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Estado de Minas

Bares de BH vão colocar grades para afastar ambulante no carnaval

Proprietários de estabelecimentos cobram fiscalização sobre os cadastrados para festa pela PBH


postado em 22/02/2017 06:00 / atualizado em 22/02/2017 07:57

O garçom Renê de Castro diz que os preços baixos dos ambulantes atrapalharam as vendas no sábado(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
O garçom Renê de Castro diz que os preços baixos dos ambulantes atrapalharam as vendas no sábado (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

Bares e restaurantes sentem os efeitos da concorrência acirrada com ambulantes e temem carnaval de vacas magras este ano, contrariando as expectativas iniciais. Na tentativa de assegurar o faturamento nos dias de folia, donos de botecos na Savassi vão instalar grades na calçada para afastar os vendedores na porta de seus estabelecimentos.

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel-MG) questiona a presença de 9,4 mil ambulantes cadastrados pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), mais que o triplo dos 3 mil registrados no carnaval do ano passado, e cobra mais fiscalização.


Os eventos pré-carnavalescos nos dois últimos finais de semana acenderam o alerta do setor. “Há ambulantes até mesmo na entrada dos bares”, reclama o diretor-executivo da Abrasel-MG, Lucas Pêgo. Segundo ele, vendedores de rua estão descumprindo o chamamento público da PBH, que credenciou os trabalhadores temporários. “Até em locais onde não há bloco tem ambulante. Não somos contra os ambulantes. Os bares e restaurantes não dão conta de atender todo o público, mas a prefeitura tem que fazer cumprir as regras”, reforça.

O texto do edital diz que a venda deve ocorrer “no momento dos desfiles, sem ponto fixo, devendo acompanhar todo o percurso dos blocos, desde a concentração até a dispersão”. Inicialmente, bares e restaurantes estavam apostando as fichas na festa momesca, que este ano, de acordo com a Belotur, deve atrair público de 2,4 milhões de pessoas, sendo 500 mil turistas – um crescimento de 20% em relação a 2016, quando houve 2 milhões de foliões. Os blocos chegam a 350, com quase 100 estreantes.

O proprietário do Allora Bar, Adriano Marchette, afirma que a concorrência com os ambulantes é injusta. “As cervejarias estão vendendo a um preço menor a bebida para os ambulantes. E eles ainda não têm despesa com cartão de crédito, aluguel”, afirma. Segundo Marchette, o mercado de ambulantes está sendo dominado por uma “máfia”. “Eles estacionam aqui com caminhão e kombi. Não é um negócio pequeno, de família”, afirma.

Bares no entorno da Praça Diogo de Vasconcelos vão pôr em campo estratégia adotada na Copa do Mundo, a instalação de grades no entorno das mesas. Dono do 80 Bar, Rond Gaspar afirma que é a forma de diminuir o assédio dos ambulantes aos clientes. “Eles estão vendendo nas nossas mesas. Pagamos um licenciamento para as mesas. Se não coloco a grade, minha venda cai”, reforça.

Os estabelecimentos também contarão com seguranças particulares. As grades deixarão a passagem de pedestre livres. No caso do 80 Bar, clientes não pagarão para ter acesso ao espaço. Quem consumir recebe uma pulseirinha para ter acesso a banheiros. “Estamos reunindo com a Polícia Militar. Isso também aumenta a segurança”, reforça. A Abrasel não aprova a colocação de grades.

GANHO MENOR Pesquisa da Fecomércio em parceria com a Abrasel-MG havia apontado que 69% das empresas do setor previa aumento de faturamento nesse período. “Pensávamos num aumento de 40%. Se o carnaval for exatamente como o pré-carnaval, lotado de ambulantes, o aumento não vai passar de 10%”, ressalta Pêgo, alertando que muitos comerciantes prepararam seu estoque para demanda maior. Logo depois de quarta-feira, a Abrasel-MG pede a criação de uma comissão tripartite para já discutir o carnaval de 2018.

