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Estado de Minas

Bares e restaurantes preveem demissão de metade dos funcionários por causa do coronavírus

Na Grande BH, 60 mil trabalhadores do setor podem perder os empregos, enquanto 3 milhões correm mesmo risco em todo o Brasil. Com a queda no movimento, associações pedem auxílio ao governo


postado em 18/03/2020 16:18 / atualizado em 19/03/2020 13:00

(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Com o crescente isolamento social imposto pela pandemia de coronavírus, os donos de bares e restaurantes estão prevendo demissões de até 50% da força total de trabalho nos próximos dias. Na Grande Belo Horizonte, que emprega 120 mil trabalhadores do setor, os desligamentos podem afetar 60 mil pessoas nos próximos 30 ou 40 dias.

A previsão é do presidente da seccional em Minas Gerais da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-MG), Ricardo Rodrigues. Segundo o dirigente, os comerciantes já estão demitindo funcionários por causa da redução de demanda.
 
Rodrigues explica que o isolamento social adotado para evitar a propagação do vírus é especialmente prejudicial para os bares e restaurantes, uma vez que a maior parte das empresas do segmento é de pequeno porte. “Se o governo não ajudar, as empresas não vão aguentar essa redução de movimento, que chega a 90%”, afirma.

Por isso, o presidente da Abrasel-MG entrou em contato com o governo estadual para tentar negociar um alívio nas contas de água e luz, por meio da Copasa e Cemig. Além disso, Rodrigues afirma que tenta avaliar o que pode ser feito com relação ao Simples estadual. No entanto, o dirigente não havia recebido retorno até a tarde desta quarta-feira (18).  

Em meio à crise, a recomendação da Abrasel-MG aos bares e restaurantes é apostar nos pedidos por delivery, que devem apresentar aumento de demanda nas próximas semanas. “Estamos recomendando todos os cuidados com a parte de saúde. Temos de implementar a reclusão social, não tem jeito”, diz Ricardo Rodrigues.

Nacionalmente, a previsão de cortes no setor também é de 50% da força de trabalho. Dos 6 milhões que trabalham em bares e restaurantes em todo o Brasil, 3 milhões devem perder os empregos nos próximos 30 ou 40 dias, de acordo com projeções do presidente da Abrasel, Paulo Solmucci. Segundo o dirigente, o faturamento das empresas do setor praticamente zerou nos últimos dias e os empresários não teriam recursos para cobrir as folhas de pagamento.

De acordo com a Abrasel, o faturamento dos bares e restaurantes já caiu entre 30% e 70% em relação ao normal com a queda de movimento causada pela pandemia. O presidente da associação afirma que participou de reunião com o presidente Jair Bolsonaro, na qual pediu estímulos fiscais ao governo federal.

Para Solmucci, a solução para evitar a quebradeira seria o Estado ajudar a pagar os salários ou ativar o seguro desemprego dos trabalhadores. “Não dá para o Estado continuar achando que o mercado vai se ajustar. Agora tem que ter a mão forte do Estado para salvar o pequeno empresário do Brasil”, afirma o presidente da Abrasel. 
 

Demissões são inevitáveis 

 
O pessimismo do setor de bares e restaurantes ainda não é totalmente compartilhado pelo comércio. O Sindicato dos Comerciários de Belo Horizonte e Região não foi informado de nenhuma demissão por causa da redução de demanda pelo coronavírus. Porém, o presidente do sindicato, José Cloves Rodrigues, afirma que há risco de demissões em pouco tempo. “Com uma queda de movimento de até 40%, o comerciante precisa fazer alguma coisa. Ou vai fechar ou vai demitir”, diz.

Para garantir os empregos, o presidente do sindicato dos comerciários da capital afirma que está conversando com os representantes patronais. “Estamos vendo a possibilidade de férias coletivas ou alguma outra medida. A saúde é importante, mas o emprego também”, afirma José Cloves Rodrigues.

A Associação dos Lojistas de Shopping Centers de Minas Gerais (AloShopping-MG) também ainda não registrou nenhuma demissão desde o início da crise de coronavírus, mas vê as demissões como inevitáveis se a situação piorar. “A queda das vendas já chegam a 70%. Os lojistas já não aguentam redução de 50%. Nunca houve algo assim. Mas não há previsão de demissão imediata”, afirma o superintendente da associação, Alexandre França

Segundo o dirigente, os sindicatos e demais representantes do comércio estão em negociação para evitar os desligamentos. “Estamos avaliando uma série de medidas para aliviar os comerciantes e evitar as demissões”, afirma França. Ele defende que os shoppings contribuam, isentando os lojistas dos alugueis nesse período. “É provável que os shoppings fechem. Mais de 30 dias de shopping fechado é insustentável para o lojista. A situação é gravíssima”, conclui França. 

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) afirma que não houve demissões em nenhum setor do comércio da capital, já que os efeitos da pandemia ainda são recentes. Já as assessorias de imprensa dos shoppings BH Shopping, Diamond Mall, Pátio Savassi, Del Rey e Estação BH afirmaram que não receberam nenhuma informação de desligamento de funcionários até o momento.

Caso esteja receoso de que pode ser demitido, o que o funcionário pode fazer? A recomendação da advogada especializada em direito trabalhista Cláudia Fernandes é conversar com o patrão. “Se você acha que a situação está difícil e pode ser demitido, chegue ao empregador e faça uma proposta alternativa. Como sair de férias, tirar licença não remunerada, redução ou parcelamento temporário do salário”, diz a advogada.

Por causa da possível natureza temporária da crise, a advogada acredita que os empregadores devem dispensar apenas os funcionários que não considerem essenciais. “Dispensar é caro e ninguém quer demitir um bom funcionário. Por isso, quem conversar com o patrão vai ser visto como alguém que veste a camisa da empresa”, afirma.

Porém, no caso da demissão, Cláudia Fernandes destaca que é necessário que o trabalhador garanta que vai receber o termo de rescisão de contrato e a baixa na carteira para ter direito ao fundo de garantia. 
 
*estagiário sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz  


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