
Coordenadora dos cinco projetos, Bittar explicou que todos eles envolvem bovinos, sendo que as pesquisas visam desenvolver o diagnóstico e controle de doenças relacionadas ao carrapato e à reprodução bovina.
"Esses projetos são relacionados, por exemplo, à pesquisa para controle de carrapatos ou para algumas doenças da reprodução, como neosporose e tripanossomíase bovina, que trabalhamos há muitos anos", acrescentou a pesquisadora.
A decisão da professora de realizar pesquisas na área de bovinos surgiu da observação dos problemas vivenciados pelos produtores rurais. “Por exemplo, a pesquisa com Trypanosoma vivax surgiu devido aos casos de surtos da doença na região, com elevada mortalidade dos animais. Por isso, decidimos padronizar testes diagnósticos, entender a epidemiologia da doença, desenvolver proteína recombinante e agora testá-la como imunógeno (vacina)”.
Da mesma forma, a pesquisadora explicou que surgiu a pesquisa com carrapatos. “Pois uma startup da região estava interessada em avaliar um produto à base de fungo para o controle biológico do carrapato do boi. A expertise adquirida desde a graduação com a iniciação científica e posteriormente no mestrado e doutorado me permitiu elaborar um projeto que foi aprovado no edital Compete Minas da Fapemig”, citou.
Já os projetos relacionados à reprodução, segundo a professora, surgiram das observações de inúmeros casos de abortos e repetição de cio em rebanhos da região, diagnosticados junto ao Hospital Veterinário da Uniube. “Devido ao impacto negativo das doenças da reprodução na cadeia produtiva de carne e leite, decidimos desenvolver uma proteína recombinante de Neospora caninum para melhorar o diagnóstico. No entanto, percebemos que ela pode ser utilizada como imunógeno. O projeto foi submetido e aprovado pela Finep, e agora realizaremos testes in vivo para avaliá-la como vacina para o controle da neosporose, doença que tanto prejudica o setor”.
Para Bittar, é diferente quando os projetos acontecem em uma universidade particular onde a pesquisa está iniciando, em comparação com uma federal. “Nas universidades federais tem pesquisa arraigada no sangue. Isso é muito engrandecedor para nós, ou seja, ver a Universidade ser reconhecida como um centro de pesquisas, não só da graduação”, considerou.
Da graduação ao pós-doutorado
Joely contou que decidiu ser professora aos 19 anos, quando cursava o 6º período do curso de medicina veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
“Tive aulas com uma professora muito querida, Sueli Cristina de Almeida Ribeiro, que me incentivou a fazer mestrado, ser professora e desenvolver trabalhos de pesquisa que pudessem contribuir para a veterinária”, destacou.
Ela diz que desde a graduação já desenvolve trabalhos de iniciação científica na área de parasitologia veterinária e trabalhos de extensão junto a uma comunidade rural de Uberlândia, pesquisando principalmente a leptospirose bovina.
“A partir daí, decidi fazer o mestrado, o doutorado e o pós-doutorado. Vi na pesquisa a oportunidade de buscar soluções para problemas que impactam negativamente a bovinocultura”.