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Estado de Minas COMBUSTÍVEIS

Gasolina chega a quase R$ 6,80 em Minas e passa de R$ 7 em alguns estados

Na Grande BH, com aumento de 3,07% em 17 dias nas bombas, litro é vendido por até R$ 6,499. Motoristas já pagam R$ 6,759 em Paracatu e até R$ 7,13 no Acre


24/08/2021 04:00 - atualizado 24/08/2021 07:07

Corrida atingiu o etanol, com alta de 5,95% em 17 dias (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Corrida atingiu o etanol, com alta de 5,95% em 17 dias (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
O aumento nos preços da gasolina nos postos revendedores da Grande Belo Horizonte alcançou 3,07% em apenas 17 dias deste mês, levando o consumidor a pagar até R$ 6,499 pelo litro do combustível, segundo levantamento divulgado ontem pelo site de pesquisas de preços Mercado Mineiro. Para o etanol, a alta foi ainda maior no período, ao atingir 5,95% entre o dia 5 e domingo, com custo máximo de R$ 4,899. Foram consultados 145 estabelecimentos de BH e entorno.

Leia também: Preço médio da gasolina na Grande BH é de R$ 6,10; há 17 dias era R$ 5,918

Os gastos impostos aos motoristas que o Mercado Mineiro constatou são coerentes com relatório publicado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que acompanha os preços dos combustíveis em todo o país. Na semana passada, o menor preço do litro da gasolina encontrado em Minas Gerais era de R$ 5,899 em Uberlândia, no Triângulo; e o maior custo nas bombas chegou a R$ 6,759 em Paracatu, no Noroeste do estado. O preço médio foi de R$ 6,185 por litro entre os dias 15 e 21 deste mês.
 
De acordo com a ANP, a gasolina teve reajuste de 1,5% em média no Brasil, bem abaixo do medido na Grande BH, vendida a R$ 5,956. Mas, o consumidor já paga mais de R$ 7 no litro do combustível em postos do Rio Grande do Sul (R$ 7,18), Rio de Janeiro (R$ 7,05),e Acre (R$ 7,13). Na comparação entre os estados, o preço mais alto, em média, é o dos postos do Rio de Janeiro (R$ 6,485) e o mais baixo foi verificado no Amapá (R$ 5,143).
 
Quanto ao etanol, o preço médio subiu 2,2%, também abaixo do reajuste da Grande BH, alcançando R$ 4,497. O recorde de Minas é de Bom Despacho, no Centro-Oeste: o litro a espantosos R$ 6,19, mais caro que a média da gasolina na Grande BH. O menor valor é de R$ 4,149 em Montes Claros, no Norte do estado, e novamente Uberlândia.
 
Diante da corrida dos preços, a pergunta essencial é se o consumidor pode evitar o prejuízo crescente. Feliciano Abreu, diretor do site Mercado Mineiro, indica o caminho. “Não compensa abastecer com etanol hoje, porque ele representa (em média) 75% do preço da gasolina (historicamente, diferenças abaixo de 70% indicam que esse combustível vale mais a pena). Está sendo uma surpresa desagradável, porque subiu até mais que a gasolina. Não é uma desculpa do dólar (alto), mas do mercado, que está demandando muito. A gente nem viu safra este ano”, avalia.
 
Por outro lado, Feliciano afirma que o índice de 70% não pode ser interpretado como lei para optar pelo etanol ou pela gasolina. Isso ocorre porque há variações de desempenho dos veículos, além do comportamento do próprio motorista. “Sempre indico perguntar para o taxista ou para o motorista de aplicativo. Eles sabem responder melhor que qualquer um”, diz.
 
