Muitas caras e diferenças marcantes. O último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais completa radiografia sobre os municípios brasileiros, confirma a tendência de Minas de retratar contrastes do país e parece renovar uma vez mais a máxima do escritor mineiro Guimarães Rosa de que “Minas são muitas”. Compilados em 2010, os dados revelam peculiaridades dos 853 municípios espalhados por 586 mil quilômetros quadrados e evidenciam diferentes condições econômicas e sociais. Mais: dão pistas de movimentos que estão mudando a distribuição de homens, mulheres, jovens ou idosos pelo estado e interferindo na realidade de parte das cidades.
“Minas é uma miniatura do Brasil”, define a demógrafa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em Minas, Luciene Longo. “É um estado muito grande, com situações distintas que revelam um retrato fiel do Brasil”, acrescenta. Como no país, ela lembra, o Sul do estado concentra as cidades mais desenvolvidas e com melhores indicadores sociais. O Norte de Minas e o Vale do Jequitinhonha, por sua vez, ainda vivem situação mais precária do ponto de vista de saúde, educação, emprego e renda. Mas, ainda que as diferenças entre regiões persistam, a demógrafa aponta que a atividade econômica e outros fatores interferiram, por exemplo, na distribuição de homens e mulheres.
Os dados do censo mostram ainda as cidades onde há mais gente morando no campo que no perímetro urbano e aquelas nas quais as casas estão mais ocupadas por solitários. As tabelas também mostram que, em municípios onde a taxa de fecundidade supera a de Minas e do Brasil, a população de crianças é destaque. Entre os que lideram a lista de maior população de crianças, todos estão no Norte de Minas ou no Vale do Jequitinhonha, regiões com baixa escolaridade e menor acesso a serviços de saúde. Já Biquinhas, na Região Central, ocupa o terceiro lugar em menor número de crianças de zero a cinco anos e o mesmo posto no maior percentual de idosos em Minas.