta a pensionista Josina Teodora de Almeida, de 79 anos. “Tenho um filho que mora nos fundos, mas não é a mesma coisa, a gente sente falta de ter uma companhia”, completa.

É com a amiga viúva Manoela Mariana Damasceno que Josina divide a falta que sente da casa cheia em outros tempos. Mariana também vive só e diz que a vida isolada é triste e saudosa. “No dia a dia só vou à igreja, ao mercado fazer compra ou pagar uma conta ou visitar alguém enfermo”, disse. O aposentado Geraldo Pereira dos Santos, de 59, encontrou uma estratégia para sair do isolamento. “Comprei um computador e estou tendo aulas de informática. Mandei instalar internet porque quero me comunicar com outras pessoas”, disse.

INDEPENDÊNCIA A vizinha Catarina Maria da Silva, de 76, pensionista, nem se incomoda com o título que a cidade leva. “A gente vai ficando e fica cheia de mania. Sou sistemática. Apesar de gostar de todo mundo, não gosto de visitar ninguém porque acho que incomodo. Prefiro então ficar no meu canto”, afirma. Nos momentos em que está só, Catarina aproveita para “brincar com o violão”, como ela define. “Fico por aqui. Assisto ao jornal, toco uma canção”, diz.

As jovens Maria de Fátima Borges, de 22, e Roseli Aparecida dos Santos, de 29, também são um retrato dos dados levantados pelo censo do IBGE. Assim como amigas da mesma faixa etária, escolheram morar sozinhas em Vargem Bonita para desfrutar de privacidade e adquirir independência financeira. “Assumir uma casa sozinha não é fácil porque fica caro, mas as dificuldades fazem com que fiquemos mais responsáveis”, diz Roseli.


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