O crescimento dos preços apresentado na última pesquisa do Mercado Mineiro surpreendeu o diretor do site. O preço médio da gasolina na Grande BH evoluiu de R$ 5,918, no último dia 5, para R$ 6,10 no domingo, representando R$ 0,18 por litro. No caso do etanol, o custo do litro nas bombas subiu de R$ 4,319, na média, para R$ 4,576. Quanto ao diesel, que abastece a maioria dos veículos de carga, o crescimento de preços foi de de 0,34%. Na prática, o motorista passou a pagar dois centavos a mais no litro desse combustível: de R$ 4,691 para R$ 4,707.
 
“A gente fez a pesquisa semana passada e se assustou muito porque repassaram praticamente a integralidade da alta (do preço da Petrobras). Geralmente, cai um pouco por recomposição e transporte”, afirma. Para quem usa muito o carro e consome cerca de um tanque de combustível por semana, a alta do valor do litro da gasolina, neste ano, onera o bolso de forma considerável, como explica Feliciano Abreu.
 
Considerando-se os reajustes aplicados desde o início do ano, em oito meses a variação alcança 31%. “Se você colocar isso em 50 litros por semana (um tanque), você está pagando R$ 70 a mais por semana. É muito dinheiro”, avalia.

Extremos

A título de exemplo do comportamento dos preços, o posto Wilson Piazza, de bandeira Shell, na Região Centro-Sul de BH, vendia o combustível mais barato no domingo na Grande BH, entre os 145 estabelecimentos pesquisados pelo Mercado Mineiro. O litro era oferecido a R$ 5,899 e o do etanol a R$ 4,299.
 
Na mesma região, é vendida a gasolina mais cara entre os preços levantados, no valor de R$ 6,499, no Bairro Luxemburgo. A bandeira é da Petrobras. O preço varia em 10,17% na comparação com o estabelecimento do Serra. O motorista que optou pelo etanol encontrou o litro mais caro, a R$ 4,899, em posto sem bandeira instalado no Anel Rodoviário, na altura do Bairro Nazaré, Nordeste da capital mineira. (*Amanda Quintiliano/Especial para o EM)

Promoção em Divinópolis e pesquisa em Uberlândia

Em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas Gerais, até domingo era possível encontrar o litro da gasolina a R$ 6,09. O menor valor praticado na cidade, que fica a cerca de 120 quilômetros da capital, é reflexo de promoção realizada sempre aos domingos por redes de postos de combustíveis. Em poucos estabelecimentos, que não aderem à prática, o combustível era comercializado a R$ 6,19. Ainda sem saber quanto as revendas poderão cobrar durante esta semana, alguns frentistas imaginam ao menos R$ 6,29 por litro.
 
O combustível teve alta acumulada de 27,5% neste ano até julho, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Quem sentiu no bolso o aumento foi  o motorista de aplicativo Gustavo Miguel. Atuando nesta área desde o início do ano, ele acompanhou reajuste a reajuste e, aos poucos, viu a renda encolher.
 
Aproveitando a promoção, ainda na manhã de domingo, ele completou o tanque e gastou R$ 250. “Vai dar para eu rodar até terça ou quarta no máximo”, contou. Somam-se a isso outras despesas com a manutenção do veículo. “Se colocar pneus, óleo, que são gastos a longo prazo, não está compensando porque precisamos ainda pagar o percentual do aplicativo”, disse.
 
Para tentar equilibrar o orçamento, o motorista está cortando despesas no dia a dia. “Um lanchinho que eu fazia na rua, o almoço, agora é só em casa”, exemplificou. Alternativa para complementar a renda é fazer viagens particulares. Entretanto, nesse caso, o peso do aumento é compartilhado com o cliente.
 
A alta no preço da gasolina tem dado o que falar no Sul de Minas. Em Varginha, o preço ultrapassou os R$ 6 e já subiu cerca de 50% no acumulado do ano. Os motoristas que dependem do combustível para trabalhar ficam no prejuízo. O preço da gasolina já foi reajustado nove vezes só este ano.
 
