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Estado de Minas Prevenção

Pandemia faz pacientes deixarem de lado o checape

Adiamento de exames de rotina pode agravar o quadro de doenças já existentes


22/08/2021 10:50 - atualizado 22/08/2021 11:05

Capa paciente precisa ter um médico que o acompanhe regularmente(foto: Hamilton Viana Viana/Pixabay)
Capa paciente precisa ter um médico que o acompanhe regularmente (foto: Hamilton Viana Viana/Pixabay)
Durante o último ano, especialmente, a saúde tem recebido novos olhares. Se a COVID-19 alertou a população para o pacto coletivo do cuidado, também despertou para a importância do acompanhamento individual. Desde o início da pandemia, a diminuição da frequência com que as pessoas com diferentes doenças estão procurando os médicos chama a atenção para um cenário importante a ser considerado.

Entre os pacientes que precisam fazer exames periódicos para o enfrentamento de tantos outros problemas (afinal, o coronavírus não é o único mal que existe e não exclui as outras enfermidades), muitos adiaram a rotina de tratamento com medo da infecção pelo vírus. Checapes vêm sendo cancelados, e isso é um grande perigo.

Com a pandemia logo no início, chegaram às instituições médicas pessoas com quadros mais graves de doenças já conhecidas, como infartos graves; casos de apendicite alarmantes; casos de infecções urinárias em condições mais agravadas, AVC, complicações do diabetes.

Quando se considera a saúde cardiovascular, a mensagem também é urgente. Durante a pandemia, as mortes por doenças cardiovasculares cresceram até 132% no Brasil. É o que aponta pesquisa desenvolvida pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), acompanhada de universidades federais, entre elas a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

(foto: Gláucia Rodrigues/Divulgação )
(foto: Gláucia Rodrigues/Divulgação )
 

O médico de referência é sempre fundamental, para definir prioridades para o controle de doenças já existentes e a prevenção de agravos de saúde que possam ocorrer

Erickson Gontijo, clínico geral



O estudo comparou o intervalo entre março e maio de 2019 e o mesmo período em 2020. As seis capitais do Brasil mais afetadas pela COVID-19, essencialmente no início da proliferação do coronavírus, tiveram aumento no número de mortes por doenças cardiovasculares não especificadas, infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs).

As doenças do sistema cardiovascular já estavam entre as principais causas de mortes em todo o mundo. Em 2019, a hipertensão foi a enfermidade que causou o maior número de óbitos, com cerca de 10,8 milhões de vítimas.

E o levantamento aferiu mesmo que a questão está associada à baixa frequência do acompanhamento de doenças durante a pandemia. Para a cardiologista e coordenadora do Serviço de Ecocardiografia do Grupo Pardini, Adriana Thomaz, o diagnóstico e o acompanhamento das doenças coronarianas são determinantes para evitar complicações.

"A prevenção é a melhor forma de tratamento. Muitos brasileiros são hipertensos e não sabem. Se não vamos ao médico para fazer esse acompanhamento, infelizmente, a primeira manifestação da doença pode ser um infarto fulminante ou um AVC hemorrágico. Por isso, é tão importante que toda a população, especialmente a terceira idade e os pacientes crônicos, realizem esse acompanhamento", defende.

Aos pacientes que já receberam o diagnóstico, o controle ajuda a evitar o desenvolvimento de fatores de risco. "A insuficiência cardíaca grave apresenta potencial alto de redução da expectativa de vida. Tanto nesses casos quanto em casos de insuficiência cardíaca leve, o monitoramento é indispensável. Pacientes hipertensos, por exemplo, podem controlar e conviver bem com esse quadro durante a vida inteira."

Ainda de acordo com Adriana, a frequência do período de acompanhamento depende do histórico de cada paciente. "Existem várias diretrizes para cada tipo de doença. O protocolo, por exemplo, para os pacientes que tiveram infarto é que o acompanhamento seja mais próximo e regular. O que temos visto é que o atendimento precisa ser cada vez mais individualizado, monitorando, inclusive o histórico familiar", explica.
 

 
Pra Entender sobre isso


 
 

VÍNCULOS

 
O clínico geral Erickson Gontijo reforça a importância de existir um vínculo em saúde, para um acompanhamento individualizado e humanizado - seja via convênios ou postos de saúde -, ter "um médico para chamar de seu", em suas palavras. "O médico de referência é sempre fundamental, para definir prioridades para o controle de doenças já existentes e a prevenção de agravos de saúde que possam ocorrer", diz.

E não há receita de bolo - qualquer decisão, continua o médico, varia conforme cada caso, cada paciente, e deve ser tomada em conjunto. "Ter uma lista de exames e orientações pré-prontos não funciona", pontua.

Entre as doenças crônicas que precisam ser acompanhadas de perto, estão hipertensão, diabetes, doenças oncológicas e tireoide, obesidade, reumatismo. E Erickson realmente observa a debandada dos pacientes dos consultórios por causa da pandemia.

"Não é indicado postergar e abandonar os controles médicos. Mesmo porque, os serviços de saúde já se organizaram novamente para receber esses pacientes em controle, estão prontos para essa retomada", afirma. A ida ao médico, segundo Erickson, deve acontecer pelo menos uma vez ao ano, e isso é uma orientação para a população em geral. Variações nesse sentido vão conforme a necessidade de saúde para cada um.

EXERCÍCIO CONSTANTE 

Carlos Rodrigues de Alencar, coordenador de saúde do Hermes Pardini, alerta sobre a procura baixa por consultas e exames como mamografia, dosagem de colesterol e glicemia (foto: Beto Stanio/Divulgação)
Carlos Rodrigues de Alencar, coordenador de saúde do Hermes Pardini, alerta sobre a procura baixa por consultas e exames como mamografia, dosagem de colesterol e glicemia (foto: Beto Stanio/Divulgação)

Coordenador de saúde do Hermes Pardini, o médico Carlos Rodrigues de Alencar lembra que, nos primeiros meses da pandemia, os serviços de saúde cancelaram todos os procedimentos eletivos, como cirurgias adiáveis e exames de prevenção, com o intuito de manter os leitos hospitalares disponíveis para atender à pandemia.

"O cuidado com a saúde deve ser um exercício constante, e não um evento isolado. Isso é verdade para todas as pessoas, mas especialmente para aquelas com fatores de risco ou doenças crônicas", ensina. E, entre as pessoas saudáveis, seguir a rotina de acompanhamento significa descobrir qualquer doença que apareça, antes que ocorram danos maiores ao organismo.

Carlos Rodrigues alerta sobre a procura baixa por consultas e exames como mamografia, dosagem de colesterol, glicemia, entre outros, o que revela uma parcela da população que adiou os acompanhamentos necessários. "A boa notícia é que, nos últimos três meses, a situação vem dando sinais de volta ao normal. As pessoas estão retornando para os checapes."




 

 


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