Quando o bloco Juventude Bronzeada, um dos mais tradicionais de Belo Horizonte, fez a provocação: “Eu quero ver se um novo bloco em cada esquina vai nascer”, na letra da música autoral “A nossa Voz”, os integrantes talvez não esperassem que, sim, nasceriam muitos. E com os blocos, turistas.
Segundo o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte e Região Metropolitana (Sindhorb), a média de ocupação na cidade deve ficar em 60% durante a festa. Além disso, plataforma de compra de passagens com a utilização de milhas aponta crescimento de 68% nas buscas por BH como destino para o carnaval.
A expectativa é que a cidade receba 4 milhões de turistas. Na próxima semana a Belotur divulgará o plano completo e as ações para a festa.
A verdade é que o carnaval já extrapolou os limites da capital e chama atenção dos foliões pelo interior e também de outros estados. No rastro do aumento dos blocos – 590 se registraram para desfilar este ano, segundo a Belotur –, os turistas também se empolgaram.
De acordo com Paulo Cesar Pedroso, presidente do Sindhorb e da Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de Minas Gerais (Fhoremg), a rede hoteleira da capital espera crescer cerca de 7% em comparação com o carnaval do ano passado.
“A demanda já começou a ficar aquecida com as reservas. Para a hotelaria este deve ser o melhor carnaval dos últimos quatro anos, quando a folia na cidade começou a crescer e a despontar”, afirmou. O período deve elevar a ocupação, principalmente nos estabelecimentos localizados na Região Centro-Sul, onde ocorrem a maioria dos desfiles dos blocos e também das escolas de samba.
De acordo com o Pedroso, os cerca de 60 hotéis que estão mais próximos do circuito da folia devem ser os mais procurados e devem superar a média de ocupação, podendo chegar a até 100%. Ele elogia a estratégia da Prefeitura de Belo Horizonte de adotar o carnaval como uma festa importante para a cidade.
“O carnaval é uma realidade, pegou, está no calendário. O que a gente espera é que folião brinque e não brigue, que haja mais segurança e a prefeitura invista em infraestrutura, disponibilizando mais banheiros químicos, por exemplo”, disse.
A principal aposta para atrair mais turistas são os pacotes, segundo o presidente do sindicato e da federação dos hotéis. “A rede hoteleira tem optado por fechar pacotes com quatro dias em que o folião ganha o quinto, por exemplo. Isso é bom porque o turista fica um dia a mais na cidade. Aí ganha o comércio popular, os shoppings, ganha a cidade”, analisou. A dica, no entanto, é pesquisar preços e sempre tentar negociar os pacotes, que permitem que os valores das diárias sejam mais baixos.
Sétimo destino mais procurado
Os bons números já verificados pelo setor hoteleiro da capital podem ser comprovados por outro indicador. Levantamento feito pelo MaxMilhas mostra que a procura por Belo Horizonte como destino no carnaval cresceu 68%.
A cidade ocupa a sétima posição no ranking dos destinos mais consultados na plataforma. Segundo Tahiana D’Egmont, CMO da MaxMilhas, a capital sempre teve boa procura, principalmente nas férias de verão, por ser ponto de chegada para turistas que tem como destino final cidades do interior, mas para o carnaval a tendência é outra, de que eles fiquem por aqui.
“Dá pra perceber um movimento de pessoas que estão deixando cidades que já têm muita tradição de carnaval e recebem muitos turistas, como Salvador e Recife, para virem curtir as novidades que BH está oferecendo”, afirma.
Ainda de acordo com ela, a boa receptividade e a animação têm chamado atenção para a cidade. “Belo Horizonte tem uma hospitalidade genuína e está se destacando como uma boa opção de cidade foliã para quem quer fugir do grande movimento das cidades carnavalescas, mas ainda pular um carnaval de rua bem animado”, analisa.
Geralmente, as buscas pelo destino começam a serem feitas pelos turistas no fim do ano e se intensificam em janeiro. “É um movimento natural de quem está procurando passagens, porque as pessoas começam a planejar a viagem com certa antecedência, apesar da decisão de compra para o destino ser feita um pouco mais próximo da data”, afirma Tahiana.
Dados divulgados pela Prefeitura de Belo Horizonte mostram que os turistas gastaram aproximadamente R$ 540 no ano passado, durante o carnaval. O valor leva em consideração valores empenhados em hospedagem, alimentação, passeios, compras e transporte.
Foram movimentados R$ 290 milhões, com impacto de R$ 165 milhões no Produto Interno Bruto (PIB) da capital. As atividades geraram para os cofres públicos R$ 12 milhões em impostos indiretos líquidos. Além de 6.500 empregos.
Para este ano, o número de ambulantes inscritos para trabalhar durante o carnaval cresceu 35% saltando de 19.600 em 2018, para 13.111 este ano. O período oficial da folia vai de 16 de fevereiro a 10 de março. Só no pré-carnaval cerca de 200 blocos devem desfilar. Ao todo, 590 se inscreveram e são previstos 700 cortejos, já que muitos saem as ruas mais de uma vez.