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Estado de Minas SAÚDE

Meditação é fonte de poder para a mente e o corpo

A meditação é uma prática milenar que contribui para o bem-estar e a qualidade de vida, agindo sobre a saúde física e mental, com dados comprovados pela ciência


27/02/2022 04:00 - atualizado 27/02/2022 08:45

Silhueta de mulher meditando ao pôr do sol
A meditação é uma técnica eficaz, eficiente e efetiva para vários problemas da saúde. E o melhor: todos podem praticá-la e se beneficiar (foto: Gerd Altmann/Pixabay)

O que vem à mente quando escuta falar sobre meditação? Ou perguntado a respeito? Muitos terão como referência a origem oriental, talvez dos povos antigos antes mesmo de Cristo, pensará na China, Índia, como prática religiosa seguida no budismo, nos praticantes de ioga, para quem busca uma vida mais interior, enfim, alinhará por esses caminhos.

Presente no dia a dia de vários povos e culturas, para os ocidentais é comum relacioná-la como o ato de refletir, de acalmar; já os orientais a enxergam como uma jornada de autoconhecimento e descoberta sobre si e o mundo.

A técnica de fechar os olhos, concentrar-se em si, ou ser guiado por um profissional para acalmar a mente tem milhares de anos, mas não faz tanto tempo assim que os ocidentais, por meio da ciência, passaram a acreditar na meditação como técnica eficaz, eficiente e efetiva para vários problemas da saúde mental e física, como auxiliar no tratamento de muitas doenças. E o melhor: todos podem praticá-la e se beneficiar.
 
artista plástico Márcio Lambert no jardim de casa com seu cachorro
Designer Márcio Lambert enfatiza que meditar não é uma atividade de ficar refletindo, mas de entrega, porque a cabeça nunca para (foto: Arquivo Pessoal)
 
Em tempos tão duros, seja pelos problemas do mundo e os particulares, a vida anda mesmo tortuosa, mais difícil para uns que para outros, mas indiscutivelmente diferente e desafiadora para todos, seja qual canto do planeta a pessoa habitar. A meditação pode ser um bálsamo em meio a tanta turbulência.
 
Márcio Lambert, designer, artista plástico, escritor de crônicas (confira no @lambertmarcio, no Instagram) e professor aposentado, pratica meditação há seis anos. Começou assoberbado diante das tribulações da vida, e do Brasil, época em que o país começava a trilhar uma crise que parece não ter fim – em 2015/2016, o país mergulhava em uma recessão iniciada em 2014.

Ele, que sempre teve uma conexão com a natureza, gosta de curtir a vida ao ar livre e a jardinagem, seus escapes de todo o resto, enxergou na meditação um caminho para se acalmar.

Tudo parte da minha área, a comunicação, com atividades intensas. Fui buscar sossego, procurar pela paz, ter mais calma no raciocínio. E encontrei tudo isso na meditação. Pratico há seis anos. É preciso ser persistente e, assim, conseguirá brechas, frações de segundo, alguns flashes que o fará se sentir bem, se sentir melhor, mesmo num momento difícil

Márcio Lambert, designer, professor, escritor e artista plástico



“Tudo parte da minha área, a comunicação, com atividades intensas, quatro filhos, a vida ativa, que é uma selva e, naturalmente, muito agitada, com tanta memória no fazer e nas reflexões, que não param. Sem falar que vivemos um momento crítico que envolve tudo, de informações aos fatos que nos cercam, tudo muito chato e com forte pressão. Então, fui buscar sossego, procurar pela paz, ter mais calma no raciocínio. E encontrei tudo isso na meditação”, conta.
 
Márcio revela que no primeiro contato procurou orientação especializada. Fez um retiro de alguns dias no Mosteiro Zen Budista, em Ibiraçu, no Norte do Espírito Santo, onde tem o famoso buda gigante, com 35 metros de altura, a segunda maior estátua de Buda do mundo.

“Fiz o retiro para meditar e observei coisas interessantes para a prática da meditação no silêncio. Mas meditar não é uma atividade de ficar refletindo, mas de entrega, porque a cabeça nunca para, a não ser que seja um buda do Tibete. Há dificuldade de esvaziar a mente e, se não focar, não terá bom resultado.”
 
Por isso, ele assegura que é preciso ser persistente e, assim, conseguirá brechas, frações de segundo, alguns flashes que o fará se sentir bem, se sentir melhor, mesmo num momento difícil. A partir daí, ainda que viva um dia difícil, uma fase complicada, não esteja equilibrado, vai conseguir se entregar à meditação porque sabe que ela irá gerar algum benefício.
 
Hoje, Márcio conta que na sua prática diária não precisa estar num mosteiro ou ser guiado para meditar. Da mesma forma que separa um tempo para a leitura, tem de agir com a meditação. O que não significa ter de sentar em determinada posição, com roupa especial.

“Pode ser andando, deitado, com o suporte de um aplicativo, uso o Insight Timer no meu dia a dia, ou mesmo práticas guiadas só pela música e sons ou com professor conduzindo. Só recomendo prestar o máximo de atenção, tentar que a mente não divague tanto.”
 
A prática para ele é disciplina. “Na verdade, uma dualidade de dedicação e disciplina, o que faz até um contraponto com a entrega à pratica, simplesmente. Sempre faço ao acordar, antes do café da manhã, porque me ajuda ao longo do dia. Mas não tem um rigor, é o que funciona no meu caso.”

Márcio conta ainda que, além da meditação, depois de 10 anos nadando, a caminhada é um hábito “quase sagrado e diário”, também quase um exercício de meditação ao longo do caminho. Ele ainda tem a escrita criativa, que também concorda ser uma forma de meditar: “É outra ferramenta de vazão para questões da criatividade e muito prazerosa”.
 
