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Estado de Minas PROGRAMAÇÃO GRATUITA

Tudo o que você precisa saber sobre a 1ª Bienal da Gastronomia de BH

Chefs, empresários, pesquisadores e representantes do setor público vão se reunir para discutir temas relevantes para o setor


16/10/2023 06:00 - atualizado 15/10/2023 22:00
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Espetinho de quiabo com maionese de alho e alho frito do restaurante Pacato
Espetinho de quiabo com maionese de alho e alho frito do restaurante Pacato (foto: Victor Schwaner/Divulgação)
Começa hoje a Bienal da Gastronomia de Belo Horizonte. Realizada pela Belotur, a iniciativa inédita entra para o calendário para consolidar a capital como polo turístico gastronômico. Nesta primeira edição, que vai até o dia 31, estão previstas palestras gratuitas, abertas para o público em geral, além de ações paralelas, como a escolha de bares relevantes para a história da cidade. A Bienal acontece exatos quatro anos depois que BH recebeu o título de cidade criativa da Unesco pela gastronomia.

“A nossa intenção não é só fortalecer e valorizar esse título, mas também marcar o trabalho que estamos fazendo nos últimos anos para mostrar que BH, entre tantos outros ativos, é uma cidade capaz de atrair o turista através da gastronomia”, aponta o presidente da Belotur, Gilberto Castro.

Entre as iniciativas, ele cita a participação em feiras nacionais e internacionais de turismo, apoio a eventos de gastronomia e organização de viagens com jornalistas do mundo inteiro para divulgar a cidade.

Segundo Gilberto, pesquisas da Organização Mundial do Turismo mostram que a gastronomia sempre aparece como um dos fatores importantes de escolha de um destino e ele não tem dúvida de que BH tem muito para oferecer.

Gilberto Castro (presidente da Belotur)
'Acho que é unanimidade falar da qualidade, singularidade e potência da gastronomia mineira e entendo que BH sintetiza tudo isso.' Gilberto Castro (presidente da Belotur) (foto: Leo Lara/Divulgação)
“Acho que é unanimidade falar da qualidade, singularidade e potência da gastronomia mineira e entendo que BH sintetiza tudo isso. Não defendemos uma gastronomia belo-horizontina, mas que a capital é a síntese do que temos nos 853 municípios. Basta ir ao Mercado Central, por exemplo, para encontrar todos os ingredientes, como queijos, azeites e cafés”, comenta.

A primeira edição da Bienal homenageia três ícones da cozinha mineira: Nelsa Trombino (1938-2023), Dona Lucinha (1932-2019) e Maria Stella Libânio Christo (1917-2011). O minidocumentário “Três Marias”, que conta a história dessas mulheres, será lançado na cerimônia de abertura do evento.

“Não podemos falar de gastronomia mineira sem falar de três grandes chefs que tiveram um papel muito importante na construção do que é a gastronomia mineira hoje. Elas são as guardiãs da nossa cozinha”, destaca o presidente da Belotur, reforçando a importância de fomentar o protagonismo feminino nas cozinhas pelo mundo, que são dominadas pelos homens.

mercado central
Assim como o Mercado Central, que já recebe público de várias partes do mundo, a expectativa é que outros pontos da cidade entrem na rota dos turistas (foto: Qu4rto Studio/Divulgação )
Nomes ligados às gastronomias mineira, nacional e da América Latina, entre chefs, empresários, pesquisadores e representantes do setor público, vão se reunir para discutir temas relevantes para o setor durante o Fórum Internacional de Gastronomia (FIG), marcado para os dias 30 e 31, no Sesc Palladium, Centro da cidade. As palestras são gratuitas e abertas para profissionais e o público em geral.

Caio Soter é uma das presenças confirmadas. O chef do restaurante Pacato recebe para o bate-papo “Repara não – por um novo olhar sobre a cozinha de Minas Gerais” a paulistana Janaína Rueda, da Casa do Porco, eleita no início do mês a melhor chef mulher da América Latina em 2023 pelo prêmio Latin America’s 50 Best Restaurants; o paraibano Onildo Rocha e a carioca Kátia Barbosa.

Propósito de vida

Ao abrir o Pacato, há dois anos, focado em menu degustação, Caio já mostrava sua vontade de atrair turistas a BH pela gastronomia.

Tássia Magalhães (chef)
'Na cozinha do Nelita, só trabalho com mulheres. Abri com essa filosofia e procuro treinar essas meninas para que sejam grandes chefs e que dominem o setor da gastronomia, por tanto tempo só ocupado por homens.' Tássia Magalhães (chef) (foto: Ricardo Castilho Jr./Divulgação)
“Esse basicamente é o propósito da minha vida. Há alguns anos, estava decidido a abrir um restaurante em São Paulo e resolvi ficar exatamente quando cheguei à conclusão de que não tinha que levar a comida mineira para outras cidades, mas fazer as pessoas virem para BH. Então, toda a minha carreira é focada nisso.”

E ele já enxerga resultados: o restaurante está na lista de lugares imperdíveis dos turistas que se interessam por alta gastronomia.

O chef também divulga as riquezas do nosso estado convidando colegas de outras partes do Brasil para fazer um tour por BH e cozinhar no Pacato. “Eles ficam aqui uma semana, conhecem a minha visão da cidade, os meus lugares preferidos e voltam como embaixadores da cozinha mineira.”

