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Estado de Minas LAVAGEM DE DINHEIRO

11 são presos suspeitos de fraude milionária a instituições financeiras

Quadrilha aplicava golpes em bancos e usava dinheiro para comprar postos de combustíveis e investir no mercado imobiliário, segundo investigação da PF e Receita


11/11/2021 14:28 - atualizado 11/11/2021 14:44

Entrevista coletiva
Em coletiva de imprensa, a Polícia e a Receita Federal deram detalhes sobre o esquema (foto: Marcelo Lopes/Portal Gerais)
Onze pessoas foram presas, nesta quinta-feira (11/11), durante a Operação Octanagem, desencadeada pela Polícia Federal e Receita Federal. A quadrilha é suspeita de coordenar golpes de estelionato e lavagem de dinheiro em Minas Gerais e na Bahia. Uma pessoa que teria participação no esquema continua foragida e a defesa nega os crimes.
O cabeça seria um empresário dono de uma rede de postos de combustíveis em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas. Adriano de Jesus e a esposa foram detidos no apartamento deles na cidade. O esquema envolveria também parentes do casal.
 
Em valor não atualizado, o prejuízo causado às instituições financeiras Caixa Econômica Federal, Banco Itaú, Banco do Brasil, Banco Santander e Banco Bradesco ultrapassa R$ 12,5 milhões, segundo a investigação.
 
A polícia solicitou o bloqueio de patrimônio no mesmo valor. Durante a operação, foram apreendidos R$ 11 mil em dinheiro, além de carros de luxo como uma BMW e duas Land Rovers. Também foram apreendidos documentos e computadores.

A ação ocorreu simultaneamente em Divinópolis, Belo Horizonte, Contagem, Caeté, Juatuba e Lauro de Freitas, este último na Bahia, onde moram cunhados do empresário.


Investigações

As investigações começaram em julho de 2020, quando a Representação Regional da Interpol em Minas identificou a quadrilha responsável pela expedição de 300 documentos federais e estaduais falsos. 

A maior parte deles tinha a foto do empresário de Divinópolis. Entretanto, os nomes e datas de nascimento eram alterados.

A partir da obtenção e uso de documentos falsos de identidade, carteiras de habilitação e CPFs, a quadrilha praticou fraudes contra instituições financeiras.

“Eles conseguiam um crédito ou empréstimo muito grande, tiravam o dinheiro e sumiam. Quando o banco ia atrás, não existia nem a empresa e nem a pessoa”, explicou o delegado regional Daniel de Souza. 

Os golpes teriam ocorrido até 2016. Posteriormente, o grupo passou a “lavar” o dinheiro, obtido ilicitamente, segundo a investigação.

“Eles fizeram a lavagem de dinheiro em uma rede de postos de combustíveis e também no mercado imobiliário”, afirmou o delegado responsável pelas investigações, Felipe Baeta. A rede conta com 30 postos de combustíveis com atuação forte no Centro-Oeste de Minas. 

Ao cruzar os dados, foram identificados e qualificadas documentos em nome de 47 pessoas físicas utilizadas em alterações contratuais de 38 empresas registradas nas juntas comerciais de Minas Gerais e Bahia.

Em um segundo momento, a Polícia Federal irá investigar a atuação de agentes públicos no esquema. Embora os dados nos documentos fossem falsos, eles eram emitidos pelos órgãos competentes.

Documentos falsos
As fotos dos documentos eram a do empresário Adriano de Jesus, porém, os dados eram falsos (foto: Marcelo Lopes/Portal Gerais)


Sonegação

As investigações apontaram que o grupo criava empresas também para poder dividir o faturamento e, consequentemente, sonegar tributos. Um dos supostos laranjas declarou ter faturado em três anos R$4 0 mil, porém, no início deste ano informou a compra de um veículo avaliado em R$ 193 mil.

Outro caso é de um dos detidos na operação de hoje. Ele declarou ter ganhado R$ 150 em 2019, mas movimentou cerca de R$ 1,8 milhão na conta bancária.

“Em uma das interceptações telefônicas, que foi autorizada pela Justiça, um dos alvos que foram presos hoje falou que estava fazendo há muitos anos, recebeu mais de milhões e que os auditores fiscais nunca pegaram. Então, esse trabalho de hoje, é uma prestação de contas para a sociedade, para mostrar a atuação da Receita Federal e que o crime não compensa”, declarou o auditor fiscal Michel Lopes Teodoro.

Crimes cometidos

Os investigados responderão pelos crimes descritos nos arts. 171, §3º( 1 a 5 anos de reclusão), 299 e 304 (1 a 5 anos de reclusão), todos do Decreto Lei 2.848/1940 (Código Penal), art. 2º da Lei nº 12.850/13 (Organização Criminosa – pena de 3 a 8 anos de reclusão) e, em especial, art. 1º da Lei nº 9.613/98 (Lavagem de Dinheiro – 3 a 10 anos de reclusão).


Defesa nega crimes

Advogado de defesa da família e do grupo Xavante, Caio Martins nega a relação dos clientes ao esquema relatado pela Polícia Federal. Disse que entre 2012 a 2016, período em que os golpes teriam ocorrido, Adriano de Jesus teria tido os documentos extraviados.

“Foi noticiado pela Polícia Civil, foram tentados alguns golpes na época, mas foi demonstrado, de maneira muito tranquila, que ele não tinha participação alguma. Tanto que não foi mais investigado”, alegou.

Martins ainda tratou como “estranho” o fato de o cliente não ter sido intimado a depor pela Polícia Federal antes da operação.

“Estranhamente, ele não foi intimado pela Polícia Federal ou ele teria explicado, colhido grafotécnico, impressão digital para fazer essa contraprova. Simplesmente fizeram essa prisão, na casa dele e na sala do escritório onde tinham documentos”, afirmou.

Ele negou relação econômica entre o dono da rede de postos e os demais detidos. “Todos os postos estão em nome do Adriano. Qual pessoa, em sã consciência, afim de criar uma fraude, vai colocar algo em seu nome”, argumentou. Apenas a transportadora não estaria em nome do empresário.

Os detidos preventivamente foram ouvidos e levados para os presídios dos respectivos municípios, onde estão à disposição do sistema judiciário.

*Amanda Quintiliano - Especial para o EM


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