Na Rua da Bahia, próximo ao desfile da Banda Mole, o Restaurante Marguerita ficou com estoque de cerveja encalhado no último sábado. “Os ambulantes estão vendendo abaixo do preço dos bares. Acabou sobrando mercadoria. Nossa esperança são os turistas que vão chegar”, ressalta o garçom do estabelecimento, Renê de Castro. No tradicional La Greppia, o investimento foi alto para o período e a expectativa é de retorno. “Contratamos sete pessoas”, afirma o gerente da casa, Walmir Brandão.

Dono da casa Virô Espetos, na Savassi, José Mauro Ladeira vai tentar fugir da concorrência da rua com a promoção de um carnaval particular dentro do estabelecimento. “Cobramos uma entrada que será convertida em consumo”, explica o empresário, que também contratou uma grade. “Vamos usar somente em caso de tumulto”, diz.

A Belotur, responsável por licenciar os ambulantes, informa que credenciou todos os vendedores interessados em prestar o serviço durante os eventos pré-carnavalescos e nos dias oficiais de folia. A Secretaria Municipal Adjunta de Fiscalização (Smafis) esclarece que cerca de 250 fiscais da prefeitura e 150 agentes de campo estão escalados para trabalhar durante o período de carnaval. A pasta não informou sobre as grades.

Comércio quer faturar


No embalo da expansão da festa de Mono na capital mineira, lojistas também apostam no fluxo de foliões nas ruas para faturar nos dias de carnaval. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) afirmou ontem que esse será um bom momento para o comércio varejista aquecer suas vendas. “O crescimento do carnaval de rua em BH tem impactos muito positivos para a capital. Ele fortalece e movimenta a economia da cidade como um todo”, analisa.

Segundo a CDL/BH, este ano as lojas vão funcionar no sábado, domingo e segunda de carnaval. “Nesse período, os comerciantes poderão aproveitar o grande fluxo de pessoas na cidade para fortalecerem seus caixas”, frisou Falci. Segundo levantamento da entidade, o comércio fatura, em média, cerca de R$ 64 milhões por dia. “Isso poderá representar um faturamento em torno de R$ 192 milhões nos três dias de funcionamento durante o carnaval”, ressalta Falci.

Ainda segundo o empresário, os setores de suvenires, bijuterias e artesanatos e o de cosméticos, produtos de perfumaria e higiene pessoa poder ser os maiores beneficiados com o funcionamento durante a festa de Momo. “Existe uma grande procura por itens desses segmentos nessa época”, salienta. Segundo a CDL/BH, juntos, esses dois setores somam 921 estabelecimentos na capital. Além do comércio, a rede hoteleira e o setor de serviços também comemoram a movimentação do carnaval.

Os hotéis projetam uma taxa de ocupação média de 65% para o período de 25 a 28 de fevereiro. Segundo dados da Belotur, o gasto médio diário individual do visitante (excursionistas e turistas) em 2016 foi de R$157,61, o que gerou um impacto de R$ 54,7 milhões na receita turística estimada para o período. Considerando a inflação do período de 6,36% a estimativa é de que o gasto médio em 2017 seja de R$ 167,53, o que deve gerar R$ 335 milhões durante todo o período carnavalesco na cidade, entre os dias 11 de fevereiro e 1º de março. O ISS gerado para o município em 2016 com base nesses dados chegou a quase R$ 1,4 milhão.

ENQUANTO ISSO...
...A gorjeta vai virar lei

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou ontem o substitutivo do Senado para o Projeto de Lei 252/07, que regulamenta o rateio da gorjeta. A matéria será enviada à sanção presidencial. De acordo com o substitutivo, a gorjeta cobrada por bares, restaurantes, hotéis, motéis e estabelecimentos similares não é receita dos empregadores e se destina aos trabalhadores, devendo ser distribuída segundo critérios de custeio e de rateio definidos em convenção ou acordo coletivo de trabalho. Se não houver previsão em convenção ou acordo coletivo, os critérios deverão ser definidos em assembleia dos trabalhadores. Entretanto, limites são definidos pelo projeto.


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