Zaac e Tove Lo, uma relação que, mesmo com as limitações da língua, rendeu uma colaboração de sucesso. "Sensação de gratidão. O funk me deu a oportunidade de estar onde estou hoje”, afirma o cantor, compositor e produtor musical, sobre sua apresentação no palco do festival Lollapalooza, ao lado da artista sueca, que encerrou a edição deste ano em São Paulo.

Em entrevista ao Estado de Minas, o paulista, que passou a ser reconhecido depois do lançamento da música “Bumbum Granada”, parceria com Jerry Smith, comentou a colaboração e a ascensão do gênero musical no cenário internacional. Zaac também compartilhou as pretensões para sua carreira. 
 
A princípio, a possibilidade de não conseguir comunicar-se com a cantora causou insegurança em Zaac, mas a conexão falou mais alto, e as respectivas faltas de domínio da língua do outro não foi um empecilho para ambos. A partir da troca de energia, nasceu o hit “Are U gonna tell her?”.

Ao lado de Tove Lo, o cantor apresentou a parceria lançada em 2019 e que ainda estava na ponta da língua do público. O coro acentuou o turbilhão de emoções do cantor, que, apesar de já ter performado em grandes palcos, descreveu como “única” a experiência que viveu no festival.
 
 
“Muito mágico, muito único. E poder estar em cima do palco apresentando com a Tove Lo, passa um filme na cabeça. A primeira sensação que eu tive é de gratidão a Deus e a Tove Lo, que me deram a oportunidade de estar ali mostrando meu trabalho, o que  amo fazer. Me arrepiei, deu vontade de ir ao banheiro, essas coisas que dá quando você está superansioso, mas foi muito mágico… Deu tudo certo, a troca que eu tenho com Tove é muito boa, parece que a gente se conhece há anos”, disse Zaac.
 
O cantor, que junto à sua gravadora Universal Music decidiu não usar mais o acrônimo MC, ressignificando sua trajetória para além dos limites que o termo pode implicar, acredita que a parceria com a dona do single "Habits" trouxe bons resultados para a sua carreira.

“Ela [Tove Lo] alcançou números exuberantes, tanto fora do país quanto aqui no Brasil. Um público que eu não tinha até então, pessoas que começaram a me acompanhar… Acho que lá fora essa parceria me deu um respaldo, mais uma música que está sendo um pontapé importante na minha carreira internacional”, diz o paulista.
 
A dupla recebeu da Universal o disco de platina pelas vendas digitais da música - cerca de 105 mil unidades.

 

Funk brasileiro para o mundo

O funk brasileiro tem se expandido além das fronteiras nacionais, consolidando cada vez mais o sucesso no exterior. A mais recente promoção do gênero foi na apresentação da cantora Rihanna na final do Super Bowl deste ano. Além disso, o gênero musical tem marcado performances em premiações e desfiles de grifes internacionais. No entanto, para Zaac, mesmo com sucesso no exterior, o funk deveria ser mais valorizado no Brasil.
 
 
Para o funkeiro, esse crescimento não é surpreendente, nem mesmo chegou ao ápice, mas é necessário que os brasileiros acolham o gênero como forma de valorizar a própria cultura. Além disso, projetos resultantes da música, caracteristicamente periférica, representam a criação de oportunidades profissionais.
 
“O funk, desde quando se lançou, enfrentou muitas barreiras, enfrentou o preconceito do próprio público brasileiro, que deveria acolhê-lo. Mas é um movimento cultural forte, que dá possibilidade para quem não tinha oportunidade. Eu estou nesse quadro e, hoje, estou aqui falando sobre uma apresentação para mais de 50 mil pessoas com uma artista sueca. Isso é uma coisa que eu nunca imaginei”, afirmou
 
Ele diz ainda: “Acho que foi um foi um pouco demorado, mas é impossível de ser  calado, porque é um movimento cultural muito forte. É a música que fala do Brasil, que tem características brasileiras. Quanto mais cedo as pessoas abraçarem essa ideia, vai ser melhor para o movimento”.


Arte sem fronteiras

Zaac, de bandana na cabeça, encara a câmera

O cantor, junto à gravadora Universal Music, decidiu não usar mais o acrônimo MC, ressignificando sua trajetória

Reprodução/Instagram
Zaac se declara “muito feliz” em ver a força do funk e onde ele chegou com o gênero. No início, a expectativa era que seu som chegasse aos bailes das periferias, carros de sons nas ruas, mas seus planos foram superados. O cantor agradece as oportunidades dando o melhor de si.
 
“Onde o ritmo me colocar eu vou estar da melhor forma. Vou dar o melhor de mim, não tem limites para mim, quem me conhece sabe e quem me ouve consegue sentir.”

Com essa determinação, o dono do hit “Vai embrazando” planeja um possível percurso internacional. Desse modo, seus trabalhos para este ano, podem surpreender os fãs. Zaac pretende experimentar uma nova estética, com diferentes técnicas musicais, em um projeto de regravações.
 
“Neste ano, vou explorar uma estética musical, uma timbragem diferente do que o público está acostumado. Não vou deixar de fazer o que todo mundo conhece, mas vou mostrar um outro que também faz parte de mim, um lado mais melodia. Em breve vocês verão”, afirma.