Os motoristas, que precisam do combustível em Varginha, pagam entre R$ 6,17 e R$ 6,19. Em janeiro, o preço não chegava a R$ 5. “Está um absurdo. Eu trabalho fazendo entregas na região e o meu lucro está sendo usado para abastecer o veículo”, diz um trabalhador autônomo, que prefere não ser identificado.

Susto

Paulo César da Silva trabalhava como motorista de aplicativo, mas abandonou a profissão por causa da alta do combustível. “Eu estava praticamente pagando para trabalhar. No fim, não tive outra escolha, precisei procurar um emprego fixo”, ressalta. Hoje, ele trabalha como garçom
 
Em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, o Estado de Minas verificou que o preço varia entre R$ 5,95 e R$ 6,49. Entretanto, o preço mais comum encontrado é de R$ 6,19. É possível perceber aumento desde a última semana se comparado com pesquisa feita pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Entre os dias 15 e 21, o levantamento mostrou que o preço médio do combustível era de R$ 6,166, com valor máximo do litro de R$ 6,399 e o mínimo de R$ 5,899.
 
Um motorista que abasteceria o carro num posto com gasolina a R$ 6,49 o litro desistiu da compra. “Parei sem ver a placa de preços. Quando vi na bomba, eu resolvi procurar outro posto. Em todos está cara (a gasolina), mas aqui eu me assustei”, disse o consultor de vendas Carlos Pereira. Ao ser questionado sobre o que tem feito para reduzir gastos, disse que, como roda a cidade a trabalho, fica atento aos postos que oferecem os preços menores.

Prejuízo de Araçuaí a Montes Claros

Em Januária, gasolina vendida a R$ 6,35 revolta dona de casa, mecânico e servidor público (foto: Pablo Magalhães/Divulgação)
Em Januária, gasolina vendida a R$ 6,35 revolta dona de casa, mecânico e servidor público (foto: Pablo Magalhães/Divulgação)
“Está um absurdo o preço da gasolina. Desse jeito, as pessoas não terão dinheiro para abastecer. Acho que todo mundo vai ter que deixar o carro ou a moto em casa e andar a pé ou de bicicleta.” O deabafo é da dona de casa Zenilma Alves Santana e não parece exagero diante do aumento nos preços do combustível. Como em todo Brasil, o valor da gasolina disparou em regiões como o Norte do estado, onde mora Zenilma.
 
A dona de casa vive em Januária, às margens do Rio São Francisco, onde o preço do litro do combustível na bomba no domingo chegou a R$ 6,35. Na vizinha Pedras de Maria da Cruz, separada de Januária pelo Velho Chico, a gasolina está ainda mais cara e é vendida a R$ 6,389 o litro.

“Realmente, (o preço do combustível) está muito caro, um absurdo.
Teremos que rodar menos ou então andar de bicicleta ou a pé”, afirma o mecânico José Adilson Guedes de Oliveira, marido de Zenilma. O servidor público Argemiro Pereira Lopes acha que o preço dos derivados de petróleo disparou por causa da formação de cartel pelos revendedores. “Não tem explicação. Este país está meio desandado. Fizeram um cartel e estão se enriquecendo com esse negócio. Falta cidadania a essas pessoas”, avaliou.
 
No domingo, a reportagem do EM percorreu diversos postos de combustíveis em Montes Claros, cidade-pólo da região, onde o preço do litro da gasolina, na bomba, oscilava entre R$ 6,159 e R$ 6,299. “Acho que o preço da gasolina está muito alto por causa dos impostos. A metade do que a gente paga é de tributos”, reclama o técnico em manutenção Aleff Rodrigues Soares.

Vale do Jequitinhonha

Em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, o preço da gasolina está mais elevado ainda, em R$ 6,649 o litro. Morador da cidade, Wanderlan Costa Ramos reclama que a alta do derivado de petróleo dificulta o seu negócio de tele-entregas de cerveja. “Preciso abastecer toda semana e não posso repassar o reajuste do combustível para o meu cliente”, disse.
 