Do restaurante Nelita, em São Paulo, Tássia Magalhães vem ao FIG para participar da conversa sobre o protagonismo das mulheres na gastronomia com Bruna Martins (Birosca), Carolina Daher (curadora gastronômica do Festival Fartura) e Rosa Moraes (representante brasileira da lista The World's 50 Best Restaurants). Para a chef, encontros como a Bienal são valiosos por promover discussões importantes para o setor, incluindo a pauta feminina.

“Nós, mulheres, precisamos levantar essa bandeira. Na cozinha do Nelita, só trabalho com mulheres. Abri com essa filosofia e procuro treinar essas meninas para que sejam grandes chefs e que dominem o setor da gastronomia, por tanto tempo só ocupado por homens”, posiciona-se Tássia, que enxerga que estamos caminhando para que a igualdade de gênero seja reconhecida.

Tássia tem uma relação próxima com Minas. Ela cresceu comendo angu na casa do avô, em Resende Costa, no Campo das Vertentes.

Leia mais: Onde comer em Belo Horizonte pratos do continente africano

“Lembro muito que o meu avô fazia angu, que ficava uma bordinha na panela, bem crocante, e colocava feijão por cima.” A chef reviveu essas memórias em um dos menus do Nelita, servindo ravióli de folha de couve com angu, que chegava à mesa em cima de uma peça de madeira, imitando o fogão a lenha dos quintais mineiros.

Colômbia presente

Outro destaque do FIG é a presença da colombiana Leonor Espinosa. Fundadora do restaurante Leo, em Bogotá, ela foi eleita no ano passado a melhor chef do mundo pelo The World's 50 Best Restaurants (em 2017, já havia recebido o título pela América Latina).

bares notaveis
De Buenos Aires para BH: iniciativa vai selecionar e dar visibilidade a bares que podem ser considerados patrimônios culturais da cidade (foto: Qu4rto Studio/Divulgação )
Também faz parte da programação da Bienal o 3º Seminário Internacional de Segurança Alimentar e Nutricional, entre os dias 25 e 27. O tema deste ano é “O poder transformador dos sistemas alimentares sustentáveis”, que alerta para a necessidade de o mundo buscar uma alimentação mais ecológica, saudável, democrática e sustentável.

A Bienal se encerra no dia 31 com o almoço “Saboreando o amanhã”, no restaurante Cozinha Tupis, que fica no Mercado Novo. As chefs Mariana Gontijo (Roça Grande – BH) e Mariana Aleixo (Maré de Sabores – RJ) vão distribuir para até 150 pessoas uma degustação de um prato típico de Mérida, no México, que também tem o título da Unesco de cidade criativa pela gastronomia.

A ação é inspirada em estudo que comprova que, daqui a 50 anos, o clima de BH será similar ao da cidade mexicana, o que deve mudar a lógica de produção de alimentos.

Bares notáveis

Em paralelo à programação da Bienal da Gastronomia de BH, a Belotur, em parceria com o Sebrae-MG, lança projetos para fomentar o setor. Um deles é o “Bares Notáveis”, inspirado no modelo argentino “Bares Notables”. Assim como em Buenos Aires, a ideia é mapear e dar visibilidade para casas que ajudam a contar a história de BH e que podem ser consideradas patrimônios culturais da cidade.

Caio Soter (chef)
'Estava decidido a abrir um restaurante em São Paulo e resolvi ficar exatamente quando cheguei à conclusão de que não tinha que levar a comida mineira para outras cidades, mas fazer as pessoas virem para BH.' Caio Soter (chef) (foto: Victor Schwaner/Divulgação)
Como explica o analista do Sebrae-MG Renato Lana, um júri técnico vai selecionar, nesta primeira edição, 20 bares notáveis, considerando critérios como antiguidade, cultura e relevância social. “Quando as pessoas conhecerem os bares notáveis, elas vão poder consumir não só a gastronomia de BH, mas a história da cidade e nós acreditamos que ela tem raiz nessas casas mais tradicionais”, diz.

O projeto passa a acontecer todos os anos e está nos planos abrir para votação popular. A cada edição, eles pensam em incluir novas categorias (restaurantes e cafeterias, por exemplo) para estruturar um mapa gastronômico completo da cidade. O Sebra-MG enxerga que a ação tem potencial para virar projeto de lei e se tornar uma política pública de gastronomia.

Entre os dias 17 e 26, será realizado outro projeto em conjunto com o Sebrae-MG, o “Panelas Abertas”, que promove o intercâmbio de experiências entre chefs, estudantes dos cursos de gastronomia da cidade e empreendedores da iniciativa “Prepara Gastronomia”. Os chefs vão receber os convidados em seus restaurantes para uma roda de conversa de negócios.

“Estamos fazendo um trabalho de fortalecimento da marca BH enquanto gastronomia. Queremos capacitar empresários que compõem a cena de gastronomia da cidade, vislumbrando premiações nacionais e internacionais, como Guia Michelin, The World's 50 Best Restaurants e o ranking dos 100 melhores bares e restaurantes do Brasil pela revista Exame”, justifica Renato.

Participam da ação 10 chefs da cidade. São eles: Henrique Gilberto (Cozinha Tupis), Flávio Trombino (Xapuri), Cristóvão Laruça (Caravela, Turi e Capitão Leitão), Yves Saliba (Per Lui), Caio Soter (Pacato), Naiara Faria (La Palma), Bruna Martins (Birosca, Florestal e Gira), Djalma Victor (Osso e Rotisseria Central), Juliana Duarte (Cozinha Santo Antônio) e Márcia Nunes (Dona Lucinha).

Serviço

1ª Bienal da Gastronomia de BH
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