Assim, mesmo sem deixar de ter uma vida cheia de ocupações, ele é sócio-fundador da empresa Osca Design e Comunicação, nome em homenagem a Oscar Niemeyer. A saúde só agradece: “É fato científico que a meditação influencia na química do corpo e da mente. Tenho meus exames equilibrados e, ainda que me sentindo um pouco estranho depois de superar a COVID-19 que encarei em janeiro de 2021, certamente a meditação também me ajudou a passar por essa doença que, mesmo em casos leves, assusta”.
 

AVAL DA CIÊNCIA

homem dentro de uma bolha para ilustrar a paz da meditação
Quem estiver disposto a meditar, precisa se armar de paciência, disciplina e método. E procurar por um local calmo, arejado, confortável (foto: m de ingesistel/Pixabay )

Quem estiver disposto a meditar, precisa se armar de paciência, disciplina e método. Deve-se optar por um local calmo, arejado, confortável e com roupas que não o incomodem. Pode escolher uma canção amena, um incenso suave, se quiser, não é obrigatório. É bom escolher um momento do dia em que esteja mais descansado, sem sono, e começar gradualmente – 5, 10, 15, 20 minutos, no máximo.
 
Essas são apenas algumas dicas práticas, há várias maneiras de meditar, e cada um deve buscar a que faça mais sentido para si. Então, hoje o Bem Viver  o convida a desacelerar e descobrir que os benefícios da meditação não são só para quem faz ioga, gosta de terapias alternativas, tem um estilo de vida natural, como se essas características definissem toda a profundidade do que é meditar.

Verá que a prática tem o aval de médicos de várias especialidades, assim como a confirmação de estudos científicos. Para mencionar alguns, a Universidade de Brasília (UnB) fez uma pesquisa avaliando os efeitos da meditação no cérebro de pacientes do hospital universitário que tiveram câncer de mama. A meditação ajudaria a deprimir as células tumorais.

Já o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, avaliou os efeitos da meditação intensiva no cérebro. Voluntários foram divididos em dois grupos: os que estavam habituados a meditar e os que nunca haviam meditado. Os primeiros resultados indicam que a área do cérebro responsável pela atenção fica bastante ativada nas pessoas que meditam.
 
No exterior, estudo feito por pesquisadores na Espanha, França e Estados Unidos mostrou que a meditação pode reduzir a manifestação de genes envolvidos em processos inflamatórios, como o RIPK2 e COX2.

O resultado da pesquisa, que será publicada ainda em fevereiro no jornal especializado Psychoneuroendocrinology, aponta a supressão de genes responsáveis por esses fenômenos no grupo que praticava meditação profunda.

Além da descoberta, o estudo proporciona evidências científicas de que é possível alterar a atividade genética e, assim, melhorar o estado de saúde por meio do pensamento e do comportamento.

E Judson A. Brewer, psiquiatra e neurocientista da Universidade de Yale, disse que a meditação proporciona o aumento da atividade cerebral relacionada a pensamentos positivos, que tem influência direta na maior produção de anticorpos. E a meditação também intensifica a ação da enzima telomerase (entre outras funções, exerce ainda papel de proteção celular, evitando a instabilidade genética).
 

GANHOS COMPROVADOS

 
A médica Ana Carolina Ferreira Gomes, hematologista da equipe de oncologia do Hospital da Baleia, assegura que a meditação pode ser usada como tratamento adjuvante e complementar do tratamento médico. “Ela auxilia no controle de doenças mentais, físicas, quadros de dor, insônia, obesidade entre outras. Não tem contraindicações.”

médica hematologista Ana Carolina Ferreira Gomes
Ana Carolina Ferreira Gomes, médica hematologista da equipe de oncologia do Hospital da Baleia, recomenda meditação aos seus pacientes (foto: Comunicação HB/Divulgação)
Ana Carolina Ferreira Gomes enfatiza que a meditação não tem resultado só no tratamento da saúde mental, mas benefícios comprovados em outras doenças, como dor crônica, diabetes, sintomas de menopausa, hipertensão arterial, dismenorreia, obesidade, vícios.

A médica destaca que a meditação é indicada para todos que buscam seus benefícios, que são melhora do estresse, ansiedade, melhor discernimento e equilíbrio físico, mental e emocional, controle de vícios como tabagismo e compulsão alimentar. Além de auxiliar em tratamento de doenças como o câncer, hipertensão, diabetes, transtornos de humor.
 
A hematologista explica os ganhos para a saúde mental. Ela conta que estudos eletrofisiológicos evidenciaram que regiões do cérebro são ativadas durante e após a prática de meditação. Segundo ela, os estudos demostraram mensagens associadas com o processo de nocicepção (processos de dor), além dos mecanismos fisiológicos da respiração, trazendo melhoria na oxigenação cerebral e sistêmica, podendo impactar em doenças degenerativas por meio da melhoria da perfusão tecidual.

Tudo isso gera também impacto na regulação da frequência cardíaca. Muitos estudos visaram mensurar por meio de ressonância magnética e ondas cerebrais as mudanças em locais específicos do cérebro como a ínsula, cortex somatossensorial, e inúmeras regiões relacionadas à dor, memória, sensibilidade.
 
Assim, com total segurança, Ana Carolina Ferreira Gomes destaca que indica a meditação para seus pacientes. “Sim. Ocorre uma melhora na percepção dos sintomas pelos pacientes, gerenciamento de estresse, melhora da qualidade de vida. Tudo isso faz parte do tratamento e do processo de cura de cada indivíduo. A evolução do paciente é mensurada por escalas clínicas, sendo evidenciada a melhora pelo médico e pelo paciente.”
 
 


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