Em Governador Valadares, no Leste de Minas, o litro da gasolina está custando R$ 6,29 nos postos de combustíveis. O litro do etanol está sendo comercializado nas bombas a R$ 4,49. Os preços são considerados altos por muitos motoristas e motociclistas, que reclamam do impacto provocado em seus negócios e no dia a dia. 
 
A florista Wilma Silva teve de se adaptar à despesa. A entrega de flores e plantas que ela fazia com frequência em vários bairros da cidade foi praticamente suspensa, porque o gasto com os combustíveis inviabilizou o preço cobrado pelos produtos.
 
“A gente não consegue repassar ao consumidor o custo das entregas”, disse Wilma. O empresário Willerson Soares, que tem uma franquia de produtos de limpeza, também enfrenta dificuldades. “Vivo fazendo as contas para não deixar de atender o cliente com a entregas em domicílio, que é o diferencial do meu negócio”, afirmou.
 

Forte impacto 

Em Governador Valadares, no Leste de Minas, o litro da gasolina está custando R$ 6,29 nos postos de combustíveis. O litro do etanol está sendo comercializado nas bombas a R$ 4,49. Os preços são considerados altos por muitos motoristas e motociclistas, que reclamam do impacto provocado em seus negócios e no dia a dia. A florista Wilma Silva teve de se adaptar à despesa. A entrega de flores e plantas que ela fazia com frequência em vários bairros da cidade foi praticamente suspensa, porque o gasto com os combustíveis inviabilizou o preço cobrado pelos produtos.
 
“A gente não consegue repassar ao consumidor o custo das entregas”, disse Wilma. No dia a dia, ela encontrou uma saída para economizar combustível. “Quando eu vou ao médico, por exemplo, junto várias outras tarefas e faço todas com uma única saída de carro”, disse.
 
O empresário Willerson Soares, que tem uma franquia de produtos de limpeza vem administrando o negócio na ponta do lápis. “Vivo fazendo as contas para não deixar de atender o cliente com a entrega em domicílio, que é o diferencial do meu negócio”, disse.
Todos os dias, um automóvel e uma motocicleta da empresa de Willerson percorrem os bairros de Governador Valadares entregando os produtos de limpeza, em galões ou frascos menores. Quando o pedido feito pelo cliente é envazado em frascos menores, o transporte fica mais barato por meio de motocicleta. Mas, quando o cliente pede os produtos em galões, a entrega fica mais cara, porque tem de ser feita de carro.
 
“Como a minha entrega é grátis, o gasto com a gasolina leva grande parte da minha margem de lucro. Se o preço dos combustíveis continuar a subir, vai ser impossível ter lucro. Vou ter parar de dar descontos nos produtos de limpeza”, disse.
Até o serviço de entrega de documentos e encomendas feitos por motoboys está em risco. Fausto Carvalho, que há anos trabalha fazendo entregas com sua motocicleta para várias empresas de Valadares, diz que o preço cobrado pelo serviço está defasado, apesar de ser feito em motocicleta, veículo econômico. 
 
“A gente não pode aumentar o preço, senão perde o cliente. Então, o jeito é ir para o sacrifício, ganhando menos, porque a despesa com a gasolina diminuiu os nossos ganhos”, disse. Fausto trabalha com um preço padrão e, sem poder reajustar o preço do serviço, uma corrida que custa R$ 10 consome aproximadamente R$ 6 em gasto com gasolina. “Sobra pouco pra gente”, reclamou.
 
No domingo, o movimento nos postos de combustíveis de Valadares foi pequeno, mas frentistas afirmam que durante a semana o movimento tem sido grande, mesmo com o preço elevado dos combustíveis. Sérgio Coelho, frentista de um posto da BR-116, disse que as pessoas reclamam do preço, mas como não têm outra saída, abastecem do mesmo jeito. 


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