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Estado de Minas

Grande maioria dos trabalhadores do mercado da beleza não tem carteira assinada

Muitos trabalham por conta própria, atendendo a clientela em suas residências


postado em 13/10/2013 00:12 / atualizado em 13/10/2013 07:22


Valdivina Ferreira, de Montes Claros, optou pela formalização do salão e hoje emprega 30 pessoas em um sofisticado ambiente(foto: Luiz Ribeiro/D.A Press -)
Valdivina Ferreira, de Montes Claros, optou pela formalização do salão e hoje emprega 30 pessoas em um sofisticado ambiente (foto: Luiz Ribeiro/D.A Press -)
O mercado da beleza ainda movimenta um exército que marcha à margem da lei. Dos 2,2 milhões de profissionais do setor, nem metade é formalizada. Segundo dados do Ministério do Trabalho e do Sebrae Minas, o número de trabalhadores legalizados atinge 450 mil no país, o que aponta para um universo de 80% de informalidade. São profissionais que trabalham nos salões sem carteira assinada ou atendem seus clientes informalmente em domicílio. Há ainda o contingente de donos de negócios informais.

A procura pelo segmento não para de crescer. O Sindicato dos Salões de Barbeiros, Cabeleireiros, Institutos de Beleza e Similares de Belo Horizonte (Sincabs-BH) estima que só na capital são cerca de 600 escolas oferecendo cursos de formação. Andrea Azevedo, especialista em moda e beleza do Senac-Minas, diz que são formados cerca de 700 alunos como cabeleireiros, maquiadores e manicures por ano, em cursos nos quais não há sobra de vagas e a demanda é firme. “Os cursos existem há mais de 20 anos e a melhoria da renda da população impulsionou a demanda, que se mantém constante.”

Marcelo Mattos, diretor de análise de mercado da Associação Nacional do Comércio de Artigos de Higiene Pessoal e Beleza (Anabel), aponta que existem frentes de trabalho para combater a informalidade. "Estamos tentando que o governo reconheça o peso social do setor fomentando cursos de formação profissional. Também existe o Projeto de Lei 56.230/2013 que prevê mudanças na tributação do setor.” Segundo ele, a intenção do projeto é que o profissional seja visto como parceiro do dono do salão. “Assim, a renda declarada poderá ter relação com o que realmente entra no caixa, estimulando a formalização tanto do empresário quanto do profissional, que pode passar a contribuir com a Previdência Social”, defende. Segundo o especialista, é comum donos de salão “meiarem” os valores recebidos com os profissionais do segmento, o que é um entrave para a formalização.

“A nossa estimativa e que há cerca de 4 mil salões de beleza em Montes Claros”, informa Luciano Meira, coordenador da implantação da Lei Geral de Micro e Pequena Empresa da prefeitura da cidade. Segundo ele, o grande desafio é a formalização do setor. “A prefeitura iniciou um levantamento e até agora só identificou 70 salões de beleza formalizados na cidade. Estamos fazendo um trabalho para que todos do setor possam se estabelecer legalmente”, afirma. Esse é o caso da ex-secretária Nágila Beatriz César da Silva, dona de um salão, ainda informal, no Bairro Alto São João. Ela conta que vai se formalizar. “Estava desempregada, com duas crianças pequenas. A única coisa que sabia fazer era cuidar de cabelos. Comecei a trabalhar e há 10 anos montei o salão.”

Por outro lado, pequenos negócios que se formalizaram e cresceram, como o de Valdivina Ferreira, também em Montes Claros, hoje são responsáveis por gerar emprego e renda. “Tinha apenas dois esmaltes, uma cadeira, um espelho e uma mesinha para manicure. Nem dá para dizer que houve algum investimento inicial”, diz a cabeleireira e empresária de 64 anos, ao recordar a montagem do seu primeiro salão de beleza, aos 16. Hoje, 48 anos depois, Valdivina é proprietária de um moderno instituto de beleza, que funciona em um prédio próprio e emprega cerca de 30 pessoas. O salão de Valdivina impressiona pela sofisticação

Apesar da estrutura do seu estabelecimento, a proprietária mantém a simplicidade, atendendo pessoalmente as pessoas. “Tenho clientes que atendo há quase 50 anos”, orgulha-se Valdivina, que rebate a condição de “empresária da beleza”. Da família dela trabalham no salão uma irmã e uma filha, que cuidam da área administrativa. Sobre o segredo do crescimento profissional, a dona do instituto de beleza responde: Temos que trabalhar com qualidade, respeitar e satisfazer o gosto das pessoas”.


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