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Estado de Minas CRISE

Pessimismo toma conta da indústria mineira

Indicadores abaixo do esperado reforçam projeções de queda na produção das fábricas este ano, apesar do faturamento maior no semestre. Taxa de juros dificulta uma reação


postado em 02/08/2018 06:00 / atualizado em 02/08/2018 07:57

De janeiro a junho, a capacidade das linhas de produção ficou em 78,9%, ainda longe da média histórica de 83,1% (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press 16/1/18)
De janeiro a junho, a capacidade das linhas de produção ficou em 78,9%, ainda longe da média histórica de 83,1% (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press 16/1/18)

A possibilidade já considerada pela indústria mineira de encerrar 2018 com queda da produção ganhou força diante dos resultados do primeiro semestre mais fracos do que o esperado pelo setor e da expectativa frustrada de redução da taxa básica de juros, a Selic, que tornaria os custos mais baixos e estimularia o consumo. A Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) chegou à metade do ano trabalhando com retração de 1,5%, em média, nas fábricas, em 2018, e agora parte para a terceira revisão dos seus principais indicadores num cenário mais provável para balanço no vermelho.

Pouco antes do anúncio do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sobre a manutenção da Selic em 6,5% ao ano, o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, afirmava que uma redução da taxa de juros seria fator essencial para resultado melhor de julho a dezembro. “O que a gente vê é a lenta recuperação da economia, com inflexão do emprego em junho, ainda sob os impactos da paralisação das estradas em maio”, afirmou.

De janeiro a junho, dos seis indicadores de desempenho da indústria mineira, dois mostraram avanço em relação ao primeiro semestre do ano passado – o faturamento cresceu 2,8% e o uso da capacidade produtiva das empresas ficou em 78,9%, quando no acumulado de 2017 marcava 77,1%. Ainda assim, segundo Flávio Roscoe, o desempenho da receita se deu sobre base muito baixa de comparação, o ano passado, período em que o Brasil passou por uma das maiores crises de sua história.

O uso da capacidade produtiva, no entanto, embora tenha reagido, está abaixo da média histórica da atividade no estado, de 83,1%. Os outros quatro indicadores ficaram negativos, em maior grau nas horas trabalhadas na produção, que caíram 1,7% no primeiro semestre de 2018, seguidas do encolhimento de 0,4% da massa salarial; de 0,3% do rendimento médio real (descontada a inflação) e de 0,1% do emprego.

Os números representaram uma espécie de ducha de água fria, para a indústria de Minas. “O primeiro semestre poderia ter sido 30% melhor não fossem os impactos da greve dos caminhoneiros em maio e a incerteza provocada pelo processo eleitoral”, disse o presidente da Fiemg. O cenário melhor desenhado para o segundo semestre, contudo, não significa que será possível compensar perdas ocorridas em 10 dias de paralisação das fábricas, a qual afetou o fluxo de caixa das indústrias, além de derrubar a dinâmica das vendas, que vinham em recuperação.

Como esperado, junho trouxe resultado excepcional, com expansão de 26,8% do faturamento das empresas depois da profunda queda de 16,2% de maio. As horas trabalhadas também subiram (1,1%) na análise mensal, acompanhando o movimento da indústria brasileira. O emprego em Minas se manteve negativo de um mês para outro, em -0,2%. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também divulgou seus números ontem, mostrando receita 26,4% maior em junho, frente ao mês anterior. Foi o primeiro crescimento semestral em quatro anos.

Próximos meses


Na avaliação do presidente da Fiemg, partem melhor posicionadas para este segundo semestre as indústrias que são grandes exportadoras, tendo em vista a receita mais alta em reais, devido à desvalorização cambial, e os fabricantes de bens duráveis, como automóveis e eletroeletrônicos, que vêm se beneficiando do crédito tomado pelo consumidor a juros mais baixos.

Apostar em novas previsões, no entanto é precipitado até que os economistas da entidade refaçam os cenários para os indicadores do setor. Até o momento, a Fiemg vem projetando crescimento de 1,6% da economia brasileira em 2018, depois de ter trabalhado com 3%, e decidiu rebaixar a previsão para Minas Gerais, de aumento de 2,5% para 1,2%. “No caso do Brasil, reduzimos a projeção em 1,4 ponto percentual. É uma tragédia, lembrando que o mundo está crescendo 3,8% em média”, destacou Flávio Roscoe.

A performance da indústria e do estado deverão ser afetados também neste semestre, se mantida a paralisação das atividades das mineradoras Anglo American, em Conceição do Mato Dentro, e Samarco, em Mariana, ambas as cidades na Região Central de Minas. A Samarco está paralisada desde novembro de 2015, em razão do maior desastre ambiental vivido no país; e a Anglo American suspendeu suas operações devido a dois vazamentos de minério de ferro ocorridos em março na porção mineira de seu mineroduto.

Enquanto isso...
….Em defesa de ferrovia


O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, comemorou ontem o anúncio da Associação Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) de que vai rever a decisão de reservar à construção de uma ferrovia no Centro-Oeste os recursos de R$ 4 bilhões acertados com a mineradora Vale, dona da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), como contrapartida pela renovação de sua concessão ferroviária. A Fiemg se mobilizou contra a medida, defendendo que o dinheiro seja aplicado na EFVM, que corta Minas Gerais em direção ao litoral do Espírito Santo. Segundo Roscoe, o orçamento da companhia para investimentos é ainda maior, tendo em vista que a Vale informou à entidade a intenção de aplicar R$ 1,5 bilhão ao longo da Vitória a Minas.

POUCO ALENTO

Evolução dos principais
indicadores da indústria
de Minas de janeiro a junho

Faturamento 2,8%
Horas trabalhadas na produção -1,7%
Emprego -0,1%
Massa salarial -0,4%
Rendimento médio real -0,3%
Utilização da capacidade instalada 78,9%

Fonte: Fiemg

 

 

 









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